Qualquer inquérito ou sondagem manhosa revela que a insegurança, os assaltos e os crimes contra as pessoas e o património estão no topo das preocupações dos portugueses. Pois esqueçam lá isso. Os “Patolas”, “Macacos” ou “Tenentes” desta vida, apesar do nome de guerra bastante sugestivo, não passam de meninos de coro quando comparados com o saque organizado de que todos seremos vitimas já a partir de Janeiro. E o pior é que, neste caso, nem sequer nos podemos defender e dar um valente par de murros nos cornos do assaltante.
Está tudo previsto no Orçamento. Vão-nos ao bolso, à conta bancária ou onde quer que escondamos o fruto do nosso trabalho e fazem uma limpeza digna dos melhores profissionais da arte do gamanço. Saque, esbulho, extorsão são palavras que não definem suficientemente bem aquilo que vai ocorrer. Mesmo que acrescente má-fé, vigarice ou xico-espertismo receio não estar ainda a não ser capaz de definir razoavelmente o que me parece ser a intenção do governo. De outra forma não sei como interpretar as orientações emanadas do Ministério das Finanças para a elaboração do orçamento de Estado, nomeadamente quando ordena aos serviços que “ A orçamentação da despesa, quer para o pessoal ao serviço, quer para o pessoal que se
planeia contratar (independentemente da data em que se planeia fazer a contratação)
inclui, nomeadamente, os seguintes itens: Catorze meses de remunerações certas e permanentes e de outras despesas de
natureza certa e permanente”. Ou seja: é inscrita dotação em orçamento que se sabe, de certeza absoluta, não vai ser executada. Donde se pode facilmente concluir que existirá uma clara sobre-avaliação da despesa.
Esta imposição decorre, naturalmente, da lei. Que, como faz em tantas outras circunstâncias, o governo podia ter optado por revogar, suspender ou alterar. Mas não. Está-se mesmo a ver com que objectivo. Poder gabar-se da “poupança” absolutamente extraordinária que conseguiu com as despesas de pessoal, ter alguma folga para o que vai correr mal e, sobretudo, arranjar justificação para o roubo mais que descarado que nos vai fazer. Isto para além de, segundo alguns especialistas, as receitas provenientes do aumento do IVA e do IRS estarem claramente subavaliadas. Maquiavélico, portanto.
Se o que acabei de escrever se vier a confirmar não passar de “uma ilusão de óptica”, não terei qualquer problema de consciência em fazer como o aprendiz de treinador e vir aqui penitenciar-me por estas alarvidades.
Muita água vai correr debaixo da ponte...e aguardo para ver este "saque descarado desta cambada eleita pelo povo".
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