Presumo
que, pelo menos desde o fim da escravatura, em todos os locais de
trabalho existam meios de controlar a assiduidade e pontualidade dos
trabalhadores. Ou, sejamos modernaços, dos colaboradores. Tal como
este conceito, também a maneira de fazer o controlo é cada vez mais
moderna. O que nem sempre é boa ideia.
Quando
comecei a trabalhar – ou a colaborar, sei lá - era o livro de
ponto. Com uma esferográfica presa por um cordel não fosse alguém
mais distraído metê-la ao bolso. Não querendo partilhar, por não
saber onde é que o colega que tinha assinado antes andou com as
mãos, cada um podia assinar com o seu próprio material escrevente.
Veio,
depois, o relógio de ponto. Os primeiros exemplares produziam, a
cada utilização, uma chinfrineira do camandro quando se introduzia
o cartão mas, no âmbito da promiscuidade, eram exemplares. Nada de
misturas. Cada um só mexia no seu e não precisava de tocar na
máquina. Muito menos na ranhura.
Mais
tarde inventaram um mecanismo em que os colaboradores são
identificados pelas impressões digitais. Uma javardice. Todos
colocam o dedo no mesmo espaço de dois centímetros quadrados. Isto
depois de o dito dedo ter passado sabe-se lá por onde. Há, até,
quem o lamba – ao dedo – quando a máquina manifesta notórias
dificuldades em o identificar.
Deve
ser por isso, ou por outra razão parva qualquer, que existe sempre
um outro colaborador mais intrépido que parte para a agressão ao
mecanismo. Acredito que não obterá daí grandes proveitos mas, pelo
menos, não o conspurca. Como o outro consporco.
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