Um
homem muda de mulher, de partido, de opinião, de religião e,
alguns, até de sexo. No entanto, por uma qualquer deficiência de
fabrico que a ciência se revela incapaz de explicar, não consegue
mudar de clube. Algures durante o processo de crescimento torna-se
adepto de uma agremiação desportiva e, queira ou não, nunca mais
se livra dessa paixão. O que é pena.
Por
mim, benfiquista desde sempre, nomeadamente do tempo em que não era
dado a estrangeiros o privilégio de vestir a camisola do glorioso, é
particularmente doloroso ver aquilo em que se está a tornar o maior
clube português. Despedem-se os jogadores que ainda constituíam as
poucas e vagas referências e mandam-se vir charters de
pseudo-craques do outro lado do Atlântico. Quase sempre de qualidade
inversamente proporcional ao dinheiro que custam.
Nem
sei – e para dizer a verdade prefiro nem saber – se, entre as
largas de artistas do pontapé na bola, haverá por lá meia dúzia
que tenha nascido cá pelo rectângulo. Provavelmente esta obsessão
do treinador por gente de fora e a pressa que manifesta em despachar
os poucos portugueses, terá a ver, mais do que com opções
técnico-tácticas, com a pouca vontade de ter no balneário
jogadores que não conseguem evitar um sorriso trocista quando o
ouvem falar. Consta que o homem prefere os estrangeiros porque, pelo
menos ao principio, não se apercebem das suas constantes calinadas.
O
meu benfiquismo passou incólume por catorze anos sem títulos.
Suportei estoicamente goleadas de cinco ou sete golos e outras
humilhações igualmente penosas. Receio, contudo, que fique abalado
por esta pré-época. E um sinal preocupante que isto pode estar a
acontecer é quando dou por mim a fazer zapping logo que, nos
telejornais, surgem noticias do Glorioso. Exactamente o mesmo que
faço quando os noticiários se referem a Andrades e Lagartos. Terei de certeza,
lamento pensá-lo e ainda mais escrevê-lo, alguma dificuldade em vibrar com uma equipa que
se apresentará no relvado sem jogadores portugueses. Coisa que não
se vê nem na Roménia ou em Chipre.
é por isso que não gosto de futebol, porque deitam fora a prata da casa e clubes portugueses? só o nome. Para não falar dos meandros da bola de milhões...
ResponderEliminarEstamos a ir de mal a pior!
ResponderEliminarEstamos absolutamente descaracterizados.