quarta-feira, 22 de junho de 2011

Coisas do além

Que um médico vivo passe receitas a um paciente morto – poucos mortos revelarão sinais de impaciência, diga-se – não constituirá surpresa de monta. Estou mesmo em crer que a Ordem dos Médicos, o Sindicato ou qualquer outra estrutura representativa da classe, terá uma explicação mais ou menos lógica para o acontecido.
Embora mais difícil de justificar, também o curioso fenómeno de médicos falecidos continuarem a emitir receitas a doentes vivos, merecerá uma justificação mais ou menos convincente. Por mim nem acho mal que tal aconteça. Face à falta de médicos com que o país se debate não nos podemos dar ao luxo de prescindir deles. Nem pelo facto insignificante de já terem batido a bota.
Menos normal me parece – acho até que é mais coisa para o paranormal, as ciências ocultas ou actividades afins – que médicos mortos prescrevam medicamentos a doentes que também já adquiriram o estatuto de defunto. Principalmente quando em causa estão fármacos que custam os olhos da cara. Mesmo daqueles que a terra há muito já comeu.
Acredito, ainda assim, que entre médicos, farmacêuticos, doentes, investigadores, políticos e juízes – se fôr caso para tal – se concluirá que tudo se regeu pelos mais elementares princípios deontológicos e que, bem vistas as coisas, o Estado ainda poupou muitos milhões de euros. Ou então que a culpa foi do morto.

1 comentário:

  1. Não metas aí os "investigadores" que esses dão tudo por tudo e cumprem a sua missão porque só o é quem gosta e queima as pestanas no duro, mas quando li a notícia que ainda vai mais longe...o número de prescrições falsas em que o mesmo doente vivo se tomasse não era uma overdose, seria mais uma bomba atómica, só mostra como o executivos anteriores -todos eles - impunham leis e não seguiam o cumprimento da mesma e a rebaldaria chegou ao ponto que chegou!

    Bem escrito e parabéns!

    Olhaaaaaaaaaaa e já ri que me fartei, depois de escrever sabes o que saiu "na verificação de palavras"? és bruxo pá ou fizeste macumba? loll
    Olha a palavra: sacca! Eu hem? sacar a quem? heheheheheheh

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