Protestos como os que
ontem tiveram como alvo o ministro da economia não constituem motivo para
grandes espantos. Pelo contrário. O que surpreende é, face à tragédia que
muitos ainda insistem em não querer enxergar, a pouca frequência com que vão
acontecendo.
Embora de lamentar
eventuais tentativas de agressão – que alegadamente possam ter existido –
compreendem-se as razões dos protestos e da exaltação de alguns ânimos. O desespero
não é, por norma, bom conselheiro e é perfeitamente natural que à medida que
formos empobrecendo mais desesperados façam coisas que em situações normais não
fariam.
O que nunca me pareceu
normal é que estes indignados – provavelmente alguns deles profissionais da
indignação, não sejamos ingénuos – apareçam apenas depois das asneiras que estamos
a pagar já estarem feitas. Não teria sido má ideia terem insultado, na ocasião,
quem andou de terra em terra a anunciar as obras faraónicas que agora nos estão
a custar os olhos da cara. Assim de repente, mas admito que até possa ser da
minha memória, não me lembro de nenhuma manifestação contra a construção dos
estádios de futebol, de auto estradas onde ninguém passa, de infra-estruturas
que não servem para nada e que apenas foram construídas para “aproveitar” – que
expressão fantástica! – fundos comunitários ou contra as exorbitâncias pagas
aos cantantes Carreiras desta vida. Desconfio
– ando há dez anos a escrever isto – que os nossos problemas começaram aí. Ou,
pelo menos, agudizaram-se desde então.
Infelizmente o povo português tem má memória.
ResponderEliminarSe calhar bastava a este governo prometer 150.000 empregos, um plano para o crescimento, mais umas quantas obras para inglês ver (como se pagam não interessa) et voilá: era o fim da crise.