De repente o
ar condicionado converteu-se num símbolo de poupança. Começou com a ministra
Cristas e agora já vai num Presidente de Câmara que anuncia, todo ufano, ter
mandado desligar os aparelhos de climatização instalados no edifício dos paços
do concelho e, com este bonito gesto, poupar trinta mil euros até final do
Verão. Se no caso da ministra não foram avançados números que nos permitam
aquilatar do peso que esta medida pode representar em termos de poupança
efectiva, o autarca não esteve com mais aquelas e tratou de quantificar quanto
iria amealhar com um gesto tão simples como não ligar um aparelho eléctrico.
Longe de mim
pensar mal do senhor. Será, certamente, uma pessoa respeitável, bem-intencionada
e profundamente empenhada em alcançar o melhor para a sua terra. Mas, tenho a
ligeira sensação, estará baralhado. Ou, então, o gajo que lhe vendeu os
aparelhos enganou-o bem enganado. É que, no orçamento do município a que
preside, a dotação inscrita na rubrica destinada ao pagamento da energia
consumida em todos os edifícios e instalações municipais, para o ano inteiro, é
de cento e setenta e um mil euros. O que significa que o consumo do ar
condicionado, de apenas um edifício durante quatro meses, representa dezassete
e meio por cento de todo o consumo energético da autarquia. Portanto ou os
aparelhos são de categoria “G” ou o homem é capaz de estar a empolar um
bocadinho a coisa.
Por mim, que
escrevo estas linhas no conforto de uma temperatura amena que por estes dias apenas
o ar condicionado pode proporcionar, continuo a acreditar na poupança e a
defender que se deve poupar - nem que seja um euro - onde tal se revele possível.
E, já que estava a olhar para o orçamento da dita autarquia, não pude deixar de
notar entre que “Refeições de eventos culturais”, “Refeições de eventos diversos” e
“Viagens e alojamentos”, o município em questão prevê gastar mais de noventa e
cinco mil euros. Embora, fica a dúvida, as refeições até possam ser servidas
frias para poupar na conta do gás, as viagens sejam a pé para poupar combustível
e o alojamento seja numa tenda de campismo. Ainda
assim, convenhamos, esturrar tanto dinheiro em futilidades destas não parece
ser muito próprio de alguém minimamente poupado e interessado em dar exemplos de
rigor nos gastos.
É preferível poupar nos ares condicionados do que no "apagão das cidades" que se tornam refugios perdilectos de alguns sabedores da coisa...
ResponderEliminarPelo que dizes é mais um idiota e na volta no seu gabinete há de tudo...
Mas acredita e falando a sério...foi o que mais me custou aguentar nos anos de trabalho e comboios os malditos ares-condicionados e quentes. Nunca tive um aquecedor nem ventoinhas nem aparelhos do "faz de conta" e o calor aguento super bem. Através destes malvados aparelhos é que se apanham constipações valentes e rinites alérgicas para toda a vida!