quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O regresso do leque

De repente o ar condicionado converteu-se num símbolo de poupança. Começou com a ministra Cristas e agora já vai num Presidente de Câmara que anuncia, todo ufano, ter mandado desligar os aparelhos de climatização instalados no edifício dos paços do concelho e, com este bonito gesto, poupar trinta mil euros até final do Verão. Se no caso da ministra não foram avançados números que nos permitam aquilatar do peso que esta medida pode representar em termos de poupança efectiva, o autarca não esteve com mais aquelas e tratou de quantificar quanto iria amealhar com um gesto tão simples como não ligar um aparelho eléctrico.
Longe de mim pensar mal do senhor. Será, certamente, uma pessoa respeitável, bem-intencionada e profundamente empenhada em alcançar o melhor para a sua terra. Mas, tenho a ligeira sensação, estará baralhado. Ou, então, o gajo que lhe vendeu os aparelhos enganou-o bem enganado. É que, no orçamento do município a que preside, a dotação inscrita na rubrica destinada ao pagamento da energia consumida em todos os edifícios e instalações municipais, para o ano inteiro, é de cento e setenta e um mil euros. O que significa que o consumo do ar condicionado, de apenas um edifício durante quatro meses, representa dezassete e meio por cento de todo o consumo energético da autarquia. Portanto ou os aparelhos são de categoria “G” ou o homem é capaz de estar a empolar um bocadinho a coisa.
Por mim, que escrevo estas linhas no conforto de uma temperatura amena que por estes dias apenas o ar condicionado pode proporcionar, continuo a acreditar na poupança e a defender que se deve poupar - nem que seja um euro - onde tal se revele possível. E, já que estava a olhar para o orçamento da dita autarquia, não pude deixar de notar entre que “Refeições de eventos culturais”, “Refeições de eventos diversos” e “Viagens e alojamentos”, o município em questão prevê gastar mais de noventa e cinco mil euros. Embora, fica a dúvida, as refeições até possam ser servidas frias para poupar na conta do gás, as viagens sejam a pé para poupar combustível e o alojamento seja numa tenda de campismo.   Ainda assim, convenhamos, esturrar tanto dinheiro em futilidades destas não parece ser muito próprio de alguém minimamente poupado e interessado em dar exemplos de rigor nos gastos.

1 comentário:

  1. É preferível poupar nos ares condicionados do que no "apagão das cidades" que se tornam refugios perdilectos de alguns sabedores da coisa...

    Pelo que dizes é mais um idiota e na volta no seu gabinete há de tudo...

    Mas acredita e falando a sério...foi o que mais me custou aguentar nos anos de trabalho e comboios os malditos ares-condicionados e quentes. Nunca tive um aquecedor nem ventoinhas nem aparelhos do "faz de conta" e o calor aguento super bem. Através destes malvados aparelhos é que se apanham constipações valentes e rinites alérgicas para toda a vida!

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