segunda-feira, 5 de março de 2012

Os fundos que nos levaram ao fundo


Os fundos comunitários são a menina dos olhos de muito boa gente. E de outra assim não tão boa, também. Se é verdade que foi com os fluxos monetários oriundos da Europa que o país se desenvolveu – se entendermos o desenvolvimento como construir coisas, independentemente da sua utilidade – não é menos verdade que a sua mais do que tresloucada aplicação contribuiu decisivamente para a tragédia em que agora vivemos. Fazer obra, que quase sempre se revela incapaz de gerar qualquer espécie de retorno, sem ter dinheiro para assegurar a contrapartida nacional não constitui, contrariamente ao que muitos pensam, um acto de boa gestão ou algo de que alguém se deva orgulhar. Pelo contrário.
Deve ser por estas e por outras que, nos últimos tempos, a gestão dos dinheiros do QREN tem estado na ordem do dia. Pelos vistos, pretenderá o governo que seja o ministro das finanças a controlar a sua distribuição. A ideia, ao que consta, será evitar que entidades altamente endividadas e sem hipótese de avançar com a parte que lhes cabe no pagamento do projecto, venham a beneficiar destes fundos. O que, diga-se, parece do mais elementar senso comum. Este princípio, a ter sido aplicado desde o inicio, teria contribuído para que o descalabro das contas nacionais não tivesse chegado a este ponto e se calhar – mas isto sou eu a divagar – não houvesse necessidade de andar por aí a roubar dois meses de ordenado.
Será, portanto, uma questão de rigor. Embora aplicada tarde e a más horas. Isto se o lobbies deixarem. Porque isso do rigor é uma coisa que aos portugueses não assiste.

2 comentários:

  1. Em vez de arranjarem a Praça de Touros, façam duas novas. É "quase de borla". É dinheiro da UE...

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