Repete-se
até à exaustão que Portugal não é como a Grécia e que as
realidades dos dois países não são comparáveis. Há um ano, pelo
menos, que ando a ouvir esta conversa. Não sei porquê, desconfio.
Longe de mim pensar que o facto de andarmos uns meses atrasados em
relação ao gregos, no que diz respeito intervenção do FMI e
associados, não seja mais do que uma simples coincidência. Ou,
sequer sugerir, que os pormenores que vão sendo conhecidos acerca do
delírio colectivo que afectará a sociedade grega têm a mais leve
parecença com a realidade nacional.
Provavelmente
inspirada por uma reportagem publicada pelo jornal espanhol El Mundo
há cerca de uma semana, a escandalizada repórter TVI em Atenas
anunciava, como exemplos do que teria contribuído para o actual
estado de coisas, que um hospital com três árvores no pátio teria
quarenta e sete jardineiros, um organismo que dispõe somente de uma
viatura terá ao seu serviço quase meia-centena de motoristas, que
as filhas solteiras de funcionários públicos falecidos auferem uma
pensão vitalícia de mil euros mensais e que um em cada quatro
gregos não pagam impostos.
Nada
disto, obviamente, ocorre por estas paragens. As noticias do que por
cá se vai passando, dão-me apenas conta da existência de hospitais
com muitos mais administradores do que jardineiros contratados em
regime de outsourcing. Ou, quase todos os dias, da renovação
completa da frota automóvel – invariavelmente topo de gama – de
mais uma empresa pública. De vez em quando surge também uma ou
outra noticia mais discreta que revela estimativas onde se considera
que a economia paralela representará perto de vinte cinco por cento
do PIB. Ciclicamente vão igualmente surgindo informações sobre
quanto o país gasta com os políticos - aqueles que adquiriram o
direito, porque para os outros a mama já acabou - que se vão
aposentando após oito penosos anos de actividade. A maioria, ao que
se sabe, vale por algumas celibatárias gregas.
Como
está fácil de ver, não há mesmo comparação possível entre a
Grécia e Portugal. Eu é que sou desconfiado.
Tive que rir. Raramente oiço os telejornais e ontem quando liguei a TVI, calhou ouvir a pindérica da Judite de Sousa a referir "exemplos" do descalabro grego...e fiquei cheia de "brotueja" (termo da minha terra, borbulhas imensa comichão) porque sendo ela casada com o Presidente da Câmara de Sintra deveria era perguntar ao marido a razão de tantos gastos inúteis nesta zona em termos de jardinagem e outras "agens"!
ResponderEliminarTu desconfias...e eu tenho certezas e subscrevo o teu post!
Eu achei piada foi a um comentário do Mário Soares há dias... de que a Europa "tem que salvar a Grécia, porque não é um país qualquer... é o BERÇO da nossa civilização!"... mas isso é importante porquê?!...
ResponderEliminarEu estou é a ver-me grego com tudo isto!
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