Da
leitura de blogues de uma localidade não muito distante concluo que a autarquia
lá do sítio terá uma divida colossal à banca, a fornecedores e aos chamados
agentes culturais e desportivos do concelho. Nada que, relativamente à divida
financeira, inquiete alguém. Tão pouco o atraso na regularização dos pagamentos
às empresas que venderam bens e prestaram serviços à autarquia é merecedor de
grandes preocupações. O mesmo não se pode dizer da falta de cumprimento dos
compromissos assumidos pela edilidade para com os tais “agentes”. Isso aí é que
“alto lá e pára o baile”, que não pode ser.
Obviamente
que as dividas, seja qual for a sua natureza, são para pagar. O que não se
percebe é que o movimento associativo lá da terra exija um tratamento de
excepção e que se arrogue no direito de receber o que lhe é devido, de forma
prioritária relativamente aos restantes credores. Fizeram, com certeza, a
planificação das suas actividades na perspectiva de receberem atempadamente os
valores em causa e o incumprimento autárquico estará certamente a causar transtornos.
Mas, e isto não se afigura difícil de perceber, o mesmo sucederá com as
empresas que aguardam a regularização de dezassete milhões de euros há mais de
trezentos e sessenta dias.
Perante
este cenário, nem sei como classificar argumentos do tipo “o chavão da falta de
dinheiro já não convence”, usado para criticar o atraso no pagamento das
quantias acordadas com as associações. Há quem tenha dificuldade em perceber,
especialmente na área cultural onde por norma as pessoas são mais avessas a
números, que o dinheiro, tal como tudo, também pode acabar. Ou, no mínimo, que
se trata de um bem escasso para ser usado com ponderação. O que, dadas as
evidências, não terá acontecido no caso em apreço. E é a ausência de crítica
das gentes da cultura à gestão desastrosa que os conduziu até este estado de
coisas, que me deixa verdadeiramente perplexo. Pior. Se reclamam é apenas
porque a tal Câmara promoverá, na opinião deles, poucas actividades culturais. Ou
seja, a divida até podia atingir valores ainda mais astronómicos que, desde que
eles recebessem, estaria tudo bem. Com uma cultura destas não admira que o país
esteja neste estado!
O que eu entendo que se quer dizer com "a falta de dinheiro não é argumento"... é que não tendo sido todos a contribuírem para este estado de coisas... não devem ser chamados universalmente a pagar a crise que não foi por eles criada!
ResponderEliminarE o certo é que os que contribuíram mais para este estado de coisas, nada lhes é pedido!
O pagamento de bens e serviços é uma obrigação legal dos devedores (neste caso autarquias). Já a liquidação de subsídios não é uma obrigação, é uma decisão política arbitrária e facultativa. 90% dos clubes e associações deste país não passam, actualmente, de autênticas estruturas municipalizadas pois vivem exclusivamente dos subsídios (as quotas são uma treta que se mantém para justificar faculdades ou impedimentos aos associados e para trocos de secretaria). É uma vergonha a chulice que se verifica de Norte a Sul do país, com milhentas associações agarradas à teta subsidiária e ainda exigindo apoios logísticos, jantares, lembranças, etc. E o imenso circo em que as autarquias se tornaram apoia, de braços abertos, muito honrosos e felizes por mais uma vez darem o seu contributo para o desenvolvimento desportivo, cultural e recreativo da Moita Quadrada de Cima e dos seus 42 habitantes que reuniram 700 participantes no último evento realizado. Em vez de associações deviam chamar-se Chulações.
ResponderEliminarE a administração central ainda é pior. Ao perdoar dívidas dos grandes clubes de Futebol à Segurança Social, o Estado financiou esses clubes com dinheiro do erário público, ou seja, a partir de então passei/passámos todos (os contribuintes) a ser sócios à força do Benfica, do Sporting, do Porto e demais clubes que usufruiram e usufruem do dinheiro dos contribuintes. Porreiro, pá. A mafiocracia portuguesa está boa e recomenda-se.
Pois é...subscrevo o que dizes!
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