sexta-feira, 15 de março de 2013

Cumprir a austeridade gastando mais








Hoje, confirmadas as noticias que já se adivinhavam, o país está ainda mais indignado do que habitualmente. Compreende-se porquê. O que já não se entende muito bem é – reitero o que ando a escrever desde tempos imemoriais – a selectividade da indignação que por aí vou vendo espalhada.
O país está abespinhado. Não gosta da austeridade. Daí que faça tudo o que pode para contrariar as medidas austeras que o governo vai decretando. E se a coisa não revela particular importância se for um qualquer cidadão a tentar, por si, furar o esquema, o mesmo não se pode dizer quando se trata de grupos organizados. Ou, pior ainda, detentores de cargos políticos.
No âmbito do memorando da troika o número de funcionários públicos teria de ser reduzido em, pelo menos, dois por cento ao ano. Não consta que haja, por parte dos diversos organismos obrigados a aplicar esta redução, grandes violações à regra. Mas desenganem-se os que pensam que do religioso cumprimento desta norma resultou uma significativa poupança para os cofres públicos. Pelo contrário. A despesa será agora bastante maior. È que, de imediato, as mentes brilhantes que nos representam lembraram-se de uma forma simples, expedita e bastante cara de dar a volta à lei, aos cortes e à impossibilidade de arranjar emprego ao séquito. Como? Recorrendo ao maravilhoso e transparente mundo das aquisições de serviços. Seja de trabalho temporário ou de consultadoria. E serve para tudo. Desde a limpeza de edifícios até à observação do atum rabilho.

2 comentários:

  1. Lamentavelmente, tenho de concordar consigo. Os ministérios e câmaras têm funcionários que cheguem para todos estes serviços, alguns até ganham sarna de pouco ou nada fazerem. Com uma boa gestão de recursos humanos, nenhum destes concursos se justificava, mas os dinheiros do PAEL já estão a fazer comichões a esta gente!!! Quanto aos ministérios, têm especialistas de topo que são ciclicamente preteridos em função dos boys de cada governo eleito e que, no fundo, acabam por exercer as funções dos secretários, subs e vices, enquanto estes se pavoneiam. Esses subaproveitamentos de recursos tb pesam que chegue no orçamento que tds pagamos. Há muitas e boas razões para nos indignarmos.....

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  2. Subscrevo inteiramente e cortam nos funcionários públicos, depois fazem o que dizes e já foram mais dois nomeados para o Ministério de Cristas a troco de quê? Não havia nos funcionários "pendurados" gente capaz para tal cargo.

    Os políticos andam é a gozar o povo, quer cá quer na UE!!!!!

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