sábado, 30 de junho de 2012

Tiro ao Álvaro


Protestos como os que ontem tiveram como alvo o ministro da economia não constituem motivo para grandes espantos. Pelo contrário. O que surpreende é, face à tragédia que muitos ainda insistem em não querer enxergar, a pouca frequência com que vão acontecendo.
Embora de lamentar eventuais tentativas de agressão – que alegadamente possam ter existido – compreendem-se as razões dos protestos e da exaltação de alguns ânimos. O desespero não é, por norma, bom conselheiro e é perfeitamente natural que à medida que formos empobrecendo mais desesperados façam coisas que em situações normais não fariam.
O que nunca me pareceu normal é que estes indignados – provavelmente alguns deles profissionais da indignação, não sejamos ingénuos – apareçam apenas depois das asneiras que estamos a pagar já estarem feitas. Não teria sido má ideia terem insultado, na ocasião, quem andou de terra em terra a anunciar as obras faraónicas que agora nos estão a custar os olhos da cara. Assim de repente, mas admito que até possa ser da minha memória, não me lembro de nenhuma manifestação contra a construção dos estádios de futebol, de auto estradas onde ninguém passa, de infra-estruturas que não servem para nada e que apenas foram construídas para “aproveitar” – que expressão fantástica! – fundos comunitários ou contra as exorbitâncias pagas aos cantantes Carreiras desta vida. Desconfio – ando há dez anos a escrever isto – que os nossos problemas começaram aí. Ou, pelo menos, agudizaram-se desde então.

1 comentário:

  1. Infelizmente o povo português tem má memória.
    Se calhar bastava a este governo prometer 150.000 empregos, um plano para o crescimento, mais umas quantas obras para inglês ver (como se pagam não interessa) et voilá: era o fim da crise.

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