domingo, 6 de maio de 2012

O alcatrão não engana


Há quem defenda que os políticos devem ser apenas julgados em eleições. Não falta, também, quem entenda que a obra feita justifica tudo. Sobeja igualmente quem sustente que o Estado deve manter um elevado índice de investimento público como forma de estimular o crescimento, combater a crise e mais uns quantos chavões próprios de uma retórica demagógica e a atirar para o bacoco.
Daí que, muito provavelmente, serei apenas eu a achar que o individuo – ou os indivíduos, porque neste tipo de coisas é costume actuar em matilha - responsável pela decisão de construir mais uma estrada onde já havia duas – ou mais uma onde já existiam duas, isso agora não interessa nada – devia estar preso. Podem, os que conhecem o local ou quem defende este género de “investimento”, arranjar as justificações que quiserem. Desde a segurança dos utentes das diversas vias, à necessidade de transferir dinheiro dos cofres públicos para as empresas ou, como é frequente, remeter para projectos antigos. Posso ser burro que nem um asno, mas a mim ninguém me convence que esta profusão de estradas, que se prolonga por dezenas de quilómetros em pleno Alentejo, terá a mais pequena e plausível justificação técnica.
O pior é que cenários destes – ou mais extravagantes, chamemos assim – não faltam pelo país fora. Ou não estivéssemos no reino da impunidade dos decisores e onde alarvemente achamos que os políticos e a maneira como esturram o nosso dinheiro devem apenas ser julgados na urna de voto. Num aspecto, contudo, comungo a opinião quase geral. A obra está à vista. E o resultado também.

4 comentários:

  1. A questão não está apenas no dinheiro mal gasto pelo planemento deficiente e mal informado, o que mais revolta é que se garantiram lucros aos concessionários, mesmo que não houvessem utilizadores.
    Cumps

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  2. Subscrevo inteiramente assim como o comentário de "O Guardião".

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  3. e nem se recupera nem um tostão de quem aldrabou e desviou.

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  4. Isto é um caso de polícia... Bastava haver "algum" por fora, para a obra se fazer!...
    Compadre Alentejano

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