quinta-feira, 21 de julho de 2011

Pagar uma vez é mau. Justo, mas mesmo justo, seria pagar duas. Ou três, vá.


Acho piada à tese, maioritariamente aceite como boa, que defende a incidência do imposto natalício, para além de outros ganhos, também sobre os juros de depósitos a prazo. Para a esquerda de uma maneira geral e para grande parte dos opinadores com direito a voz nas televisões, essa abrangência seria da mais inteira justiça, ao contrário de, como pretende o governo, taxar apenas os rendimentos do trabalho.
Considero, como escrevi noutras ocasiões, que este imposto produzirá efeitos nefastos na economia. Não vejo por isso que abranger outros rendimentos lhe acrescente qualquer tipo de justiça. Deixemos-nos de fingimentos e hipocrisias. Provavelmente muitos dos que vão ser abrangidos pelo corte no subsídio de Natal possuem acções e, seguramente, a larga maioria são titulares de depósitos bancários. Taxar estes rendimentos seria penalizar quem já vê parte significativa do seu trabalho ir direitinha para os cofres do Estado e cobrar, ainda mais, aos mesmos.
Nem vale a pena espernear muito em busca de argumentos contrários ao que acabo de escrever. Nem, sequer, armar em anjinho de pau carunchoso e acreditar que é apenas uma minoria que detém produtos financeiros. De acordo com os dados do boletim estatístico do Banco de Portugal, hoje divulgados, o total de depósitos aplicados por particulares atingiu os 122.249 milhões de euros em Maio, mais 1,386 mil milhões de euros face a Abril. Por detrás destes números estão, forçosamente, pessoas. Que trabalharam, pouparam e investiram. Entre os quais se encontram muitos reformados, que têm nos juros obtidos um complemento para as suas reformas. Mas, apesar disso, há quem considere uma injustiça não lhes sacar umas massas. Opiniões.
Reitero a minha convicção que, feito o apuramento final, o resultado do impacto deste imposto na economia e, por consequência, nas contas do Estado a médio e longo prazo será trágico, e tudo o que seja alargar a tributação servirá apenas para aumentar a dimensão dessa tragédia. Mas isso não é preocupante. Os dos costume continuarão a pagar os desvarios dos inimputáveis do regime.

3 comentários:

  1. Isso é que seria bonito... recebi esta semana os "dividendos" de um depósito a prazo de 3 meses: 750 euros renderam a fortuna de 3.38€! Se o Estado quiser ficar eles, força!! Se com esses 3.38€ conseguirem pagar o buraco que criaram, é porque são génios!
    Vejam lá se se lembraram de sugerir a cobrança de impostos sobre os dividendos que a banca saca com os juros exorbitantes que cobra nos empréstimos que faz, com o dinheiro de quem investe em depósitos a prazo??!!

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  2. Não posso concordar contigo desta vez!
    Um abraço.

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  3. Por diversas razões não posso estar de acordo que não importa numerar.

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