Nos últimos dias
têm-se sucedido as noticias de Câmaras Municipais e Juntas de
Freguesia que, de forma gratuita, disponibilizam os seus serviços
para preenchimento da declaração de IRS aos eleitores
residentes na sua área de circunscrição. Das duas uma: Ou não
sabem o que hão-de dar a fazer ao pessoal que têm ao serviço ou,
razão tão plausível como a primeira, ainda não ouviram falar de
crise, desemprego, falta de oportunidades ou concorrência desleal.
Embora uma terceira hipótese não seja igualmente de descartar:
Agradar ao eleitorado mais velhote para ir garantindo a reeleição.
Discordo em absoluto
que as autarquias prestem este e outro tipo de serviço. Ainda sou do
tempo em que era exigido, para tudo e para nada, o execrável “papel
selado”. Nessa altura, com uma taxa de analfabetismo muito superior
à actual, os funcionários estavam terminantemente proibidos de
fazer qualquer requerimento aos contribuintes. Ainda que estes não
soubessem ler nem escrever. Para isso existiam por perto de
repartições de finanças, tribunais ou câmaras municipais, pessoas
que ganhavam a vida a tratar destas burocracias.
Era aquilo a que hoje
se chama iniciativa. Empreendedorismo, vá. Em escala
nano-mini-micro, admito. Que, dizem, é necessário estimular.
Conversa fiada, como se vê. Se algum jovem quiser, por estes dias
“montar barraca” a preencher declarações de IRS a quem não
sabe ou não tem paciência para papeladas estará condenado ao
insucesso. Verdade que não ganharia muito mas, para quem não tem
emprego e lhe sobra o tempo, uma centenas de euros dariam algum
jeito. Mas isso é coisa que um caçador de votos não entende.
Compreendo e subscrevo o que dizes mas também vejo o outro lado da moeda: é que este ano só fica isentado da apresentação do IRS quem auferiu quatro mil e tal euros ano. A nossa câmara é a três/4 kms e como é que pessoas bastante velhas e muitas já com mobilidade quase zero irão pedir ajuda? Daí as Finanças daqui (igualmente longe) ou a Câmara terem posto funcionários(não sei de onde são) só para ajudarem a preencher e depois entregarem. Não é isto que servem as Juntas de Freguesia? Eu acho que sim!
ResponderEliminarComo dizia a minha avó "é por isto que o mundo não cai". Cada um - e ainda bem - pensa de maneira diferente.
ResponderEliminarPor mim não concordo. Acho que o Estado, neste caso câmaras e juntas de freguesia, não se deve meter na vida das pessoas. Começa com a papelada dos impostos e, mais dia menos dia, temos o Estado a tratar dos papeis do casamento e do divórcio aos que não sabem ou não querem ter chatices com burocracias.
Por acaso, também concordo com este tipo de prestação de serviços. São encarados por mim como serviços de proximidade, numa altura em que as pessoas estão depauperadas nos seus ganhos, quer para se deslocarem aos centros decisórios, quer para pagarem (mesmo que "em escala nano-mini-micro") a quem lhes preste esse serviço. Por outro lado, os municípios estão para servir os seus munícipes e as juntas de freguesia os seus fregueses.
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