domingo, 13 de maio de 2012

Velhas oportunidades


As ondas de indignação sucedem-se umas às outras com uma frequência alucinante. A sorte é que todas, invariavelmente, acabam na praia sem fazer estragos de maior. Excepto, mas isso não conta a não ser para o visado, aquelas que vão entrando para o anedotário nacional.
Desta vez o motivo para a indignação tem origem nos considerandos tecidos por Parvus Coelho acerca do vasto manancial de oportunidades com que se depara um desempregado. O homem, ao contrário dos que alimentam o alarido em torno destas declarações, está carregadinho de razão. A confirmá-lo não faltam exemplos. Podia citar, se quisesse ser demagógico, o caso de José Sócrates que agarrou uma oportunidade de estudar filosofia. Mas não vou por aí. Limito-me a recordar os inúmeros casos de ministros, secretários de estado, deputados, directores gerais e malta ligada ao ramo da assessoria, que conseguiram um emprego espectacularmente bem pago após terem sido despedidos – ou terem-se despedido – do cargo que ocuparam. E nem vale a pena contra argumentar que antes já tinham emprego. A questão é a facilidade com que encontraram ocupação no pós actividade politica e, quase sempre, muito melhor remunerada.
Outro exemplo de empreendedorismo são os presidentes de Câmara que no próximo ano vão ficar desempregados em virtude de, por força da lei, estarem impedidos de continuar no seu emprego. Antecipando o problema estão já a procurar a oportunidade de irem esturrar dinheiro para a autarquia do lado, continuando a nobre missão de endividar o país e a arruinar as finanças dos municípios por onde vão passando.
Como está bom de ver o desemprego constitui mesmo uma janela de oportunidade. Principalmente para os oportunistas. Exemplos que as outras centenas de milhar que insistem em continuar desempregados - de propósito, quase de certeza, só para chatear o governo - deviam seguir. O que me parece altamente reprovável e que motiva a irritabilidade subjacente as estas declarações do primeiro-ministro. Talvez a oportunidade surja se, em lugar de se inscreverem no centro de emprego, corram a filiar-se num partido político. De preferência num daqueles que, de vez em quando, está no governo.

2 comentários:

  1. Mas sempre foi assim...filiados...quanto mais cedo melhor e vê bem o perfil de PPC e outros e logo verás ou sentirás o cheiro a suor de tanto trabalho.

    O povo votou é porque gosta e já era altura de terem aprendido alguma coisa...mas que queres?

    Totalmente de acordo contigo!

    ResponderEliminar
  2. PPC não acerta uma. Quando abre a boca, entra mosca ou sai asneira...
    Como este só o homem de Boliqueime, que ocupa um palheiro em Belém e que, de vez em quando, também manda umas bostas...
    É a política!
    Saudações
    Compadre Alentejano

    ResponderEliminar