Desta vez é que vai ser.
Após a centésima octogésima nona alteração ao código do trabalho temos,
finalmente, uma legislação laboral toda modernaça que vai permitir às empresas desatar
a criar postos de trabalho como se não houvesse amanhã. Embora, se bem me
recordo, para justificar as anteriores cento e oitenta e oito alterações
ocorridas nos últimos vinte anos tenham garantido exactamente a mesma coisa e
os resultados sejam os que se conhecem.
Agora, asseguram, é
diferente. O emprego vai passar a aparecer em cada esquina. Os desempregados,
por isso, que se ponham a pau. Daqui para a frente o melhor é nem saírem à rua.
Caso arrisquem, o mais certo é serem de imediato contratados por um qualquer
generoso e empreendedor patrão ansioso por arregimentar colaboradores.
Apesar de vir a ser
sucessivamente aprimorada, a legislação laboral está ainda muito longe da
perfeição. Todos concordaremos facilmente que trabalhar mais sete dias por ano,
completamente de borla, constitui um passo significativo e necessário. Mas,
igualmente não discordaremos, é pouco. Reduzir salários, apenas os parvos não
perceberão, trata-se de um imperativo nacional. Pequeno, ainda assim. Há, de
uma vez por todas, que alterar radicalmente as mentalidades tacanhas que querem
a todo o custo travar o avanço inexorável do progresso. Sejamos ambiciosos.
Faça-se a derradeira reforma da legislação laboral. A que ponha fim a essa
aberração de obrigar um dinâmico empreendedor a pagar ordenados e que termine
com o inadmissível direito a férias, descanso ao fim de semana ou que limita o
horário de trabalho a oito horas diárias. Enquanto estes problemas estruturais
não se resolverem jamais conseguiremos ser competitivos ou criar emprego
sustentado. Daquele, como antigamente, para a vida inteira. Nem criar riqueza
suficiente para os dinâmicos e empreendedores patrões tugas.
De pacote em pacote até à sodomização autêntica. Foi promulgada pelo senhor Silva que não encontrou inconstitucionalidades, foi elaborada pelo senhor Passos, foi viabilizada pelo senhor Seguro, foi assinada pelo senhor Proença, foi tolerada pelos clientes do Pingo Doce!... temos de a comer! Quanto menos direitos tiverem os trabalhadores, melhor vai a economia!
ResponderEliminarUm abraço laboral
Subscrevo inteiramente e isto vai de mal a pior!!!!
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