segunda-feira, 4 de março de 2013

Indignação com os indignados


Há quem se escandalize por uns quantos reformados manifestarem a sua indignação pelo roubo de que estão a ser vitimas e, para manifestarem o seu aborrecimento, terem criado um movimento a que deram o sugestivo nome de reformados indignados. O escândalo, em vez da esperada solidariedade, deriva somente do facto de alguns destes reformados auferirem uma pensão para lá de generosa. Que, segundo os próprios, é praticamente toda recolhida de volta pelo Estado. Seja sob a forma de cortes ou impostos.
Por mim estou solidário com estes reformados. Faço, até, minha a indignação deles. Verdade que o valor da pensão que lhes tem sido paga é mais que obsceno. Igualmente verdadeiro que, por mais cortes que sofram ou impostos que paguem, nenhum destes aposentados vai morrer de fome, de falta de assistência médica ou de qualquer outra coisa relacionada com falta de dinheiro. O que me indigna é que estas pensões não sejam cortadas por serem imorais, mas apenas porque, circunstancialmente, o Estado não tem dinheiro para as pagar. O mesmo Estado – em todos os seus níveis de poder - a quem parece não faltar o guito para esturrar em despesas absolutamente parvas, inúteis e que deviam cobrir de vergonha aqueles que as fazem. E, também, todos os que as aplaudem.

3 comentários:

  1. Falei disso ali em baixo e como tal...subscrevo inteiramente o que dizes!!!

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  2. Estou habituado a concordar consigo em muitos e variados temas. Hoje, porém, estamos nos antípodas na forma como cada um de nós olha para esta realidade.
    A mim o que me revolta não é o facto das reformas serem milionárias. A mim revolta-me que tais reformas não reflictam o valor efectivo do percurso contributivo de cada um dos beneficiários mas sim, tão somente, a média dos melhores 10 dos últimos 15 anos de contribuições. Assim, se o modelo fosse justo, era preciso que para alguém poder auferir 40 mil euros de reforma mensal que tivesse contribuído com valores de tal ordem de grandeza durante mais de 400 meses pelo menos. Portanto, tais reformas devem ser, são-no quase seguramente, um embuste de poderosos que se estão a locupletar com recursos que são de todos nós.
    Ah, mais uma nota final: a segurança social é hoje, para o bem e para o mal, uma instituição estatal. Convém todavia recordar que aquilo a que hoje se chama segurança social teve origem no sector privado, através de associações de socorro mútuo, de montepios, caixas económicas, tudo isto ideias que foram beber a Saint Simon (o tal homem do socialismo - mais tarde considerado - utópico). Em Portugal os primeiros passos foram dados ainda na monarquia constitucional através das misericórdias e só em 1919 a 1.ª República instituiu o 1.º primeiro seguro social de cariz obrigatório.
    Enfim, se a segurança social nunca tivesse deixado de ser privada, muito provavelmente seriam menos aqueles lambões que se lambuçam à custa dos outros

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  3. Ou seja, resumindo a coisa é mais ou menos assim:
    Tinham 3 aviões e agora com os cortes passam a ter 2 aviões e um helicóptero.

    Deve ser isto...

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