terça-feira, 15 de maio de 2012

Vem aí a (verdadeira) tempestade perfeita


Mais de um ano depois de ter sido oficialmente aberta a época de crise, constato – sem grande surpresa, diga-se – que aprendemos muito pouco com os erros que cometemos. Pior do que isso. Insistimos neles. Trata-se, se calhar, não de um problema de iliteracia financeira ou de uma qualquer dificuldade em lidar com os números mas antes de um problema do foro psicológico. Ou então de um caso de ignorância pura e dura. Não é mesmo de descartar a hipótese de ser a conjugação dos três factores que contribuiu para o desencadear da tempestade perfeita que se está a abater sobre as nossas carteiras.
Um bom exemplo do que acabo de referir são os chamados fundos comunitários. Uma espécie de cenoura que colocaram na nossa frente e atrás da qual marchámos até à beira do precipício. Há ainda quem ache que não os “aproveitar” é perder dinheiro. Mesmo que para os obter tenha de se gastar o dinheiro que se não tem. Basta ouvir – e, também, ler – os lamentos que por aí correm sobre a quantidade astronómica de milhões que teremos perdido com o fim do projecto do TGV. E o pior é que os cidadãos a quem foi poupado o sacrifício de suportar os custos de mais essa loucura estão igualmente entre os queixosos. Ainda que, aparentemente sem perceberem, já estejam a pagar um ror de outros desmandos.
O desnorte colectivo dos portugueses irá, por altura das próximas eleições autárquicas, conhecer novos patamares. Dentro de poucos meses, quando começarem a ser conhecidas as primeiras promessas eleitorais e as exigências dos eleitores, atingiremos um nível que, acredito, estará para lá de todos os padrões conhecidos da ciência. Desconfio que ninguém, de um lado e do outro, se vai preocupar com o pormenor quase insignificante da inexistência de dinheiro. Tenho, até, a leve desconfiança que a tragédia financeira em que vivem as autarquias será coisa de somenos. Por isso, mantenho uma secreta esperança que talvez seja desta que um dos milhares de candidatos aos trezentos e oito lugares de presidente da câmara prometa a construção de um centro de acolhimento a visitantes – quiçá investidores – de outros planetas. Isso é que era visão. Ah pois era!

2 comentários:

  1. Ehehehe!
    Olhe que já isso mais longe de acontecer. Ele há com cada promessa mais mirabolante!
    Quanto ao resto, inteiramente de acordo, vai ser bonito de ver como se prometem mundos e fundos com os bolsos vazios. E o pior é que a malta vai acreditar.

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