Mais de um ano depois de
ter sido oficialmente aberta a época de crise, constato – sem grande surpresa,
diga-se – que aprendemos muito pouco com os erros que cometemos. Pior do que
isso. Insistimos neles. Trata-se, se calhar, não de um problema de iliteracia
financeira ou de uma qualquer dificuldade em lidar com os números mas antes de
um problema do foro psicológico. Ou então de um caso de ignorância pura e dura.
Não é mesmo de descartar a hipótese de ser a conjugação dos três factores que contribuiu
para o desencadear da tempestade perfeita que se está a abater sobre as nossas
carteiras.
Um bom exemplo do que
acabo de referir são os chamados fundos comunitários. Uma espécie de cenoura
que colocaram na nossa frente e atrás da qual marchámos até à beira do precipício.
Há ainda quem ache que não os “aproveitar” é perder dinheiro. Mesmo que para os
obter tenha de se gastar o dinheiro que se não tem. Basta ouvir – e, também,
ler – os lamentos que por aí correm sobre a quantidade astronómica de milhões que
teremos perdido com o fim do projecto do TGV. E o pior é que os cidadãos a quem
foi poupado o sacrifício de suportar os custos de mais essa loucura estão igualmente
entre os queixosos. Ainda que, aparentemente sem perceberem, já estejam a pagar
um ror de outros desmandos.
O desnorte colectivo dos
portugueses irá, por altura das próximas eleições autárquicas, conhecer novos
patamares. Dentro de poucos meses, quando começarem a ser conhecidas as
primeiras promessas eleitorais e as exigências dos eleitores, atingiremos um
nível que, acredito, estará para lá de todos os padrões conhecidos da ciência. Desconfio
que ninguém, de um lado e do outro, se vai preocupar com o pormenor quase
insignificante da inexistência de dinheiro. Tenho, até, a leve desconfiança que
a tragédia financeira em que vivem as autarquias será coisa de somenos. Por
isso, mantenho uma secreta esperança que talvez seja desta que um dos milhares
de candidatos aos trezentos e oito lugares de presidente da câmara prometa a
construção de um centro de acolhimento a visitantes – quiçá investidores – de outros
planetas. Isso é que era visão. Ah pois era!
Subscrevo inteiramente!
ResponderEliminarEhehehe!
ResponderEliminarOlhe que já isso mais longe de acontecer. Ele há com cada promessa mais mirabolante!
Quanto ao resto, inteiramente de acordo, vai ser bonito de ver como se prometem mundos e fundos com os bolsos vazios. E o pior é que a malta vai acreditar.