quinta-feira, 14 de junho de 2012

E caderneta predial, têm?


Como referi uns posts atrás, com a construção do novo quartel da Guarda Nacional Republicana, o resort das quintinhas vai ficar mais seguro. E pequeno, também. Segundo noticia o Brados do Alentejo de hoje, meia dúzia de habitações terão de ser demolidas para dar lugar ao edifício que vai acolher aquela força de segurança.   A questão, provavelmente, não será pacífica dada a peculiar exigência dos moradores a desalojar. Parece, conforme destaque da mesma fonte, que apenas estarão dispostos a abandonar o local caso lhes seja dada uma casa ou, em contrapartida, a módica e quase insignificante quantia de 250 mil euros. O que, para além de outras coisas, releva um claro desconhecimento dos valores praticados no mercado de habitação.
Não se me afigura que tal reivindicação tenha um grau de razoabilidade digno, sequer, de merecer atenção pelas autoridades competentes. No caso o ministério da administração interna enquanto responsável pela execução da obra. Por muitas razões. A começar pelo facto de as habitações precárias terem sido edificadas em terreno que não é deles. Estão ali há dezenas de anos a ocupar terrenos públicos e – ao que julgo saber – privados, sem que tenham pago qualquer renda pela ocupação dos mesmos. Durante este tempo têm usufruído de energia eléctrica e abastecimento de água de forma completamente gratuita. Ou seja, paga por todos nós.
Não estaremos, neste caso, perante nenhuma situação de emergência social. É público - e por demais notório - que as pessoas em causa não aparentam ser especialmente carenciadas. Deslocam-se em viaturas de alta cilindrada, tomam o pequeno-almoço e o lanche no bar do hipermercado ali ao lado e não lhes é conhecida qualquer ocupação que envolva trabalho. Alguns deles nem serão apenas portugueses. Terão, alegadamente, documentos nacionais e espanhóis. De Portugal receberão o rendimento social de inserção - bem como outros apoios sociais - e de Espanha estarão a receber o “paro”. Como é conhecido o subsídio de desemprego, no linguajar de nuestros hermanos. (1)
Em Estremoz não existe habitação social. A última experiência neste sector foi o bairro da caixa há mais quarenta anos e, mesmo assim, com contornos absolutamente diferentes daquilo que são hoje os chamados bairros sociais. Desde aí, para o bem e para o mal, nunca por cá se deram casas fosse a quem fosse. Estou em crer que não será agora que esta regra irá ter uma excepção. Nem tal seria compreendido por todos os que estão, sabe-se lá com que sacrifício, a pagar as suas habitações nem, ainda menos, pelos que já as perderam por não conseguir cumprir junto da entidade credora.
Quase de certeza não faltarão os que agora, de repente e sabe-se lá com que motivações, vão aparecer a defender aquela malta e  insistir na necessidade da autarquia cá do sitio lhes arranjar alojamento. A esses deixo apenas duas sugestões: Levem-nos para perto da vossa casa e tenham a coragem de inscrever isso no programa eleitoral. Numa ou noutra hipótese vão ver a sorte que têm…

(1) E isto que escrevo – para esclarecer um parvo que tem a mania de vir para aqui marrar – não se trata de uma afirmação. É apenas uma suposição baseada numa conversa, em altos berros e para quem queria ouvir, entre ciganos residentes naquele bairro ocorrida à porta das urgências do Hospital do Espírito Santo.

2 comentários:

  1. Bem que podem esperar sentados...porque infelizmente é uma etnia que se marginaliza a ela própria.

    Por aqui o desalojamento foi pacífico, uns (os piores de todos os que eu chamo de arruaceiros) demandaram-se sabe-se lá para onde e outros alugaram mesmo casa. Trabalham no mercado que também este foi deslocado para outro local com as "devidas condições" pagando a respectiva "banca ou bancada à Câmara ou Junta e não tem ocorrido problemas nenhuns e bem longe de outros tempos e modos de estar!

    Como em todas as raças ou etnias há os bons, os menos bons, os maus e os super maus.

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  2. É bom que Estremoz não cometa a mesma asneira de Elvas na habitação social... Aprendam com os erros dos outros.

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