As hortas urbanas,
comunitárias ou lá o que lhes queiram chamar estão na moda. Autarquias e
instituições de apoio social, um pouco por todo o país, disponibilizam espaços
onde potenciais hortelões podem cultivar a terra e obter daí alguns produtos
destinados a rechear a despensa. O que, numa altura difícil como a que vivemos,
pode constituir um complemento importante para os orçamentos mais magricelas. Será,
presumo, esta a filosofia que preside – e muitíssimo bem – a este tipo de
iniciativas.
O pior é que o cenário idílico
de pobrezinhos de enxada na mão a semear batatas, sonhado por umas quantas
almas bem-intencionadas, colide frontalmente com a pouca apetência dos
primeiros para actividades que envolvam o coiso. O trabalho, ou lá o que é. Não
surpreende por isso que, segundo informa o Brados na sua última edição, os
talhões da “Horta comunitária de Santiago” não tenham despertado grande
interesse nos habitantes daquela zona da cidade. A quem, saliente-se, a
iniciativa se destina. Nem, mas isto já sou eu a especular, aos moradores do
outro bairro ainda mais degradado e onde, no dizer dos próprios, são todos
desempregados.
Por mais notórias que
sejam as carências do público-alvo destas acções, o objectivo de pôr esta gente
a contribuir para o seu próprio sustento – ainda que de uma forma quase lúdica –
é, no mínimo, irrealista. Talvez, por mais politicamente incorrecto que possa
parecer, a sua principal carência seja a incapacidade de colocar em causa o
direito adquirido ao subsídio, à esmola e a um estilo de vida muito sui generis.
Mas não admira. Faz parte de uma certa cultura que assim seja.
Concordo inteiramente contigo e sabes amigo este post levou-me à actualidade da minha terra:
ResponderEliminar- como é que querem pôr a trabalhar miúdos orfãos de guerra, habituados a viverem na rua e na deliquência e não só, hoje com trinta e poucos anos? (e foram milhares)
Tem que haver um processo obrigatório e deveria haver medidas para se integrarem...mas tudo falha neste país!!!