sábado, 2 de julho de 2011

Assalto ao pote

Mudar de vida nem sempre é fácil. Principalmente quando essa mudança é para pior. A isso chama-se por cá passar de cavalo para burro e, naturalmente, constitui uma alteração pela qual ninguém gosta de passar. Infelizmente vivemos um dos momentos mais difíceis das ultimas décadas e, queiramos ou não, estamos a ser obrigados a mudar radicalmente os nossos hábitos. Por mais que não concordemos. O pior que podemos fazer é assobiar para o lado, continuar a proceder como até aqui e manter o estado de negação da realidade a que temos vindo a assistir nos últimos meses.
Poucos são, pelo menos a julgar por noticias que se vão lendo ou ouvindo, os que parecem ter consciência desta realidade. Veja-se o caso de um grupo de cristãos, de uma localidade do interior do país, que não esteve com mais aquelas e vá de pedir um subsidio, no valor de trezentos euros, à autarquia lá do sitio, para a realização de um passeio cultural e de recreio dos mais directos colaboradores da comunidade cristã ao monumento do Cristo Rei, em Almada. Subsidio que, naturalmente, foi concedido.
Não está em causa o valor, quase insignificante, do apoio concedido. O que me espanta é a distinta lata de um grupo de pessoas que resolve ir passear e pedir para isso financiamento público. Não está igualmente em questão a legitimidade da atribuição do referido subsidio. O exemplo que é transmitido, por quem pede e por quem dá, é que me parece absolutamente deplorável. Se, em lugar de trezentos euros, fossem trinta mil que se destinassem a apoiar em termos de saúde, alimentação ou para suprir outras carências de quem realmente necessita, seria uma iniciativa louvável que revelaria a preocupação de todos os envolvidos com as necessidades dos seus semelhantes. Assim dá quase a impressão de que, uns e outros, parecem ter manifesta dificuldade em perceber que o dinheiro público não pode servir para satisfazer prazeres pessoais. Por mais pequenos que sejam.

3 comentários:

  1. Pois... há muitas formas de se ir ao "pote"!!!
    Mas esta foi para "salvar a alma"... visitando o Sinhôre!!!

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  2. Subscrevo o que dizes e seguindo o pensamento do mfc...aqui vão fazer mais uma igreja e já andam nos peditórios e quanto é que a Junta ou Câmara irá dar? Mais uma igreja quando há pessoal a viver bem mal?

    Pois é assim que o pote do Vaticano teve neste trimestre 9,8 milhões de lucro!

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  3. Sempre o mesmo. A religiao ou a fé, sei lá, têm um preço. E se o homezito negasse o subsidio? Vá de retro!!!!
    Claro que de uma forma ironica lhe dou toda a razao. Infelizmente continuamos a cultivar a politica do subsidio e da subserviencia, com dinheiros alheios. A tacanhez de quem propôs e de quem acolheu a proposta é por demais evidente e deveria ter consequencias.

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