segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Boicote

Acho pouco provável que, ao contrário do que tem vindo a ser sugerido, esteja a ser preparado um plano de contingência tendo em vista o controlo pelas forças policiais de eventuais distúrbios, motins, barricadas e outro desacatos que possam estar para ocorrer no país. As reservas que manifesto perante essa possibilidade têm tanto a ver com a pouca propensão dos portugueses para fazerem manifestações violentas, tipo as que ocorrem frequentemente na Grécia, como com a fraquíssima capacidade das forças da ordem nacionais imporem a sua autoridade onde quer que seja. A menos que o perigoso prevaricador se disfarce de automobilista.
Sendo por demais conhecida a impossibilidade da policia entrar em determinados locais, sabendo-se da impunidade de que goza qualquer meliante – independentemente da cor do colarinho – e dos amplos direitos que assistem a todos os criminosos, quase dá vontade de rir que, de uma forma quase velada, venham tentar intimidar aqueles que tencionam ir para a rua protestar.
Mas, se a coisa for para levar a sério e o governo, com medo que lhes cheguem a roupa ao pelo, se esteja mesmo a preparar para eventuais convulsões sociais, não há que ter receio. Em lugar de tumultos, confrontos e tudo o que envolva pancadaria, opte-se pelo boicote. A tudo. Para além de ser muito mais seguro, não requerer grande esforço e poder ser praticado por todos é, garantidamente, bastante mais eficaz. Basta puxar um pouco pela imaginação e cada um de nós encontrará com facilidade meia-dúzia de alvos a boicotar. E nem estou a pensar em bombas. O meu pensamento dirige-se para coisas mais simples e bem menos violentas como, por exemplo, a economia paralela ou transferir dinheiro para um banco suíço. Ou, na pior das hipóteses, para o paypal.

2 comentários:

  1. Os distúrbios e convulsões sociais é um oportunismo para quem nunca fez a ponta de um corno, dar vazão ao roubo e respectivo apropriamento do que é dos outros ou resolver richas antigas entre vizinhos...e hoje em dia pode-se fazer tanta coisa sem que o justo pague pelo pecador!

    Gostei do que li:)

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  2. A economia paralela é uma óptima sugestão!

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