sábado, 2 de outubro de 2010

Os gloriosos malucos das máquinas gastadoras

Ao que se pode ler em diversas redes sociais a vinda do grupo musical U2 a Portugal terá custado aos cofres da Câmara Municipal de Coimbra, localidade onde se realizam os espectáculos da banda, a simpática quantia de duzentos mil euros. Isto apenas em pagamentos directos, porque os custos com a limpeza da cidade ascenderão a mais trinta mil euros. Ao invés de se mostrar envergonhado com estes valores obscenos, um vereador da autarquia, a fazer fé no que publicou um jornal on-line, terá defendido o investimento – recuso-me a acreditar que o homem tenha usado esta palavra, afinal um autarca não pode ser tão ignorante - frisando que, se assim não fosse, os dois concertos “da melhor banda do mundo” que vão levar à cidade 100 mil pessoas “podiam muito bem-estar em Lisboa ou Madrid”. O que, calculo, teria sido uma tragédia que a Câmara lá do sitio tratou de evitar. 
Estou verdadeiramente estarrecido e com os poucos cabelos que me restam em pé. Nada justifica que uma entidade pública - se fosse privada era lá com eles – assuma o pagamento, seja por si ou através de uma empresa municipal, de uma importância desta grandeza para assegurar a realização de dois espectáculos musicais. Nem o argumento que estas coisas estão decididas há muito tempo e que a crise é só de agora. Digam o que disserem a decisão de assumir uma despesa desta natureza – a confirmarem-se os números postos a circular – ultrapassa em muito o bom senso, o rigor e o equilíbrio que devem estar sempre presentes na gestão do dinheiro que é de todos, com crise ou sem ela, e revela-se perfeitamente consentânea com a loucura generalizada que se verifica no reino da demência em que parecem viver muitos autarcas.

3 comentários:

  1. Caso queiras e possas explica-me uma coisa que ainda não percebi neste tipo de eventos:
    - A Cãmara disponibiliza o espaço, a limpeza depois de e, com isso gastam o que referes, até aqui entendo.
    Ontem estiveram 45.000 pessoas (e estamos em crise fará se não estivessemos), hoje prevê-se outra dose mesmo com chuva, bilhetes bem caros para além de outros gastos (estes beneficiam o comércio da localidade, desse lucro astronómico o "autor" do evento não paga à autarquia o que esta gastou?

    Por exemplo aqui a montagem de um Circo paga X à Câmara (fui pelos meus pés saber:) e no que toca a concertos não?

    Se assim não for... é a vergonha das vergonhas e com dinheiro que é de todos nós e é mais uma nódoa política a juntar a outras!

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  2. Normalmente estas coisas funcionam de forma simples e eficaz. O Estado ou as Autarquias suportam os custos e os proveitos são dos privados. Depois parece que há deficit nas contas públicas e aí congela-se ou rouba-se o vencimentos aos funcionários e aumentam-se os impostos. Tudo fácil e como o povo gosta!

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  3. Obrigado, mas sinceramente desconhecia...e subscrevo o que dizes.

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