Ponto prévio: Não conheço este Manuel
nem esta Mariana, nunca os vi com menos roupa, não quero, nem me interessa,
saber quem são e faço votos para que rapidamente ultrapassem o momento
complicado que, suponho, estarão a viver. Tão pouco pretendo expor a vida ou as
dificuldades deste casal, daí que tenha apagado o segundo nome e os apelidos de
ambos. Embora, como se sabe, estas coisas sejam públicas e estejam disponíveis
na internet para que qualquer um possa aceder a este tipo de informação.
Posto isto e feita esta declaração de
desinteresse passemos ao essencial e que, verdadeiramente, está em causa.
Apesar de a muitos soar mal e contra isso sacarem de mil e um argumentos, este
é apenas mais um caso que não deixa dúvidas – apenas dividas – de que andámos
durante muitos anos, porventura muitos ainda andarão, a viver acima das nossas
possibilidades, na ilusão do crédito e na convicção que, mesmo não tendo
rendimentos para isso, podíamos ter tudo aquilo a que nos achamos com direito.
Ainda que, nove créditos depois, não conseguíssemos cumprir o dever de pagar.
O desemprego, a doença e muitas outras
situações podem conduzir o mais sério dos cidadãos à condição de incumpridor. A
ganância, a iliteracia financeira ou a vigarice, também. Publicidade agressiva,
todo um conjunto de facilidades concedidas pela banca ou outras entidades
financeiras serão, sem dúvida, parte significativa do problema. Mas, porra,
contrair nove créditos não é coisa que alguém, mesmo que não tenha mais do que
um dedo de testa, ande por aí a fazer. Parece por demais evidente que, mesmo em
condições normais e com vencimento razoável assegurado todos os meses,
assegurar o pagamento de tantas prestações será tarefa quase impossível de
cumprir.
Quem embarcou nestas jogadas – e serão
muitos – não teria dinheiro para o estilo de vida que ambicionava. A
maneira mais fácil que arranjou para alcançar o patamar a que almejava
chegar foi o recurso ao crédito. Ou seja, pediu emprestado para poder levar uma
vida que o seu rendimento não suportava. A isto chama-se viver acima das suas
possibilidades. Portanto e concluindo, tenho a maior dificuldade em perceber o
porquê da indignação que esta afirmação suscita em muita gente. Principalmente
quando se chega a este limite em que, publicamente, fica demonstrado que não
têm possibilidade de pagar a vida que quiseram ter.
Meu caro "Kruzes", em duas palavras dir-lhe-ia: NEM MAIS...
ResponderEliminarTal e qual, e sem querer julgar ninguém até porque não conheço a situação, o que referes é a tal cagança tipicamente portuguesa...mas quando ambos ficam desempregados e sem qualquer subsidio de desemprego como conseguem pagar a habitação? Alugar e vender pode ser o maior engodo...e aconselho todos que nunca deixei entrar em mora e dialogar com o Banco e muito menos pedir a empresas financiadoras paratapar "o sol com a peneira" porque quando derem por ela estão num rolo desgraçado!
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