De há uns
anos a esta parte as autarquias começaram a oferecer os manuais do primeiro
ciclo do ensino básico aos alunos do concelho. Na maioria dos casos fazem-no a
todos e não apenas aos mais carenciados, possivelmente para evitar polémicas acerca
dos rendimentos da famílias. Meninos filhos de pais ricos ou pobres, a todos,
por igual, são oferecidos os livros necessários ao bom desempenho escolar.
Parece,
assim à primeira vista, uma acção deveras meritória. E, faça-se justiça,
existem formas mais censuráveis de rebentar com o dinheiro que nos custa a ganhar. O pior
é que muitos municípios que assim procedem têm dívidas assustadoras aos seus
fornecedores, cujo pagamento vão protelando mês após mês. Possivelmente não
pagam o que devem às empresas onde trabalham os pais desses meninos e, por
causa disso, os pais desses e de outros meninos não recebem ordenado acabando, na
pior nas hipóteses, por perder o emprego.
Pelo menos
numa coisa estou de acordo com a malta da esquerdalha. Não precisamos de
caridadezinha. Especialmente deste tipo de caridade bacoca e presunçosa.
Basta-nos que todos cumpram as suas obrigações a tempo e horas e, em lugar
destas palhaçadas, paguem a quem devem para que a economia possa funcionar.
Claro que pagar dividas não dá votos, não merece destaque no noticiário, nem
justifica a organização de uma cerimónia toda pomposa. Mas, digo eu, era capaz
de ser uma coisa mais séria e honesta. Pena que este, em certos meios, seja um
conceito desconhecido.
A caridade institucional é uma forma encapuçada de disfarçar a pobreza. Sejam as instituições públicas, como no exemplo que referiu, ou a tão propalada "responsabilidade social" das empresas, vai tudo dar ao mesmo: marketing para melhorar a imagem pública e ao mesmo tempo disfarçar a pobreza que grassa pela sociedade.
ResponderEliminarSe todos cumprissem com as suas obrigações nada disto seria necessário.
Subscrevo inteiramente!
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