sábado, 31 de julho de 2010

Todos os pássaros são iguais. Mas alguns são mais iguais que outros.

Está tudo explicado. A justiça não teve tempo de ouvir José Sócrates durante os longos nos que durou o caso Freeport porque esteve ocupada a tratar de coisas importantes. Nomeadamente de pássaros. Do andorinhão-preto, mais concretamente, que estava em risco de ver os ninhos destruídos ali para os lados de Elvas.

Tudo gente séria

Não falta quem, por estes dias, exulte com a decisão da justiça relativamente ao caso Freeport e à ilibação de José Sócrates. Nada de novo. Já outros fizeram o mesmo relativamente a Valentim Loureiro, Fátima Felgueiras, Isaltino Morais, Avelino Ferreira Torres ou Pinto da Costa.

Eu também sou muito mentiroso...

“Pegámos fogo à lixeira porque não temos contentores”. A frase está na primeira página de um dos jornais que por cá se publica - o Ecos, no caso – e terá sido proferida pelos moradores do resort das Quintinhas como justificação para a causa de mais um incêndio que deflagrou naquele local. 
Claro que sim. Nós acreditamos. Nesse e em todos os outros dislates que a reportagem do citado periódico acerca do acontecimento se encarrega de reproduzir. Aliás o mesmo acontece nos concelhos vizinhos de Elvas e Campo Maior onde as malvadas das autarquias também não colocam contentores em abundância.
Compreendemos igualmente que é apenas por imperiosa necessidade que os moradores têm de chegar a roupa ao pêlo aos bombeiros que insistem em ir lá apagar os fogaréus, quando podiam estar a fazer coisas bastante mais importantes. Como beber umas bejecas, sei lá. 
Naturalmente que também não acreditamos – ninguém, a começar por mim ousa sequer colocar essa hipótese – que se trata de acções premeditadas destinadas a queimar o isolamento do cobre e de outros materiais ferrosos encontrados ao abandono ou que algum morador no local tenha recolhido inadvertidamente contra a vontade do proprietário. Ou de coisa parecida. 
De forma nenhuma acredito que se trate, ainda que vagamente, de algo que possa ser considerado ilegal. Impossível, mesmo. Até porque as comunidades em causa são conhecidas pelo exemplar cumprimento da lei, cordialidade e maneira assertiva como se relacionam com a restante população. Tirando uma ou outra chapada num bombeiro que esteja mesmo a pedi-las. Fora isso são adoráveis.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Coa breca!

O progresso terá, alegadamente, chegado hoje a Foz Côa. Quinze anos depois de ter sido prometido que a não realização de uma obra é que faria progredir e desenvolver a localidade. E chegou sob a forma de Museu. Ironicamente. 
Há – poucos, mas parece que há – quem goste assim. As iluminarias do costume que têm a sorte de não morar onde o desenvolvimento passou ao largo. Apenas esses. Os outros sabem do que falam e sabem o que querem. E, se tivessem sido ouvidos saberiam dizer que não queriam bestas a dar palpites quanto ao seu destino. Principalmente palpites parvos que não podiam dar noutra coisa senão no que está à vista. 
Faço votos para que nenhum antepassado se tenha entretido a rabiscar garatujos manhosos ali para os lados de Veiros. Os rabiscos não matam a sede a ninguém e o desenvolvimento que trazem é aquele que todos podemos apreciar.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Desabonos

Vão, dentro de dois dias, entrar em vigor as novas normas de atribuição de diversas prestações sociais. O objectivo não é moralizar, ajudar quem mais precisa ou, sequer, redistribuir melhor o apoio do Estado. Pretende-se apenas cortar. Coisa que, ainda há bem pouco tempo, deixava José Sócrates e seus lacaios para lá de indignados por a então líder da oposição tencionar fazer o mesmo. 
Apesar das modificações não estarem a ter junto da opinião pública o impacto que, me parece, deviam merecer, elas vão afectar uma parte muito significativa da população. Talvez porque a medida mais emblemática, assim de repente, aparenta não não mexer com os interesses de muita gente. Refiro-me à fantástica ideia de – assim, sem mais nem menos – excluir do âmbito dos beneficiários de algumas prestações sociais quem tenha um património mobiliário superior a cem mil euros. Um conceito que englobará, ao que me é dado perceber, as contas bancárias e carteiras de títulos dos membros do agregado familiar e que deixa de fora os sofás, os cordões e crucifixos de ouro ou as notas estrategicamente colocadas debaixo do colchão. Tal como tudo o que estiver “ao largo”... 
Aparentemente afigura-se ter alguma lógica deixar de subsidiar quem tem um pé de meia significativo e que, por isso, não precisará das migalhas do Estado. Sabe-se, contudo, que as coisas não são assim tão simples. Podemos deparar-nos com situações em que alguém, mesmo com um vencimento pequeno mas porque sempre fez uma vida regrada, tenha uma conta bancária bem recheada e, em consequência, perca o direito ao abono de família. Enquanto isso, outro ganhando bastante mais mas avesso a poupanças ou especialista na arte de as fazer sumir – das mais diversas formas – continua a beneficiar da protecção da segurança social. 
Claro que qualquer reforma deixará sempre pontas soltas ou buracos por onde alguns poderão passar. No caso presente ainda pior porque não se trata de reformar seja o que for. Pretende-se apenas cortar. O verbo que, a par de encerrar, o governo socialista melhor conjuga.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Que o Côa sirva de exemplo...

Diz que se cumprem por estes dias quinze anos que foi tomada a decisão de não construir a barragem do Côa. O sujeito que era na altura primeiro ministro - uma figurinha ridícula, incompetente como nenhum outro que tenha passado pelo cargo e, curiosamente, também socialista - não resistiu à pressão de meia-dúzia de gaiatos, instrumentalizados por um ou dois figurões que viram ali uma qualquer oportunidade de obter protagonismo, e suspendeu a obra. Havia também, se bem me recordo, uma arqueóloga de bigode e um velhote com amplas bochechas que se meteram ao barulho e contribuíram decisivamente para a gaiatice que então se viveu em torno do que podia ser uma obra estruturante para a região e para o país. Tudo por causa de uns rabiscos manhosos, de origem duvidosa e quase imperceptíveis, que alguém sem mais nada de importante para fazer desenhou nas rochas. 
Passados todos estes anos é ainda mais notório o erro que então foi cometido. A água continua a passar, o desenvolvimento também e as promessas feitas à época à laia de compensação - se havia intenção de compensar era porque se tinha a noção clara do prejuízo que estava a ser causado – nunca chegaram. Entretanto os contribuintes pagaram uma obra que não foi feita e que, como muitos recordarão, constituía o orgulho da governação socialista de então. Estranhamente até hoje ninguém foi responsabilizado por isso e os que assim decidiram continuam a andar por aí a pavonear-se à conta do orçamento. Mas, claro, toda a gente sabe que os vencimentos chorudos dos funcionários públicos é que são os responsáveis pelo desiquilíbrio das contas públicas.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

A culpa é da bolha. Ou não.

Terá acabado, segundo alguns, o tempo do crédito fácil e barato. Motiva isso, segundo outros, que os portugueses estejam já a preferir – obrigados é capaz de ser mais ajustado - optar pelo mercado do arrendamento quando se trata de arranjar um lugar para viver. Tudo isto tem originado imensa discussão em torno das vantagens e desvantagens entre comprar ou alugar uma casa. Os custos, a todos os níveis, de uma e outra opção tem sido os argumentos mais esgrimidos, bem como o que deverá ser feito e que medidas deverão ser adoptadas para fazer adequar os preços, ainda demasiadamente altos, praticados pelos senhorios. 
A maior parte dos intervenientes nestas discussões argumenta que o congelamento das rendas durante muitos anos, que levou à degradação dos centros urbanos e consequente escassez de fogos para colocar no mercado, foi a principal causa do actual estado de coisas. A sua recuperação constitui, dizem, a chave para a reabilitação das cidades e o funcionamento pleno do sector do arrendamento urbano. 
Também nisto tem as autarquias um papel fundamental a desempenhar. E muitas estão, de facto, a fazê-lo. Da pior forma possível. Para além das conhecidas dificuldades burocráticas por que passa quem pretende recuperar um prédio, são muitas as Câmaras que, como prémio, cobram uma taxa urbanística - ou lá como lhes chamam – de valor que faz muito boa gente desistir ou ficar com vontade de apertar as goelas a alguém, porque, imagine-se, vai beneficiar das infraestruturas já existentes! 
Há também municípios que optam por aplicar uma taxa agravada de IMI aos prédios devolutos. O que, à partida, até parece ser uma opção razoável visando incentivar os proprietários a arrendar ou vender o imóvel – e assim obstar à degradação do mesmo, enquanto entram mais uns euros nos cofres da autarquia – pode revelar-se, nomeadamente quando aplicada no interior do país, um autêntico assalto aos donos dos imóveis. O crescente abandono e desertificação das cidades e vilas faz com que não haja interessados em número suficiente para as casas devolutas, pelo que não se justifica penalizar ainda mais quem já é amplamente prejudicado por ter em mãos um património que não consegue rentabilizar. 
Se nos principais centros urbanos, devido à pressão urbanística e à crescente procura de casas para arrendar dada a impossibilidade de cada vez mais pessoas terem habitação própria, esta medida até pode fazer sentido, no resto do país aplicá-la é uma  opção que fica a dever bastante à inteligência. Se calhar – digo eu que frequentemente sou acometido de ideias que até a mim assustam – o melhor seria expropriar os prédios, deitá-los abaixo e fazer zonas verdes ou alargar ruas e passeios. Provavelmente muitos proprietários até agradeciam e, no mercado habitacional, a sua falta não seria notada.

sábado, 24 de julho de 2010

Tradições que já não são o que foram

Os ciganos mantém uma relação inconciliável com o trabalho e preferem manter-se longe de qualquer actividade que envolva algum tipo de obrigação ou de subordinação a alguém que não seja da sua trupe. Preferem os esquemas, normalmente fraudulentos, e com a conivência das entidades com poder de decisão, vão-se abotoando com uns quantos euros – muitos, ao que consta – sem terem necessidade de grande esforço. Coisa, aliás, muito mal vista entre a comunidade cigana que discrimina e marginaliza os que querem trabalhar por conta de outrem. A sua cultura, dizem alguns entendidos, não o permite.
Se alguns homens – poucos – dessa etnia vão aceitando um ou outro trabalho, promovido pelo Município local, com o intuito de não perderem os apoios sociais de que desfrutam, quando se trata de mulheres ciganas o caso é muito pior. São raras as que aceitam – ou que a família permite que aceitem – um trabalho, ainda que temporário, onde possam fazer alguma coisa de útil à sociedade. 
As duas da fotografia constituem uma excepção e, apesar da pouca vontade com que aparentam fazê-lo, são certamente pessoas de alguma coragem. Não deve ser fácil desempenhar uma tarefa perante o olhar reprovador da comunidade a que pertencem e, provavelmente, serem recriminadas por isso. Sem dúvida que será muito mais agradável passar o dia entre a “barreca” e o bar do Modelo a usufruir do Rendimento Social de Inserção e dos proveitos obtidos com o “Paro”.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

O mau e o ainda pior

O imbróglio, trapalhada ou lá o que lhe queiram chamar, em que se tornou a proposta de revisão constitucional apresentada pelos sociais democratas serviu, nas palavras de Pedro Parvos Coelho, para mostrar ao país que, afinal, PSD e PS não são a mesma coisa. Tem razão o líder laranja. Quando quase todos – à excepção dos apaniguados de José Sócrates – pensávamos que não era possível surgir algo pior do que aquilo que é protagonizado pelo partido que agora ocupa o poder, o PSD encarregou-se de nos mostrar o contrário. O que, convenhamos, terá o seu mérito porque não era coisa que se afigurasse como tarefa fácil. 
São palermices destas que dão razão àqueles que garantem que o “Diabo não é tão mau como o Pintão”. E nem é preciso grande esforço para identificar quem é quem nesta história de gente bera.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

A cultura do subsídio

Quando se critica a subsidio-dependência como forma de vida é bom ter presente que, provavelmente, estaremos a falar de larguíssimos sectores da sociedade portuguesa. A atribuição de subsídios por parte do Estado e demais entidades públicas é hoje prática corrente, generalizada e extensível até às mais insuspeitas actividades. Quase me atrevia a escrever que muitas entidades apenas existem para subsidiar e muitíssimas outras, colectivas e individuais, apenas existem porque são subsidiadas. Embora as últimas poucas vezes aceitem este facto como realidade, quase sempre vejam o subsidio como um direito adquirido e praticamente nunca reconheçam a boa vontade de quem subsidia. 
Embora para um vinho o nome não me pareça muito sugestivo, o produtor do vinho que ocupa o lugar central na foto terá querido – a interpretação é minha e admito que possa estar completamente errada – prestar uma espécie de homenagem ao que tornou possível a existência do seu produto. O que já me parece melhor. O reconhecimento fica sempre bem. Espera-se é que o conteúdo não seja uma zurrapa e que, pelo contrário, se revele um verdadeiro néctar dos Deuses capaz de justificar cada euro do subsidio.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Ajustes em directo

Não é que este blogue tenha qualquer intenção de fazer serviço público. Nem, ao menos, prestar algum tipo de informação útil aos seus leitores. Pelo contrário. A inutilidade dos conteúdos deste espaço é por todos reconhecida. É neste contexto que, de ora em diante, vai ser possível consultar  no topo da barra lateral, junto aos anúncios onde podem clicar à vontade, os últimos ajustes directos efectuados pela administração pública. Qual o interesse da coisa? Bom, na verdade, nenhum. Quando muito podemos ficar a saber um pouco melhor onde é que eles gastam o nosso dinheiro e depois, se for o caso, chamar-lhes uns quantos nomes. 

(Retirado. Não sei porquê mas a porra do script - ou lá como se chama - não funciona)

terça-feira, 20 de julho de 2010

Velório inflacionado


Quase todos os dias são dadas a conhecer histórias que relatam um ou outro facto claramente demonstrativo de quanto a comunidade cigana é discriminada. 
Desta vez foi um devoto cidadão dessa etnia que, segundo garante, terá sido obrigado a pagar mais noventa e cinco euros que o preço habitualmente cobrado pela paróquia aos restantes cidadãos pelo aluguer da capela onde decorreu o velório da sua sogra. Isto, afirma ainda abalado pelo trágico acontecimento, por ser cigano. É, de facto, uma tragédia. Noventa e cinco euros – dezanove contos – é muito dinheiro. 
O pároco lá do sitio, ao que é relatado, terá acrescentado ao preço habitual essa sobretaxa, chamemos-lhe assim, porque conforme justificou - passo a citar – os ciganos são violentos e porcos, comem e bebem na capela – estas coisas, digo eu, puxam à comida e à bebida – e fica tudo numa grande imundice. Estas justificações, como é natural, não convenceram o SOS Racismo nem o Centro de Estudos Ciganos, que ponderam apresentar uma queixa contra o abade. Entretanto vão repudiando vivamente esta atitude. O que, nestas organizações, não constitui novidade pois quando se trata de manifestar repúdio fazem-no sempre de forma viva. Neste caso era escusado. 
Como toda a gente sabe, pelo menos aqueles que já alguma vez viram um cigano, as afirmações alegadamente produzidas pelo prior carecem de qualquer fundamento. Por mim nunca vi um cigano porco. Nem, tão pouco, um porco cigano. Violento ainda menos. Pelo contrário. Um vi-o rápido a meter coisas que pertenciam a outra pessoa nos bolsos. Dele, entenda-se. Mas, acredito, era com boa intenção. 
Quanto a deixarem tudo numa imundice é mais uma atoarda em que ninguém acredita. É conhecido o seu apego ao asseio, à arrumação e à limpeza. Por exemplo, no Bairro das Quintinhas – para quem não sabe o resort onde habitam cá na terrinha - até tem o cuidado de depositar o lixo nos terrenos circundantes só para não sujarem os contentores. O que revela um civismo e respeito pelo ambiente ao alcance de poucos. 
Só faltou dizer que cheiram mal. Mas isso também já era caluniar demais. Porque se alguns exalam um odor mais intenso, isto resultará com certeza do muito suor provocado pelo esforço despendido no exercício das suas extenuantes actividades profissionais. Sejam elas quais forem.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

As inconfidências da ira

Bastou que a Ministra André cometesse a inconfidência de revelar a possibilidade da função pública ter, em 2011, um aumento igual à inflação para os paspalhões de serviço virem a terreiro bramir a sua ira contra os largos milhões de euros que isso irá custar aos contribuintes. Se depender deles os funcionários públicos podem tirar o cavalinho da chuva porque nunca mais verão o seu vencimento ser actualizado. 
Muitos destes opinadores fazem parte da geração que há cerca de vinte anos berrava nas ruas contra as propinas, que guincha hoje contra os imaginários privilégios dos trabalhadores e que destilará a sua raiva amanhã se o governo decidir cortar a publicidade institucional, paga a peso de ouro, com que enche páginas de jornais. Gente bem na vida, quase toda com pedigree e a quem os portugueses devem, quase tanto como aos governos que tem passado pelo poder, muito daquilo que é hoje o estado do sitio. Talvez, com um pouco de sorte, venha por ai uma crise que faça desaparecer do mapa esta cambada de invejosos!

Onde se gasta o dinheiro que não há...

Verdade seja dita que é graças ao Simplex do engenheiro Sócrates que podemos ficar a saber como é gasto algum do nosso dinheiro. Aquele que não há para vencimentos e pensões dignas ou para manter muitos serviços públicos em condições minimamente dignas. Através do portal “Base.gov” é possível seguir, entre outras coisas, os ajustes directos que as entidades públicas vão fazendo e, por aí, aferir da maneira, muitas vezes desvairada e irresponsável, como são geridos os nossos recursos financeiros. 
As festas e tudo o que lhes associado consomem parte significativa. Espectáculos e foguetório para animar a malta não podem faltar e custam larguíssimas dezenas de milhares de euros que, supõem-se, um dia serão pagos porque, por agora, são apenas mais números para a divida. A titulo de exemplo cite-se um Município situado bem a norte que numa noite de fados gasta 25.950€. Mais iva, claro. 
Também a avaliação do desempenho dos funcionários municipais está a sair cara aos munícipes. Mas é bem feito. Foi, afinal, das medidas socráticas mais aplaudidas e, como sempre escrevi, também das mais parvas. Constata-se que muitas autarquias, se calhar todas, não tem condições de, só por si, desenvolver e implementar todo o emaranhado completamente estúpido que constitui o processo de avaliação, daí que recorram a entidades externas para o fazer. Coisa que, como é bom de ver, custa dinheiro. Muito e que, digo eu, podia ser utilizado em prol da comunidade. Uma autarquia, de pequena dimensão e com reduzido número de trabalhadores, acaba de adjudicar por treze mil e quinhentos euros, a que acrescerá o iva, uma assessoria técnica para o efeito. Agora é só fazer a conta e, se todas seguirem o exemplo, multiplicar por trezentos e oito. Daria quatro milhões cento e cinquenta e oito mil euros. Digo daria porque, como referi, o exemplo é de uma Câmara Municipal com cento e poucos funcionários e o preço, acredito, será ligeiramente superior numa autarquia com setecentos ou oitocentos... 
Os exemplos são tantos que dariam para vários post diários de um blogue apenas dedicado ao tema. Termino com mais um. Um fantástico subsidio de vinte cinco mil euros atribuído por um Município, igualmente do norte e perto do mar, a uma associação internacional de defesa dos animais. Amigos destes nunca são, de facto, de mais.

domingo, 18 de julho de 2010

Teorias desadaptadas

Acho piada a algumas teorias todas modernaças que advogam a “adopção” de idosos por parte de famílias que se candidatem a recebê-los em suas casas a troco de uma compensação monetária. A intenção não é nova e está prevista, tanto quanto julgo saber, em legislação produzida na década de noventa. O seu sucesso, se medido pelo número de adopções, está como seria de prever, muito aquém daquilo que provavelmente esperariam os iluminados autores da ideia e revela, entre outras coisas, a diferença abissal entre o mundo de quem delineia estas estratégias e a realidade da vida diária dos portugueses. 
Assistentes sociais e outros técnicos de acção social são, acredito, pessoas com bom coração. Idealizaram, ou fizeram-lhes acreditar durante a sua formação académica, que o mundo é cor de rosa, povoado por anjos e fadas, onde todos, desde que tenham emprego e não pertençam a uma minoria étnica, são privilegiados. O reflexo disso é a triste situação em que se encontram muitos dos nossos velhos, sem lugares em lares, sozinhos, seja na sua ou na casa dos filhos enquanto, muito por graça dessa gentinha, o país vai esbanjando recursos com quem não trabalha, nunca trabalhou nem tenciona vir a trabalhar. 
A adopção de idosos dificilmente vingará no actual contexto sócio-familiar. A menos que no rol de potenciais adoptáveis se incluam algumas – ou alguns, conforme os gostos – frequentadoras das chamadas academias seniores. É que, como já referi noutra ocasião, ainda por lá há quem faça uma perninha nos juniores. Ou, como diria o meu avô, capaz de levar meias solas.

sábado, 17 de julho de 2010

Grandes negócios

Uma curta passagem pela feira de velharias constitui uma das minhas rotinas de sábado de manhã. Não que seja habitual - nem sequer esporádico - comprador de antiguidades ou que perceba alguma coisa acerca do valor histórico do material à venda. Vou mais movido pela curiosidade porque, a cada semana, é sempre possível dar de caras com a peça mais improvável ou assistir, pelo canto do olho e assim como quem não quer a coisa, a um ou outro negócio estrambólico. Daqueles em que um cigano vende um prato rachado, resgatado do lixo, a um qualquer pacóvio lisboeta por cento e cinquenta euros e este ainda acha que é uma grande pechincha. 
Na feira encontra-se de tudo. Ou quase. E esse é um dos seus maiores motivos de interesse. Livros, moedas, bordados, móveis e lixo do mais variado são, digamos assim, os objectos mais normais com que nos podemos deparar. Porque depois há os outros. Os de utilidade duvidosa e os de origem ainda mais duvidosa do que a utilidade dos primeiros.
É no grupo de coisas acerca das quais colocamos muitas reservas quanto à sua utilidade que se pode integrar esta bomba de gasolina – julgo que a traquitana dará por este nome – hoje exposta na dita feira. Se, neste caso, a sua origem não levantará grandes suspeitas, será provavelmente mais um mono de que alguma garagem se quis desfazer, já o mesmo não se pode dizer do tipo de impulso ou necessidade que leva alguém a despender algum do seu dinheiro para se tornar proprietário de uma coisa destas.

Coisas espectacularmente absurdas

Este país é um espectáculo ou sou só eu que acho que está tudo maluco?!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Olha...Afinal eram ervas!

Depois de ter sido motivo de controvérsia entre dois forasteiros que visitavam a nossa cidade acerca da natureza das plantas que ocupavam maioritariamente estas floreiras, parece que alguém, possivelmente os serviços competentes, se encarregou que demonstrar quem tinha razão na discussão em causa. Eram, afinal, ervas daninhas que por ali medravam. 
Rejeito liminarmente qualquer relação entre a colocação deste post e o facto de, poucos dias depois, a floreira ter tido o tratamento adequado. A associação que eventualmente alguém possa fazer entre uma e outra coisa será despropositada e carecerá de fundamentação consistente e séria. Até porque, e se outra razão não houvesse, ninguém lê blogues. Especialmente blogues como este.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Estacionamento tuga

Um espaço assim, enorme e no centro da cidade, está mesmo a pedi-las. A pedir uns quantos carritos estacionados, entenda-se. Embora por períodos curtos de estacionamento, os tugas automobilistas vão fazendo tentativas nesse sentido e das duas rodas em cima da placa, começa-se já a passar para as quatro. Depois das horríveis barracas de lata da parte de baixo, nada melhor do que compor a de cima com outro de tipo de lataria...

terça-feira, 13 de julho de 2010

Puta que os pariu

Ao contrário do que alguns, provavelmente poucos, ainda possam pensar os filhos das senhoras de hábitos pouco consentâneos com a decência e os bons costumes não são apenas os que estão no governo. A oposição está, também, repleta de gente dessa. 
Um desses senhores, nas jornadas parlamentares do PSD, defendeu a redução dos vencimentos de toda a função pública – vá lá que incluía os políticos – em quinze por cento. O número deve ter-lhe parecido simpático. Pelo menos mais simpático que catorze ou dezasseis e tão credível como cinco ou vinte por cento. 
Soluções destas até eu, quase iletrado, encontro com facilidade. De gente como aquela que as propõe, formada nas melhores universidades e uma vida inteira dedicada ao estudo destes temas, esperar-se-ia algo de mais inteligente e inovador. Nunca uma saída que qualquer parvo encontraria. 
De realçar que estas declarações surgem no mesmo dia em que se soube que a Canavilhas, por ordens do chefe certamente, já não vai fazer os anunciados cortes de dez por cento nos subsídios aos artistas. Coisa que, tanto quanto se sabe, não mereceu a discordância dos que querem roubar ainda mais os funcionários públicos. Não admira. É normal que os palhaços prefiram o circo mesmo que o povo não tenha pão.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

O governo é nosso amiguinho...

O governo tem estado preocupado com os problemas na empresa de Viagens Marsans. Uma fonte oficial do Ministério da Economia terá assegurado que, no que toca ao Governo, "a única preocupação é que nenhum cliente da Marsans seja prejudicado”. 
Ainda bem que o executivo de José Sócrates se preocupa com eventuais prejuízos que possam decorrer do encerramento de uma empresa ou do incumprimento de um contrato – ou mais, não interessa - por parte da mesma. Folgo em saber. Assim já sei a quem recorrer quando o talho de que sou cliente, seja por falência ou outro motivo qualquer, não me conseguir assegurar o fornecimento de bifes para o jantar.

A gata adivinha

Depois de terem sido revelados ao mundo os poderes adivinhatórios do polvo Paul foram muitos os que vieram publicamente demonstrar a capacidade igualmente premonitória de outros animais no que toca a antecipar as selecções vitoriosas nos jogos do mundial ora findo. 
Não era para dizer nada mas, como há tantos a divulgarem os acertos de toda a espécie de bichos, resolvi partilhar com os meus leitores que também a gata da vizinha, que vá lá saber-se porquê adoptou o meu quintal como lugar de eleição para passar as horas de maior calor, possui o dom, cada vez mais comum entre os animais, de adivinhar o vencedor das contendas futeboleiras entre países. 
Em cima de duas folhas A4 previamente pintadas com as cores das bandeiras holandesa e espanhola coloquei, respectivamente, uma laranja simbolizando a Holanda e, na falta de melhor, um pardalito, acabado de cair do telhado e ainda incapaz de esboçar qualquer tentativa de levantar voo, representando a Espanha. A gata, garanto-vos, nem hesitou. Abocanhou a pequena ave e sumiu-se do meu campo de visão. O que, como é óbvio e se acaba de confirmar, apenas podia querer dizer que nuestros hermanos ganhariam a final. 
Lamentavelmente não documentei a experiência em vídeo ou fotografia. Mesmo que o tivesse feito, à cautela, não a publicaria não fosse a dona exigir direitos de imagem da bichana. Agora que o felino adivinhou, lá isso adivinhou.

domingo, 11 de julho de 2010

Ao correr do fecho

Nas últimas semanas tem estado em foco a polémica sobre o encerramento das escolas com reduzido número de alunos. Reduzido quer dizer, nas intenções do governo, menos de vinte e um. Como não podia deixar de ser este propósito causou uma onda de indignação entre pais, professores e autarcas tendo, todos eles, vindo a terreiro expressar os mais variados argumentos em defesa da manutenção do actual estado de coisas. 
É consensual que o encerramento dos estabelecimentos de ensino, principalmente quando se assiste a uma sequência que parece interminável  de fecho dos serviços públicos, potenciará ainda mais o processo de desertificação do interior. No entanto há que ser racional. E muitos dos argumentos esgrimidos são manifestamente parvos. Defender que apenas podem existir encerramentos com a concordância dos pais dos alunos afectados parece-me um deles. Claro que os pais daquele aluno, único frequentador do estabelecimento a encerrar mas que mantém três empregados afectos ao seu funcionamento, nunca irão concordar. Espantoso é que a autarquia – seja ela qual for - que paga, pelo menos, dois desses ordenados e suporta todos os custos associados, também se oponha ao fecho. 
A falta de racionalidade na gestão, o compradio ou o cumprimento de promessas de emprego a correlegionários, levou nos últimos anos a um aumento inusitado do número de pessoas admitidas pelas autarquias para “trabalhar” nas escolas. Isto, enquanto a quantidade de alunos diminuía. É por isso que ninguém me tira da cabeça que, mais que pelos interesses dos alunos, é pela defesa dos seus interesses que muita gente refila. Tem, naturalmente, direito a fazê-lo. Mas, porra, digam-no. Até pode ser que nós os compreendamos.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Da imprensa local...

Os últimos números de dois dos três jornais que se publicam em Estremoz revelam-nos factos que, a confirmarem-se, serão no mínimo preocupantes. E sublinho no mínimo. 
Comecemos pelo Ecos e o excelente trabalho jornalístico, sob forma de reportagem, intitulado “Este país não é para velhos” em que é abordada a temática dos lares da terceira idade e a maneira como estes cuidam dos idosos. Da sua leitura ficamos a saber que funcionárias das ditas instituições ouvidas pelo jornalista admitem já ter batido num utente e que encaram isso como um meio de os fazer entender algumas regras. 
Por mais casmurros que sejam os velhotes – a casmurrice é uma coisa que normalmente se vai acentuando com o avançar da idade - pensava eu que quem trabalha num daqueles locais teria, por formação profissional, várias maneiras de os fazer entender as regras a que estão sujeitos sem necessidade de recorrer à violência física. Pelos vistos estava enganado. O melhor é ir preparando o couro para quando chegar a minha vez de ocupar um desses lugares... 
Mas nem tudo o que nos é reportado, relativamente a esta matéria, é mau. A fazer fé num excerto do texto, uma das empregadas inquiridas envergaria uma bata arejada. Seja lá o que for que isso signifique. Embora desconfie que se trate de uma peça de vestuário adequada às condições climatéricas que se têm feito sentir. O que revelará, por parte dos responsáveis da instituição, a preocupação de proporcionar às suas colaboradoras fatiotas confortáveis, que contribuam para melhorar o seu desempenho e, por consequência, prestar um melhor serviço aos utentes. 

Por sua vez o Brados desta semana publica mais uma entrevista a um presidente de junta de freguesia do concelho. Ficamos através dela a saber que, na freguesia em causa, a carteira do Presidente e o cofre da Junta se complementam. São, digo eu, assim uma espécie de vasos comunicantes. Porque, garante o autarca, quando não há dinheiro paga ele e que depois vai retirando a pouco e pouco. 
Não está, naturalmente, em causa a honestidade do senhor. É, aliás, uma pessoa integra, séria e dedicada à sua terra. Isso não pode ser colocado em causa. No entanto o procedimento adoptado colide frontalmente com todas as regras do rigor e da transparência e revela a forma como ainda se olha, principalmente em meios pequenos, para o exercício do poder. 
Não vou, acerca desta pouco feliz tirada do entrevistado, recorrer à velha máxima da mulher de César porque, no caso, o que é também parece. Lembro apenas que o voluntarismo quase nunca é o melhor caminho e que, quando menos se espera, se acaba por virar contra quem o pratica.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Herbáceas de fazer espécie

Os modestos conhecimentos que possuo na área da botânica não me permitiram esclarecer dois visitantes que, um destes dias, debatiam entre si se a farta vegetação que emerge desta floreira, colocada junto ao edifico do Tribunal, são flores ou ervas. 
Um deles estava convicto que as magnificas herbáceas se tratariam de uma qualquer espécie de flores que eles não conseguiam identificar. Porque, argumentava, num lugar central da cidade o brio profissional dos jardineiros impediria que ali vingasse uma só erva daninha. 
O outro, mais céptico, garantia que salta à vista de qualquer um que não seja cego que aquilo são ervas embora condescendesse que, entre tanto ervançum, era capaz de haver uma ou outra florzinha. 
Lamentavelmente não pude desempatar a contenda. Mas estou tentado a dar razão ao primeiro. E acrescento outro argumento. Se fossem ervas não eram regadas e certamente não apresentariam este aspecto viçoso e verdejante.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Os Correios são do polvo!

A malta de esquerda tem uma visão romântica e quixotesca da vida. Pelo menos o pessoal de esquerda na verdadeira acepção da palavra. Esses são genuínos, por norma honestos, e não devem ser confundidos com uma certa maralha que se diz de esquerda porque acha que o facto de se dizer posicionado mais para o lado canhoto dá ares de uma pretensa superioridade intelectual. Tão pouco devem ser comparados com a esquerda rosácea. Estes alegados esquerdistas apenas o são por uma questão de conveniência ocasional, embora tenham o cuidado de não praticar, excepto, claro, quando eleitoralmente lhes dá jeito jogar pelo flanco esquerdo. 
Vem isto a propósito deste cartaz. Achar que os Correios, ou qualquer outra empresa pública, são do povo é de uma ingenuidade comovente. Quase de ir às lágrimas. Podemos questionar a sua privatização. Podemos, até, questionar as vantagens e desvantagens de muitas das privatizações que já foram feitas e das que se anunciam. Agora afirmar que qualquer uma dessas empresas foram ou são do povo é próprio de quem vive num mundo de fantasia. No mundo real, o poder – e tudo o que com ele se relaciona – foi tomado por uma mafia, agora rosa e num futuro próximo laranja, que tudo controla. Incluindo as tais empresas que alguns ainda querem que sejam do povo. 
No caso concreto dos Correios, além de ser uma instituição magnifica para dar emprego a bóis que conseguem invariavelmente chorudos prémios de desempenho, não é mais que um local onde o povo espera uma hora para levantar uma carta registada. Onde, em certos dias do mês, mais vale não ir porque está apinhado de malta mal-cheirosa a receber o “rendimentuuuu” - com prioridade no atendimento sobre os outros clientes - e qualquer cidadão se arrisca a ser ofendido. Ou coisa pior.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Fogo!

Nunca quis ser bombeiro. Nem em pequenino, altura da vida em que muitos garantem que quando forem grandes serão bombeiros, manifestei essa intenção. 
Calculo que apagar fogos seja uma chatice. O calor, coisas a arder por todo o lado, labaredas demoníacas...desagradável! Pior ainda num dia como o de hoje, à hora de almoço porque algum maluco – digo eu – se descuidou com as sardinhas e provocou um incêndio. 
Felizmente há quem o faça e, em muitas circunstâncias, arrisque a vida para salvar outras e minorar os estragos provocados por outrem. É por isso que, apesar de nunca ter querido ser bombeiro e de achar que apagar fogos é uma actividade pouco recomendável, admiro quem o faz. Principalmente aqueles que pouco, ou mesmo nada, ganham com isso.

Do mais anónimo que há...

Há quem leve o anonimato na blogosfera ao exagero. Se ser anónimo já é motivo bastante para criticas – pelo menos segundo alguns iluminados - agora imagine-se ser “o” anónimo. E, ainda para mais, anónimo. Pior, pior, só um anónimo abrir um blogue para convidados...anónimos!

segunda-feira, 5 de julho de 2010

O "fim" da macacada

Não consigo entender como é possível um individuo, mesmo uma ou duas dúzia deles, fazer um assalto num comboio, em plena via pública ou noutro lugar repleto de pessoas e safar-se sem ser linchado logo ali. Ou, no mínimo, levar uma carga de porrada que o fizesse ficar com pouca vontade de repetir a façanha. Provavelmente é porque só temos garganta. E, simultaneamente, somos uns cobardes do caraças a quem já roubaram a carteira, a dignidade e, até, os tomates. Embora, concedo, o facto de as leis penais protegerem muito para além do inimaginável o criminoso, também contribuirá para que alguns se inibam de intervir em defesa de outrem e, por incrível que pareça, até de si próprios. 
O que tem acontecido nos últimos dias na linha de Cascais é disso um exemplo. Bandos de jovens – eufemismo que serve para designar bandalhos repugnantes que tem no crime o seu modo de vida e a quem nós vamos sustentando – fazem o que muito bem lhes apetece sem que ninguém levante um dedo para os deter. Os do costume argumentarão que, coitadinhos, não têm culpa. É a sociedade que os empurra para essa vida por não lhes proporcionar condições adequadas de subsistência nem lhes dar perspectivas de um futuro melhor. 
Vamos ver se esses pulhas evidenciarão igual compreensão quando alguma eventual vitima – também ela lixada com a sociedade e sem grandes oportunidades de ter a vida com que sonhou – se passar das ideias e limpar o sebo a um ou dois desses javardolas a que chamam jovens. E que, repito, mais não não que bandalhos repugnantes quase tão nojentos quanto as alimárias que arranjam sempre justificação para os defenderem.

O "botellinho"

O “botellón” é uma prática que consiste em adquirir bebidas alcoólicas em supermercados, ou outros locais que as disponibilizem, que depois são consumidas ao ar livre e em grupo. Esta actividade tem origem em Espanha, embora por lá já tenha sido produzida legislação que visa a sua limitação, sendo praticada em muitos outros países. Nomeadamente em Portugal. E, muito naturalmente, também em Estremoz. Mas, por cá, somos pequeninos. Mesmo quando toca a emborcar as “litronas”. Não admira, por isso, que sejam apenas estes resíduos o que tenha sobrado de uma noite que, espero, tenha sido animada. 
Quanto ao local escolhido parece-me perfeito. O centro do Rossio, mesmo debaixo do palito – ou, se preferirem, pilossauro – constitui um lugar de eleição para este tipo de eventos. Amplo, arejado, deserto, com iluminação bastante e bem no centro da cidade. Há, portanto, que aproveitar as magnificas características do local e explorar todas as suas potencialidades. Quem sabe não está ali um pólo de dinamização turística assaz interessante.

domingo, 4 de julho de 2010

Enganar-nos uns aos outros vai deixar de ter tanta piada...

A anunciada alteração na formula de cálculo da atribuição das chamadas prestações sociais se, por um lado, se impõe face a inúmeras situações de abuso e, por outro, a alguma necessidade de sustentabilidade do próprio sistema vai, na minha modesta opinião, potenciar situações de conflito, que até agora tem estado apenas latente, entre beneficiários e não beneficiários. Nomeadamente entre aqueles que deixarão de ter acesso aos apoios do Estado, ou os verão reduzidos, e aqueles que continuarão a beneficiar como até aqui, ainda que menos necessitados dessa ajuda estatal que os primeiros. 
Se até agora quase toda a gente - uns mais outros menos, uns por uma via outros por outra – vai obtendo algum tipo de rendimento vindo directamente dos cofres do Estado sob a forma de prestação social, de ora em diante isso ficará apenas reservado para os fiscalmente pobres. O que, como se sabe, não significa ser pobre. E, nessas circunstâncias, acredito que o desempregado, que fica sem subsidio de desemprego, não continue a achar que o vizinho do restaurante faz muito bem em enganar as finanças e, por consequência, o filho tenha bolsa de estudo. Ou que os conhecidos ladrões ou traficantes cá do burgo – ciganos ou não – continuem a ter rendimento mínimo, apesar de manterem um estilo de vida dificilmente compatível com os setenta euros que – querem-nos fazer crer os seus responsáveis – a segurança social lhes atribui.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Eles falam, falam...e fazem o mesmo!

Os autarcas das regiões servidas pelas scuts onde o governo pretende passar a cobrar portagens tem sido praticamente unânimes na contestação desta intenção e, alguns deles, são de entre os que protestam, aqueles que mais tem verberado esta medida governativa. Há até quem chegue a apelar à revolta e, em casos mais drásticos, ao vandalismo. Como chegou a ser proposto numa Assembleia Municipal e defendido perante as câmaras de televisão sem que, pelo menos que se saiba, o badameco tenha sido preso ou, no mínimo, declarada perda de mandado por evidente incapacidade intelectual para o exercício do cargo. 
Se há gente que devia estar calado nestas circunstâncias são, precisamente, os autarcas. É bom não esquecer que apesar de sérios e honestos – embora nem sempre as duas condições estejam reunidas na mesma pessoa – eles dispõem de uma capacidade inventiva, nomeadamente quando o assunto é angariar receitas, muito superior à de qualquer mortal. Justiça lhes seja feita que quando toca a gastar também não há quem se lhes igual, mas isso não vem agora ao caso. 
Podia dar uns quantos exemplos que comprovam o que acabo de escrever. Mas não me apetece. Fico-me apenas por trazer à memória de quem me lê o que fizeram inúmeras autarquias do país quando o governo resolveu extinguir a cobrança de taxas pelo aluguer, entre outras coisas, do contador da água. Suas excelências, os autarcas, resolveram inventar algo a que chamam “taxa de disponibilidade” que passou a ser cobrada desde então. Nessa altura não lamentaram o fraco poder de compra dos seus munícipes e estiveram-se nas tintas para a competitividade das empresas da sua região. As mesmas a quem, recorde-se, quase todos cobram derrama. Apreciável a coerência desta malta!