sábado, 20 de agosto de 2011

Caridadezinha da moda

De há uns anos a esta parte as autarquias começaram a oferecer os manuais do primeiro ciclo do ensino básico aos alunos do concelho. Na maioria dos casos fazem-no a todos e não apenas aos mais carenciados, possivelmente para evitar polémicas acerca dos rendimentos da famílias. Meninos filhos de pais ricos ou pobres, a todos, por igual, são oferecidos os livros necessários ao bom desempenho escolar.  
Parece, assim à primeira vista, uma acção deveras meritória. E, faça-se justiça, existem formas mais censuráveis de rebentar com o dinheiro que nos custa a ganhar. O pior é que muitos municípios que assim procedem têm dívidas assustadoras aos seus fornecedores, cujo pagamento vão protelando mês após mês. Possivelmente não pagam o que devem às empresas onde trabalham os pais desses meninos e, por causa disso, os pais desses e de outros meninos não recebem ordenado acabando, na pior nas hipóteses, por perder o emprego.
Pelo menos numa coisa estou de acordo com a malta da esquerdalha. Não precisamos de caridadezinha. Especialmente deste tipo de caridade bacoca e presunçosa. Basta-nos que todos cumpram as suas obrigações a tempo e horas e, em lugar destas palhaçadas, paguem a quem devem para que a economia possa funcionar. Claro que pagar dividas não dá votos, não merece destaque no noticiário, nem justifica a organização de uma cerimónia toda pomposa. Mas, digo eu, era capaz de ser uma coisa mais séria e honesta. Pena que este, em certos meios, seja um conceito desconhecido.

2 comentários:

  1. A caridade institucional é uma forma encapuçada de disfarçar a pobreza. Sejam as instituições públicas, como no exemplo que referiu, ou a tão propalada "responsabilidade social" das empresas, vai tudo dar ao mesmo: marketing para melhorar a imagem pública e ao mesmo tempo disfarçar a pobreza que grassa pela sociedade.
    Se todos cumprissem com as suas obrigações nada disto seria necessário.

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