terça-feira, 1 de maio de 2012

Poupar, dizem eles.


Hoje metade dos portugueses – a julgar pelos relatos talvez mesmo mais - precipitaram-se para a loja Pingo Doce mais próxima e carregaram tudo o que puderam para o carrinho de compras. Ou para outro receptáculo qualquer, porque, diz, os carrinhos terão sido o primeiro artigo a esgotar. Daí que, revelando um invulgar espírito empreendedor e uma rara sagacidade, outros portugueses tenham montado um negócio – um esquema, talvez – de aluguer daqueles veículos de tracção animal.
Acredito que não faltarão cartões de crédito com o planfond estourado, ordenados derreados até ao último cêntimo e despensas com a capacidade de armazenamento mais do que ultrapassada. Tudo, presumo, em nome de uma boa causa. A poupança. A mesma poupança que fez com que as farmácias fossem tomadas de assalto quando, aqui há atrasado, o governo de então resolveu alterar as comparticipações nos medicamentos. Também nessa altura, evocando a necessidade de poupar, não faltou quem comprasse quantidades astronómicas de remédios. Os necessários e os outros.
Não me surpreende que os portugueses demonstrem tanto carinho pela poupança. Esta constitui uma prática desde há muito enraizada entre nós. Aproveitamos todas as oportunidades para poupar. Mesmo que para isso tenhamos de gastar como se não houvesse amanhã.

7 comentários:

  1. os carrinhos foram de facto os primeiros a esgotar e não só nos proprios Pingo Doce... Que o digam o Lidl e Continente e tudo o que ali mais perto estava :D

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  2. então, então...tem sido um apertar de cinto doido, isto hoje soube tão bem! pareciam outros tempos.

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  3. Se aconteceu isto por causa de uma promoção, imagino o que será quando existir uma ameaça de escassez de bens alimentares.

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  4. Parabéns à JM pelo genial golpe de marketing. E afinal de contas quem saiu a ganhar foram os consumidores. Que haja quem compre irracionalmente já são contas de outro rosário.

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  5. Compram a luta dos portugueses por um prato de lentilhas!!
    Porque não o fizeram no próximo sábado?!
    Claro que foi uma atitude política... e ganharam mais uma vez!!
    Triste povo este.

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  6. Qual será a agenda do dono do Pingo Doce? Porque escolheu esta data para a dita promoção? Isto leva água no bico...
    Cumps

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  7. Apesar de não ter ido porque já me tinha abastecido para o mês e não gasto nada do Pingo Doce porque não gosto (opções), não tenho nada contra, nem quem o fez, nem quem foi porque na conjuntura actual, no meio de milhares que foram, muitos compraram apenas o essencial e outros muitos para abastecerem os seus pequenos comércios nas aldeias. Agora comprar por comprar...sou contra, mas jamais julgo quem foi e fizeram muito bem.

    Há outras jogadas políticas bem piores sobre as quais ninguém se manifesta como ver a UGT assinar e dizer amen ao governo e ir para a rua protestar o que acordou e como tal...os sindicatos fizeram o quê de costas voltadas? Uma vergonha!

    No entanto porque um árbitro marcou erradamente um penalti...saí logo porrada...e palavras leva-as o vento ficam é os gestos...e há muito que muitos políticos mereciam uma vaia valente ou bolachadas como a pujança na do futebol.

    Em 1974 o povo saiu à rua de livre vontade, nos outros também e a opção de irem ou não irem à manifestação ou trabalhar só diz respeito a cada um e em democracia há que respeitar!

    Na conjuntura actual o 1º de Maio deveria sr feito PELOS 854 MIL DESEMPREGADOS mas nisso os sindicatos nem piam e quando fazem não passam do mesmo!

    Enfim...opiniãesssss como diz o meu neto

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