domingo, 21 de agosto de 2011

Uma espécie de offshore dos pobres

Um número significativo de empresas nacionais mudou a sua sede para offshores ou para países com um regime fiscal mais favorável. Também cada vez mais portugueses, daqueles endinheirados é bom de ver, tratam de colocar o seu dinheiro a salvo da gula do Estado mudando as contas bancárias para bancos, pelo menos teoricamente, sedeados em paraísos fiscais.
Simultaneamente, por cá, fazem-se apelos patéticos a que optemos por comprar o que é nosso. Ainda que, quase sempre, mais caro. Parece-me que tentar convencer alguém a quem é reduzido o vencimento, retirados benefícios sociais e sobrecarregado de impostos, a comprar os bens produzidos ou comercializados, possivelmente em alguns casos, por empresas que fazem de tudo para escapar ao fisco é, no mínimo, fazer de nós parvos.
Apesar da proximidade com a fronteira – Badajoz fica a meia hora de distância – não sou dos que abastecem a despensa em Espanha. Para o meu padrão de consumo eventuais diferenças de preço em relação a Portugal ainda não justificam uma deslocação com esse único propósito. Até porque, para além dos combustíveis ou dos honorários praticados pelos profissionais de saúde, a diferença não é significativa e, antes pelo contrário, é até mais cara do lado de lá na maioria dos bens de consumo corrente. No entanto, já que não tenho dinheiro para pôr ao largo a salvo dos impostos, se o iva subir substancialmente para compensar a TSU e, por consequência, os preços espanhóis ficarem mais competitivos, não haverá campanha nenhuma que me convença a “comprar o que é nosso” e Badajoz poderá passar a constituir uma alternativa. Não é que eu queira, “eles” é que me obrigam.

2 comentários:

  1. Sempre que posso, por falta de oferta local, evito fazer compras em Espanha, pois prefiro que o meu dinheiro contribua para o meu país. Mas há coisas que somos mesmo obrigados a comprar no lado de lá, nomeadamente combustíveis. A diferença é tanta que não há hipótese de não nos sentirmos roubados no lado de cá.

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  2. Nunca fui a Espanha e cá continuarei a comprar produtos de qualidade e dentro da linha branca até onde a minha magra reforma dê. Já verifiquei e alguns são mesmo nacionais, porque a tal propaganda do código de barras começado 560 ser "português" é tanga.
    Por curiosidade verifico e alguns produtos dizem "produzido em Portugal" e outros "na União Europeia" e acabo com o que dizes sem Badajoz à vista:) "mesmo que eu queira, "eles" é que me obrigam!

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