quinta-feira, 9 de junho de 2011

Cultura ou obscenidade?









Quem trabalha na função pública tem visto o seu poder de compra diminuído ao longo dos últimos anos. Nada que constitua novidade, apesar de ciclicamente ser assunto para manchete de jornal. Redução salarial, congelamento de promoções e progressões, aumento de impostos e de contribuições, fim do abono de família e diminuição de comparticipações da área da saúde, tudo tem servido para fazer regredir o vencimento e a qualidade de vida dos funcionários públicos. Claro que as consequências destas politicas estão à vista, já foram vezes sem conta escalpelizadas neste blogue em inúmeros posts acerca do tema e, portanto, nem vale a pena perder muito tempo a lamentar a tragédia que estão a constituir para muita gente, sem que, daí, resulte qualquer beneficio para as contas públicas.
Importa, isso sim, ver o lado positivo da coisa. Podem tirar-me o que quiserem. Direitos, dinheiro, expectativas e tudo o mais que se forem lembrando. Tudo. Mas, por favor, não me tirem a cultura. Espectáculos, musica, teatro, exposições, actividades culturais diversas...isso é que não! Ainda que custem os olhos da cara. Mesmo que, com as centenas de milhares de euros esbanjados, se pudessem fazer coisas que valessem a pena. Como, sei lá, reduzir a divida pública, criar estruturas produtivas e potenciadoras da criação de emprego e riqueza. Bom, quanto a este último ponto não estarei a ser justo, alguém, de certeza e face aos valores envolvidos, ficará um pouco menos pobre. 
Olhando para as imagens que acompanham este post, escolhidas aleatoriamente de entre outras centenas de exemplos, é fácil de perceber que andamos a poupar nos farelos e a estragar a farinha. Perante situações como estas não consigo evitar um sentimento de apreço relativamente a quem assim decide. Por mais que se esforcem, continuam a não me desiludir. Sempre soube que a austeridade seria apenas para alguns e que, apesar de me tornarem a cada dia mais pobre, não me iam deixar ficar triste e, empenhadamente, tratariam de promover a minha animação. Cultural. Que, como toda a gente sabe, é aquilo que todos nós mais precisamos. Apenas uma coisinha me incomoda. Algo insignificante e de uma profunda irrelevância: Quanto é que isto custa em abonos de família?

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