Como era de prever, as
palavras de Rui Rio, sugerindo que nos Municípios endividados não se
realizassem eleições, porque quem ganhar nada mais pode fazer senão pagar
dividas, suscitaram as reacções mais indignadas desde que o outro badameco
arrotou em defesa da redução de ordenados. Obviamente que essa não é, nem nunca
poderá ser enquanto houver democracia, a solução a adoptar. Mas, acho eu,
pode-se andar lá perto.
Em primeiro lugar, faça-se
justiça, o homem sabe do que fala. Por todos os motivos. Colocou em dia as
contas do município a que preside, moralizou uma série de aspectos da
actividade municipal e colocou em sentido uns quantos figurões mal habituados e
a quem poucos ousaram antes – e ainda menos depois – dizer não.
Naturalmente que a
democracia deve correr o seu curso e, em devido tempo, o povo ter oportunidade
de julgar quem governou. Tem, no entanto, Rui Rio toda a razão quando afirma
que quem ganhar eleições nada pode fazer para além de pagar dívidas. Mas isso
nem é ele que diz. É a própria lei. Aprovada, publicada e em vigor. Claro que
esta lei, como qualquer outra, pode ser sempre desrespeitada. Embora nem me
passe pela cabeça que possam existir políticos dispostos a infringir as leis da
Republica e a arcar com as consequências criminais e financeiras daí
decorrentes. Tal como me é difícil acreditar que os eleitores estejam dispostos
a eleger quem tiver como objectivo, no seu programa eleitoral, violar as leis do
país. Apesar de más, como é o caso.
O que já me parece
perfeitamente razoável – e lógico, acima de tudo – é que, no actual cenário,
não seja possível aos futuros autarcas constituir aquilo a que chamam gabinete
de apoio ou, sequer, nomear vereadores a tempo inteiro. Se aquilo que há para
fazer é apenas gestão corrente, estão impossibilitados de realizar seja o que
for e a prioridade única é pagar divida, então, para isso – ou seja, não fazer
nada – não precisam de ajuda. A menos, reitero, que não queiram cumprir as leis
pelas quais nos regemos. Mas desses o povo não gosta, pois não?
Subscrevo inteiramente e claro que só "não gosta" quem pactua e recebe benefícios desse incumprimento...o que graça por quase tudo que é público!
ResponderEliminarPor cá, uns que se mantiveram no poleiro vinte e tal anos, deixaram aos que os substituiram nas últimas eleições calotes vergonhosos. Mas houve a possibilidade de escolher quem está praticamente a fazer uma gestão corrente, é verdade, mas escolhidos por quem neles votou. O que me repugna no meio de tudo isto é que as "comissões de gestão" serão nomeadas, o que quer dizer que, independentemente da cor de cada município, se não tiverem resultados positivos, passarão a ser laranjas, mesmo que à partida sejam comissões laranjas inaptas, para lá caberem todos os boys que eles bem entenderem. Depois de isto acontecer, de retirarem ao povo o direito de voto, qual o passo que falta dar para voltarmos ao antigamente???...Rui Rio pode ter competência na gestão que faz na sua autarquia, mas conheço autarcas por aqui perto que também o são e nunca se atreveriam a propôr semelhante mecanismo. O busílis é que a justiça não penaliza quem não cumpre, muito menos se forem todos da mesma cor, mais facilmente se taparão todos com o mesmo jaez!!!...
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