A remota e
afastada hipótese de o governo recuar e aceitar a proposta do líder do PS, no
sentido do governo cortar apenas um dos subsídios aos funcionários públicos,
está a deixar os comentadores de serviço com os cabelos em pé. Quase todos
nutrem por quem trabalha na função pública um ódio visceral que os impede de
analisar o que estará em causa a concretizar-se este assalto aos bolsos dos
portugueses.
Seria bom que,
friamente, cumpra-se a intenção do governo ou vingue a proposta socialista, os pretensos
sábios destas coisas dos números explicassem à população, que agora exulta por
os trabalhadores do Estado ficarem mais pobres, que a relevância destes cortes nas
contas públicas não será tão significativa quanto se pretende fazer crer.
Poderá, até, ao contrário do que se pretende, ter um efeito nefasto na execução
orçamental do próximo ano.
Imagine-se o
caso de um trabalhador que aufere mil euros de vencimento mensal. Deixará de
receber anualmente dois mil. Mas, em contrapartida, pagará cerca de trezentos
euros a menos de IRS, deixará de descontar trinta euros para a ADSE e duzentos
para a Caixa Geral de Aposentações. O mesmo acontecerá com a sua entidade
patronal que deixará de contribuir com trezentos euros para a CGA. Significa
isto que, neste caso, o Estado deixará de contabilizar do lado da receita, por
ano, oitocentos e trinta euros e, do lado da despesa dois mil. O que, é fácil
fazer a conta, reduz esta fantástica medida de controlo da despesa pública a
mil cento e setenta euros.
Se, ao cenário
atrás descrito, adicionarmos o iva que o Estado deixa de arrecadar, os efeitos
nefastos que esta quebra de rendimentos produzirá no consumo e, por
consequência, na arrecadação de receitas fiscais, então teremos uma ideia mais
aproximada da genialidade desta intenção e dos seus efeitos práticos na
execução orçamental. Claro que os comentadores não são parvos e sabem,
obviamente, fazer estas e muitas outras contas. Deve ser por isso que, se os
ouvirmos atentamente – o que a maior parte não merece – podemos constatar que, quando
dissertam acerca desta matéria, manifestam o seu entusiasmo pela “redução de
despesa” provocada por esta medida mas esquecem sistematicamente a “execução
orçamental”. Será por acaso?
Não sei o que se passou mas deixei comentário e na volta não publicaste ou não chegou.
ResponderEliminarSubscrevo inteiramente!!!