Queixam-se os
responsáveis pelas instituições de solidariedade social, de certeza absoluta
com toda a razão, da falta de meios para apoiar quem a elas se dirige em busca
de auxílio. Neste, como noutros campos, os recursos são quase sempre escassos
e, infelizmente, por maior que seja a boa vontade de quem está à frente destas
organizações, acredito que é difícil satisfazer todas as solicitações que lhes
são dirigidas. Não será mesmo de excluir que, com o agudizar da crise e o
colapso social a que estamos a assistir, alguns destes organismos possam,
também eles, entrar em ruptura.
Passei um destes dias por
perto de um dos locais onde cá pelo burgo é distribuída ajuda alimentar. Aos
cidadãos mais carenciados, suponho. E, confesso, fiquei incomodado. Se a crise
e a tragédia para onde fomos conduzidos não constituem motivo de grande
surpresa, a sua dimensão – essa sim – mais do que apreensivo, começa a deixar-me
assustado.
Vou poupar-me ao trabalho
de percorrer o caminho da demagogia. Esqueço, por isso, o facto de um ou outro
que dali saía com ajuda alimentar ser cliente assíduo das esquinas e tascos da
cidade, onde fuma as suas cigarradas ou emborca umas bejecas. Não virá, daí,
grande mal ao mundo e um homem – ou uma mulher – ainda que pobre, também tem direito
aos seus pequenos prazeres. Mas não consigo ficar indiferente quando um
aposentado da função pública, com mais de oitocentos euros mensais de reforma,
sente necessidade de recorrer a uma instituição para obter bens alimentares
essenciais. Aí é porque a crise já está a bater bem fundo. Será, portanto,
tempo de todos nós irmos colocando as barbas de molho não vão elas, um dia destes,
pegar fogo.
Não estando aí não consigo fazer uma imagem da coisa, mas pelo que leio e me contam a coisa começa a ficar mesmo feia...
ResponderEliminarTerrivelmente assustador!
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