Confundir o que se está a passar em Inglaterra com os protestos que têm
acontecido na Grécia é, pior do que manifesta ignorância, uma ofensa a quem
trabalha e sente na pele as consequências das políticas determinadas pelo FMI e
seus comparsas. Isto independentemente de se concordar ou não com essas medidas
ou de reconhecer a necessidade da sua aplicação. Na Grécia as manifestações,
ainda que violentas, visavam evidenciar o desagrado por motivos concretos e atendíveis
e, principalmente, os protagonistas pouco ou nada tinham a ver com a escumalha
que tomou conta das ruas britânicas.
Tentar encontrar justificações no campo social, nomeadamente com as
medidas de austeridade e os cortes nos apoios sociais, seria risível se não
fosse estúpido. Não consta – talvez as televisões ao serviço do grande capital
censurem as imagens – que entre os artigos pilhados dos estabelecimentos
comerciais estejam bens alimentares. O alvo dos macacos vai antes para artigos
de electrónica, informática ou roupa desportiva de marcas famosas. Tudo
previamente combinado através de mensagens trocadas com telemóveis topo de
gama. Gentalha pobrezinha, portanto.
Outro argumento fabuloso é que os jovens – são assim que agora se
designam os arruaceiros – coitados, não têm mais nada para fazer. Como muitos
centros comunitários de ocupação de tempos livres – ou o equivalente lá do sítio,
não interessa – foram fechados, a malta não tem como passar o tempo e então vá
de partir, queimar ou assaltar coisas. Parece uma cena fixe. Muito mais fixe do
que fazer coisas parvas como limpar ruas, praças e jardins ou desenvolver
qualquer outra actividade menos destrutiva. E já nem falo em trabalhar, porque
isso, para certa gentinha constituí uma ofensa da pior espécie.
Apesar de por cá também existir muita macacada como a que enxameia as
ruas de Londres, não me parece que actos de vandalismo generalizado como os que
as televisões nos têm mostrado, atingissem idênticas proporções ou se prologassem
por tantos dias. As nossas forças de segurança não reagiriam de uma forma tão ridícula
como está a fazer a polícia inglesa – nem a nossa opinião pública toleraria
tamanha passividade – e, por outro lado, acredito que os próprios lesados fossem
muito mais pró-activos, chamemos-lhes assim, na defesa dos seus bens. O único
senão seria o facto de os macaquitos mais novos, ao contrário do que acontece
lá, não poderem ficar na jaula. Mas a esses, não tenho grandes dúvidas, não
faltaria quem desse uns tabefes pelas trombas.
Não sei como funciona por lá, mas era cortar o subsídio (caso o recebam) para pagar danos, e obrigar a participar na reconstrução do que foi destruído!
ResponderEliminarSim, e não se compara a situação com a Grécia !
Por cá tammbém fazem falta os ditos tabefes nas trombas - ou murros no focinho - a muita gente!
NÃO ACHAS QUE JÁ ESTÃO COM A IDADE DA REFORMA?
ResponderEliminarA informação dos media, controladíssimos, é absolutamente redutora.
ResponderEliminarPassam a ideia que se trata apenas de uma gentalha violenta que assalta sem critério, esquecendo os milhares de justos em cólera que se manifestam pacificamente e a quem cortaram o horizonte da esperança.
Não interessa passar a ideia que a revolta (indignação) da maioria é mais que justa.
Mas alguém pensou que condenar milhões à indigência e á pobreza é solução para alguma coisa.
ResponderEliminarUm dia a panela de pressão explode.
E aí pode não haver ideologias que lhes valha.
Só a violência descontrolada como protesto e a busca da sobrevivência a qualquer custo.
Nós também já temos inúmeras panelas de pessão em lume brando...
"Pobreza"?! Haverá muita e a tendência não será diminuir, mas aquela malta que andou a combinar incendiar lojas pelo BlackBerry não deve ser lá muito pobre...
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