domingo, 24 de junho de 2012

Os javardos que paguem a crise


Tem-se falado, com alguma insistência nos últimos dias, da eventual necessidade de novas medidas de austeridade face à má execução orçamental do ano em curso. Nomeadamente e como seria de esperar pela significativa quebra nas receitas fiscais. Do que se tem falado muito pouco é daquelas que terão mesmo de ser aplicadas por causa das dívidas das autarquias. Vá lá saber-se porquê essas parecem não afligir os comentadores, os políticos, nem – pasme-se – a população que as vai pagar. E bem pagas, acrescente-se.
O Plano de Apoio à Economia Local, recentemente objecto de acordo entre o governo e ANMP, prevê, entre outras coisas, um aumento significativo das receitas municipais das autarquias que recorram ao financiamento estatal para satisfazer os seus encargos para com os credores. E, embora a adesão seja voluntária, perante os mais patéticos constrangimentos legislativos que foram criados, praticamente todas terão de o fazer sob pena de, não recorrendo ao PAEL, verem toda a sua actividade bloqueada ou os seus responsáveis incorrerem em responsabilidade criminal.
Neste contexto não será de admirar que os preços dos bens e serviços das autarquias sofram actualizações capazes de nos pôr – àqueles que os têm – os cabelos em pé. A água, o IMI ou o selo do carro serão apenas alguns, mas tudo o resto irá pelo mesmo caminho. Tudo o resto é como quem diz. Provavelmente coimas que penalizem comportamentos como este, perpetrado por um vizinho javardão e filho da puta, continuarão incólumes. O que é pena. Se os donos dos descomunais montes de merda que pululam pelos passeios das nossas vilas e cidades fossem devidamente taxados a crise passaria rapidamente à história.  

Sem comentários:

Enviar um comentário