Marques Mendes na TVI 24: “Ser Socrático não é currículo. É cadastro.”
quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
Pérolas a porcos
Num momento
particularmente difícil é absolutamente assombroso e constitui para mim um
mistério, para o qual não encontro explicação racional, que umas quantas
pessoas – muito mais do que é suposto ser o número natural de malucos – se
preocupem com assuntos sem importância nenhuma e que no campo das ralações deveriam
estar, numa escala de zero a cem, no lugar cento e cinquenta.
Vem isto a propósito de
sucessivas ondas de indignação causadas por assuntos menores normalmente
envolvendo animais. Primeiro contra a decisão de abater o cão que matou uma
criança. A causa motivou um apreciável número de palermas, meteu as habituais
petições e envolveu até figuras públicas na discussão quanto à necessidade de
preservar a vida do bicho. Depois, serenada a anterior, uma nova polémica
surgiu motivada por um vídeo onde é possível vislumbrar um militar da GNR a pontapear
um porco que teimava em não abandonar o asfalto, na sequência do tombo do
camião onde era transportado. Agressão que deixou à beira de um ataque de
nervos os sensíveis frequentadores do facebook, que não tardaram a espalhar
pelos seus amiguinhos as imagens da
brutalidade policial.
Está tudo parvo. Só pode.
Esta gentalha parece não ter mais nada com que se preocupar. Podiam, digo eu,
horrorizar-se com coisas um bocadinho mais importantes. Assim, sei lá, a
ausência de paz no mundo, as criancinhas com fome, a extinção do lince na
Malcata ou outra causa igualmente nobre. Como a crise do Sporting, por exemplo.
Sim, porque convém não elevar muito a expectativas quanto ao nível de problemas
que podem interessar a esse pessoal. E depois ainda criticam a jove da mala channel… É pá vão-se mazé
catar, ou o camandro!
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
Quem foi ao mar... perdeu o lugar!
Tal como muitas outras
localidades também Évora foi afectada pelo mau tempo que recentemente se fez
sentir. Entre as vítimas do temporal está a estátua do navegador Vasco da Gama,
abalroada e atirada ao chão por uma árvore de grande porte que não aguentou a
forte ventania.
Provavelmente incomodado
com a demora no regresso do herói dos descobrimentos ao seu pedestal, um munícipe
mais impaciente tratou de arranjar um substituto. O Vasco. Um canito de louça
que esta manhã ocupava o lugar do celebre marujo. Podia, digo eu que não sou de
intrigas, ter colocado ali um Obama. Cão de água português, para quem não
perceba a tentativa de piadola, Sempre estava mais de acordo com a temática que o monumento
pretende homenagear.
domingo, 27 de janeiro de 2013
Estacionamento tuga
O largo da República foi, em tempos, um dos locais
mais policiados de Estremoz. Quiçá do país. Um ou dois agentes da PSP, às vezes
até mais, passavam por ali o dia inteiro para irritação de comerciantes e
automobilistas. Situações como esta eram, portanto, quase impensáveis. Hoje não
é assim. Seja pela crise, a escassez de efectivos ou outro motivo qualquer, já
não se vêem polícias naquele local. Nem noutro, agora que penso no assunto.
Deve ser por isso que o proprietário desta bomba se sentiu à vontade para
estacionar na passadeira, em contra-mão e em cima do passeio. Se
calhar foi só comprar qualquer coisinha que não conseguia carregar até ao
Rossio…
sábado, 26 de janeiro de 2013
Tropa não!
Foi o governo de
coligação PSD/CDS, com Paulo Portas em ministro da defesa – e de mais uma
quantidade de coisas – que o serviço militar obrigatório acabou. Tarde,
demasiado tarde, diga-se. Já à época não se justificava a quantidade
absolutamente parva de gente que era mobilizada. Para nada. A não ser, talvez,
justificar um imenso batalhão de empregos bem pagos e generosos em mordomias. Daí
que me pareça assombroso que sejam os mesmos protagonistas a ressuscitá-lo. Seria
de um nível de coerência fantástico até para quem se dedica à política. Que,
como se sabe, são pessoas que mantêm com ela – a coerência – uma relação praticamente
inconciliável.
Passei lá dezasseis meses
da minha vida de que não guardo saudade nenhuma. Foi um tempo absolutamente
desaproveitado, em que não fiz nada de útil nem à sociedade nem a mim próprio.
Até mesmo o argumento que mais ouço “ah e tal, fazem-se amizades e isso” não
colhe. Isto porque nunca podemos saber
as amizades que se deixaram de estabelecer pelo facto de estar na tropa e não a
fazer outra coisa qualquer. A trabalhar, por exemplo, como era o meu caso. O
que, para além de outros aspectos não menos relevantes, me fez perder o
ordenado no quase ano e meio em que fui forçado a ir brincar aos soldadinhos.
Repugna-me, por tudo isso
e muito mais, a ideia – que espero não passe disso mesmo – de regresso do serviço
militar obrigatório. Para o diabo que os carregue. Que vão para a puta que os
pariu. Se não têm dinheiro para sustentar as forças armadas, nos moldes em que
estão, então que as privatizem. Ou contratem a Prossegur. Ou o raio que os
parta. Ou façam uma gestão racional. Talvez deixar de mandar pessoas para a
reforma – reserva, como lhe chamam - aos quarenta e poucos anos não fosse má
ideia. E fechar quartéis também não.
Se a idiotice de retornar
ao SMO – muito do agrado da esquerda, convém recordar – for por diante, acabará,
muito provavelmente, por ser declarada inconstitucional. Mas se isso não
acontecer irá provocar um êxodo ainda maior dos jovens em idade de serem
chamados para a tropa. É que, hoje em dia, pouquíssimos terão paciência para
aturar aquele atraso de vida. Será mais um bom motivo para bater em retirada.
Estratégica.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
Mais um endividado
Que me recorde não
voltei a escrever acerca das tropelias de José Sócrates, também conhecido como
o coveiro do país, desde que o suposto engenheiro deixou de ser primeiro-ministro.
Nem, a bem dizer, o pensava fazer. Até hoje e à fantástica revelação da
manchete do Correio da Manhã. O homem, a acreditar no matutino, será
actualmente apenas mais um português endividado. Terá, tal como inúmeros
concidadãos, contraído dividas para viver acima das suas possibilidades. Isto
é, fazer uma vida luxuosa que de outra forma não podia pagar. Tudo isto, claro,
a fazer fé na parangona do dito jornal. É lá com ele, dirão. Pois será. Que não
temos nada a ver com isso. Pois não. A menos que não pague o que pediu ao
banco. Aí é que o caso é capaz de mudar de figura e a conta acabar por ser apresentada
aos do costume. Assim como assim já estamos habituados.
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
Dividazinha da boa
Vai por aí uma grande animação com aquilo a que chamam o “regresso aos
mercados”. Que é o nome que se dá agora a pedir emprestado. Aparentemente a notícia
não é má. Tendo em conta que há ano e meio ou dois anos não havia quem nos
quisesse emprestar dinheiro parece, até, uma coisa boa. O pior é o resto.
Nomeadamente aquela parte em que temos de reembolsar quem nos empresta. Ou a
outra da utilização que damos ao graveto que nos emprestaram e que, diz, vai
ser para pagar anteriores idas ao mercado. Não esquecendo também que o nosso
fiador, um tal de Banco Central Europeu, é capaz de estar de olho em nós.
Mal comparado estamos, enquanto país, como aquele gajo que tem dez empréstimos
bancários e trinta cartões de crédito com o planfond estourado que, prometendo
deixar de almoçar, conseguiu convencer alguém a emprestar-lhe dinheiro. Esperemos
é que o indivíduo do exemplo não fique desempregado.
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
Coisas com uma actualidade do caraças
Publiquei o texto que a
seguir transcrevo no dia vinte e um de Maio de dois mil e seis quando o Kruzes
dava os primeiros passos – tinha um ano, mais coisa menos coisa – e ainda estava
alojado no Sapo. O tempo encarregou-se de nos dar razão. A mim e ao Dr.
Agostinho Branquinho. Ao então dirigente social-democrata pelo esclarecimento
com que olhava para os seus correlegionários e a mim pela apreciação que fiz
das suas palavras. O pior é que isto de ter razão antes do tempo começa a aborrecer-me.
Quase tanto como a incapacidade de muitos em ver o óbvio.
“Em todas as organizações há sempre alguém que,
mesmo nas horas difíceis, mantém alguma clarividência. Dentro do PSD esse papel
parece caber ao Presidente da Comissão Distrital do Porto. Disse hoje o senhor,
Agostinho Branquinho, de seu nome que "se o PSD, por um qualquer
azar do destino, fosse chamado à governação do país, não estava preparado para
governar". Nota-se.”
PS - O "nota-se" fazia mesmo parte do texto escrito na data indicada. Há quase sete anos...
segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
Festanças
A comunicação social
nacional deu hoje ampla cobertura noticiosa à acusação do ministério público
contra o ex-presidente socialista da Câmara do Alandroal. Segundo a acusação o
autarca, conhecido pela sugestiva alcunha de João Festança, ter-se-á dedicado a
actividades menos próprias – pecaminosas, digamos - no âmbito de diversas
viagens que terá efectuado durante o exercício do cargo. Tudo isto
alegadamente, claro.
De resto, a
confirmarem-se as acusações porque até ver o homem é inocente, seria
interessante saber se a sua actuação trouxe ou não benefícios para o concelho
que então representava. Ainda que de uma forma pouco ortodoxa ele terá feito
chegar o nome do Alandroal aos lugares mais improváveis. Onde o mais certo é
nunca antes ninguém ter ouvido falar dessa localidade. E o conhecimento, como sabemos,
não tem preço. Paga-se, é verdade, mas isso é outra história que, por norma,
quem vem atrás é que tem de contar.
Embora episódios desta
natureza, a confirmarem-se, não constituam regra nas autarquias nacionais a
verdade é que a sua ocorrência apanha pouca gente de surpresa. Somos um povo de
desconfiados complacentes. Quase sempre, perante passeatas ou outras
iniciativas mais dadas à especulação quanto aos seus motivos, verifica-se uma
enorme tolerância da parte dos eleitores relativamente a estas práticas. Daí
que não surpreenda se nas próximas eleições, a que será candidato, o senhor em
causa volte a ocupar a cadeira do poder. O eleitorado, mais do que as traquinices dos
seus autarcas, zanga-se é com os injustificados privilégios de que desfrutam os
malandros dos funcionários públicos.
P.S - Como isto anda tudo
ligado, recomendo vivamente a leitura dos dois posts anteriores…
domingo, 20 de janeiro de 2013
Ora aí está uma boa pergunta…
…Lançada pelo CASPER um
blogger – ou bloguista, vá – atento aos desvarios que se vão cometendo lá pela
sua terra. Para ver mais é seguir a ligação. Vale a pena. O susto é garantido.
A ideia é uma boa ideia
Quando um dia for feito o
ranking dos piores políticos pós 25A Luís Filipe Menezes terá nele um lugar de
destaque. Na categoria de pior líder do PSD arrebatará o primeiro lugar, sem
dificuldade a grande distância da concorrência e na de pior autarca não andará,
também, muito longe dos primeiros lugares. É precisamente este conjunto de
atributos que o tem feito vencer sucessivas eleições autárquicas e que,
provavelmente, o tornará o próximo Presidente da Câmara do Porto.
Surpreendentemente, para
a campanha que se avizinha, o homem apresentou uma ideia que, de tão boa e
sensata que é, o poderá levar a perder as eleições. Unir, numa só cidade, Porto
e Gaia. Coisa que faz todo o sentido, que fará poupar larguíssimos milhões de
euros, mas que a julgar pelo folclore que se tem visto em torno das freguesias
não reunirá consensos. O debate está centrado na junção de pequenas autarquias
dispersas e a união de municípios populosos com sedes quase contíguas não está
nos horizontes de praticamente ninguém. Luís Filipe Menezes constitui uma
excepção e tem, do meu ponto de vista, toda a razão no que propõe.
Apesar dos condicionalismos
legais em vigor – recorde-se que os titulares de cargos políticos já podem ser
responsabilizados civil, financeira e criminalmente pelas suas decisões – as próximas
autárquicas deverão ter um número recorde de candidatos a presidente de câmara.
Não sei o que move esta gente para, assim, colocar em risco o seu património,
bom nome e, em último caso, até a sua liberdade. Para além de um grande amor às
suas terras e uma enorme ânsia de contribuir para o bem-estar das populações e
desenvolvimento dos seus concelhos, claro está. Talvez, mas isso eu a
especular, um enorme sentimento de impunidade…
sexta-feira, 18 de janeiro de 2013
Cuidado com o que desejas...
“Dar o
braço a torcer” não me custa absolutamente nada. Faço-o com toda a naturalidade
quando reconheço que os argumentos que contrapõem aos meus são melhores, mais
lógicos e capazes de inequivocamente me convencerem da razão que lhes assiste. Ao
contrário poucas coisas me irritam mais do que o argumentário baseado em
convicções duvidosas, escorado quase sempre em preconceitos e deformado por
invejas, que acaba frequentemente com alegações do tipo porque sim, porque não
ou em disparates ao nível de crianças da pré-primária.
É por
isso que estou com pouca paciência para continuar a aturar opiniões parvas,
principalmente vindas de gente que não sabe do que fala ou escreve, acerca do
eventual fim da ADSE. Não vou continuar a dar trela a todos os que defendem o
fim deste regime de assistência à saúde dos funcionários públicos. Deixo apenas
o desafio para que façam o seguinte exercício: O governo quer deixar de gastar
os 800 milhões que o funcionamento da ADSE consome ao Orçamento do Estado.
Estará, no entanto, disposto a prescindir dos 200 milhões das quotizações dos
beneficiários? Irá, assim sem mais nem menos, aumentar a dotação orçamental do
SNS de forma a acomodar a entrada de mais um milhão de beneficiários? Não vos
parece que ao governo pode ocorrer a ideia de alargar a toda a gente a
obrigação de contribuir com um impostozinho -1,5%, por exemplo, como já descontam
os FP’s - para financiar o Serviço Nacional de Saúde? É que se não for assim vai
ser de uma maneira parecida…
quarta-feira, 16 de janeiro de 2013
Pilha-galinhas
Ainda
que, enquanto contribuinte, me insurja com frequência contra a relação
desabrida que muitos autarcas mantêm com o dinheiro de todos nós, não comungo
de alguma satisfação mal disfarçada que a notícia da perda de mandato do
Presidente da Câmara de Faro tem provocado. Principalmente porque do homem tem
sido transmitida a imagem – ignoro se verdadeira, mas quero acreditar que sim
por tantas vezes repetida – de alguém rigoroso e exigente na forma de gerir os
recursos financeiros e os humanos. O que, como se sabe, não traz por norma
muitos amigos.
Os
pecados do autarca terão, como tem sido amplamente noticiado, ocorrido no exercício
de idênticas funções noutro município algarvio. Terá, ao que se conhece,
violado algumas normas legais por permitir umas quantas construções em zonas de
reserva agrícola e ecológica. Grande coisa! Nomeadamente num país em que se
paga a agricultores para não produzirem e onde o fundamentalismo dos
ecologistas conseguiu impor à sociedade legislação com restrições para lá de ridículas.
Serão,
portanto, questões de mera lana-caprina
que levaram – recursos à parte – à destituição do edil. Parece, assim visto de
longe, que a justiça terá caçado um pilha-galinhas. São desconhecidas consequências
desastrosas resultantes das decisões que levaram à perda de mandato. Estarão também
por esclarecer, pelo menos em termos públicos, quantas couves ou alfaces é que
deixaram de ser produzidas e é igualmente desconhecido se as minhocas ou osgas da
região sofreram alguma espécie de trauma.
terça-feira, 15 de janeiro de 2013
domingo, 13 de janeiro de 2013
Querem ter animais? Vão para o campo!
O Zico
é por estes dias o cão mais famoso do país. A tentativa palerma de evitar o seu
abate guindou-o a um mediatismo de todo evitável e indesejável promovido por
um grupo de pretensos bem-pensantes. O animal, protagonista involuntário da
trágica morte da criança, não tem naturalmente qualquer culpa nem o seu abate não
se trata de nenhuma execução sumária. Não é isso que está em causa. Pena que,
de forma demagógica e atirar para o parvo, os signatários não queiram perceber
que o que a lei pretende precaver nestas situações são a saúde e a segurança
pública.
Culpados,
neste e noutros casos que se repetem com frequência demasiada, são os donos e
todos os que toleram a existência de animais desta natureza. Não me parece que
exista qualquer vantagem na produção destas raças nem, ainda menos, utilidade
da sua posse por pessoas que vivem em apartamentos exíguos. Faz-me até muita
confusão como é que se consegue partilhar o espaço de uma habitação com animais.
Desta ou doutra natureza. Surpreende-me igualmente que os restantes condóminos,
os proprietários no caso do arrendamento ou os Municípios no caso da habitação
social, permitam a existência de cães, gatos ou outros animais exóticos dentro
dos edifícios.
Causa-me
também algum espanto que, por vezes, seja relatada a existência de cães de
grande porte e de raças perigosas em bairros de cariz social. Na posse,
portanto, de pessoas que alegadamente viverão com dificuldades de ordem
económica. Ter um animal daqueles não deve sair barato. O que, a par de outros
sinais exteriores de riqueza, deveria levar à intervenção de quem manda nestas
coisas no sentido de libertar a casa para quem, de facto, tivesse mesmo
necessidade de auxilio.
sábado, 12 de janeiro de 2013
Onde pára a indignaçãozinha?!
A notícia
da prematura – aos quarenta e oito anos, para este efeito, é quase uma jove - aposentação da presidente da
Câmara de Palmela não está a suscitar nas redes sociais e na opinião publicada
a costumeira indignação sempre que vêm a publico denúncias de situações
semelhantes. Nem, tão pouco, a inspirar os seus frequentadores para as ofensas
habituais ou os opinion makers cá do sítio
a discorrerem longamente sobre os privilégios dos políticos e outros palhaços.
Não quero acreditar que o facto de a senhora
ser comunista tenha alguma coisa a ver com essa ausência de reacção. Até
porque, também entre a malta da direita, o assunto é tratado com pinças. Ontem
um daqueles indivíduos sempre prontos a reclamar a diminuição das pensões, dos
ordenados dos funcionários públicos e a diminuição dessa praga conhecida por
direitos adquiridos, referindo-se à aposentação da autarca, usou por diversas
vezes o termo populismo para caracterizar eventuais condenações da conduta da
criatura. É, acrescentou, um direito adquirido que ela tem e que não pode ser
posto em causa. Ao contrário do que acontece com os comuns dos mortais,
acrescento eu.
Desde
há um tempo a esta parte nunca mais se falou de reformas douradas. Nem daquelas
verdadeiramente obscenas. Não será por isso de estranhar que esta também passe
pelos pingos da chuva sem, sequer, se salpicar. Os indignados do costume nada
dizem porque ela é uma ovelha do seu rebanho e outros também não porque estão
no mesmo barco. Daí que – e face ao que tenho escrito sinto-me particularmente
à vontade para o afirmar – Parvus Coelho e os seus sequazes tenham toda a razão
ao pretender cortar as reformas mais elevadas. Pecam, isso sim, por cortar
pouco. Lamento a minha falta de sensibilidade social mas não consigo ser
solidário com gente desta ou como o ex-presidente do BCP. Por mais que possa
admitir que os cento e vinte e três mil euros de um mês de reforma, no caso
deste último figurão, que vai perder – se o tribunal constitucional deixar -
lhe dêem muito jeito. As sucessivas manifestações de solidariedade expressas
por comunistas, lutadores das causas sociais, gente do apenas porque não e outros
revolucionários do facebook, já lhes devem chegar.
quinta-feira, 10 de janeiro de 2013
Organizem-se...
Três
capas de outros tantos jornais publicados no mesmo dia. No país há, dizem eles,
funcionários a mais. E, se calhar, será verdade. A julgar pela quantidade de
gente que nas últimas duas dezenas de anos tem sido encaixada na administração
pública não me admira que o seu número seja manifestamente excessivo. Até
porque muito desse pessoal pouco mais faz do que coçar a micose.
Por
cá, parece, haverá funcionários a menos numa escola. Será, suponho, um qualquer
rácio que determina o número de funcionários por aluno que não estará a ser
cumprido. Não sei se assim é ou não. Nem isso me interessa muito. O que me
preocupa é a existência de parangonas desta natureza aparentemente
contraditória. Que poderão significar muita coisa. Nenhuma delas especialmente
boa.
quarta-feira, 9 de janeiro de 2013
Um dia destes há-de resultar...
O
relatório do FMI tem, como não podia deixar de ter, mãozinha do governo. O que,
também sem surpresa, já foi reconhecido por um tal Moedas. Um fulaninho com ar
de fuinha - secretário de estado, lacaio ou coisa parecida – que ciranda pelos
corredores do poder. Não nos podemos espantar, portanto, que a receita seja a
de sempre. Cortar. Se não resultou da primeira vez, pode ser que resulte à
segunda. Mas se não resultar não faz mal, estaremos cá para tentar uma
terceira.
Não
vou, pelo menos por hoje, gastar o meu latim a chamar-lhes nomes. Nem a
argumentar com os malefícios desta teimosia. Constatei horrorizado que, de
certa maneira, padeço do mesmo mal. Talvez até para pior. Participo numa
sociedade que joga há cinco anos no euromilhões com a mesma chave e, desde
tempos imemoriais, apenas compro cautelas das lotarias, popular e nacional,
terminadas em cinco. Em ambos os casos com resultados deploráveis. Tal como os
das receitas da troika ou do governo. Mas, também como eles, não desisto. Antes
pelo contrário. Vou apostar a dobrar. Sei lá se é desta.
terça-feira, 8 de janeiro de 2013
As estranhas dúvidas do Provedor
Quando
ouvi a notícia conclui rapidamente que estava a ouvir mal. Coisas da idade,
pensei. Ou da falta de pilhas no aparelho auditivo. Lembrei-me depois que não
uso aparelho para ouvir melhor e que a última audiometria que realizei demonstrou que tenho
ouvido de tísico. Portanto aceitei, prestes a cair do espanto abaixo, que tinha
escutado bem o que o noticiava o jornalista de serviço.
O culpado
da hesitação quanto às minhas capacidades auditivas foi o Provedor de Justiça.
Diz que o homem mandou para o Tribunal Constitucional algumas normas do
Orçamento de Estado. Coisa muito na moda, diga-se. Terá o senhor Provedor
dúvidas quanto à constitucionalidade do corte do subsídio de férias…dos
pensionistas!!!!! Já quanto aos trabalhadores da função pública, curiosamente,
a mesma dúvida não lhe assiste. Apesar de serem, também, vitimas de idêntica
suspensão. E da entidade pagadora ser a mesma. Critérios assaz estranhos e
muito pouco justos, convenhamos. E que a mim, que não sou de intrigas e nem tão
surdo quanto pensava, me deixa com a pulga atrás da orelha. O que, mais uma
vez, prova que isto anda tudo ligado.
O que é que a foto tem a
ver com o texto? Nada, nada…
segunda-feira, 7 de janeiro de 2013
Inovem, pá!
Pouca
coisa me aborrece tanto como uma ida às compras. Pior ainda quando isso envolve
uma deslocação compulsiva - por arrastamento, quase - a um qualquer antro de
consumo. O desagrado e a irritação assumem, então, proporções épicas. Daí
lamentar que por cá – e por lá, se calhar, também – os empresários que exploram
essas superfícies comerciais não tenham pensado no segmento de visitantes em
que me incluo. E que, a julgar pelas caras de enfado que se encontram à porta
das lojas, não devem ser poucos. Diversificar a oferta, captar novos
públicos e tornar a visita atractiva para toda a família, devia ser uma
prioridade para a gestão destes espaços. Nomeadamente em tempos de crise e,
dizem, de quebra de vendas. Fica a sugestão.
domingo, 6 de janeiro de 2013
Pois. Isso mesmo.
A
apreciação negativa do Tribunal de Contas relativamente aos gastos dos
ministérios e à forma como não estão a adoptar medidas restritivas no âmbito da
despesa, apenas pode surpreender os mais desatentos. Ou os ingénuos. Os políticos,
e os portugueses de uma maneira geral, não sabem poupar. Têm uma noção de
austeridade como sendo uma coisa, embora necessária no momento presente, apenas
se aplica aos outros. Ou não fossemos nós os que, após o anúncio de uma
qualquer medida que altere seja o que for nas nossas vidas ou na nossa
organização, começamos de imediato a magicar formas mais ou menos engenhosas de
“dar a volta a isto”. Para que tudo fique na mesma, claro está. E para que os
outros, em vez de nós, continuem a pagar a crise.
quarta-feira, 2 de janeiro de 2013
Uns chatos estes gajos do governo
São
já mais do que muitas as demonstrações da pouca capacidade do
governo – no seu todo ou de cada um dos seus membros – em
comunicar, em passar uma mensagem de forma clara e objectiva. Um dos
últimos exemplos foi um secretário de estado, secundado hoje por
afirmações semelhantes do ministro que o tutela, que se lembrou de
pedir aos portugueses para não adoecer. O que até podia parecer ser
um pedido louvável, foi de imediato estragado pelo resto da frase.
Para poupar dinheiro ao SNS, acrescentou desastradamente. Claro que
nenhum dos governantes estaria a sugerir que falecêssemos, para
poupar dinheiro ao Estado. Mas, pela maneira como a ideia foi
transmitida, não faltou quem assim o entendesse e sentisse que os
governantes estariam a lamentar a relutância da população em bater
a bota.
Podiam
ter optado por apelar ao pessoal para que desatasse a apostar no
euromilhões e jogos que tais. Para além dos outros impostos
associados à jogatina, cada prémio acima de cinco mil euros vai
passar a pagar, desde ontem, vinte por cento de imposto de selo. Com
os resultados da última extracção os primeiros 34.301,48 euros,
dos 55 milhões previstos no orçamento, já estão garantidos. Pedir
bons palpites aos portugueses teria sido, portanto muito mais
simpático e, estou em crer, merecedor de uma resposta positiva por
parte dos portugueses com uma ainda maior corrida às casas de
apostas. Inclusivamente podia – e devia – ter sido lançado o
desafio para ultrapassar o valor orçamentado. Mas não. Esta gente
insiste em nos aborrecer.
terça-feira, 1 de janeiro de 2013
Habemus orçamento
Foi,
como se esperava, publicado ontem o Orçamento de Estado para 2013. O
documento é – já se sabia – uma merda. Tal como tem vindo a
acontecer nos últimos anos continua a lixar os do costume enquanto
outros, como igualmente já nos habituamos, vão passando pelas
entrelinhas orçamentais sem apertos dignos de grande registo. Ou
seja, nada de surpresas que justifiquem o alarido que nas últimas
semanas tem ocorrido em torno da promulgação do orçamento ou da
sua eventual inconstitucionalidade.
O
principal problema é que temos de pagar as dividas. Caso não o
façamos ninguém nos empresta um “chavo”. Há, portanto, de
sacar dinheiro aos nossos bolsos. De certeza que haveria outras
maneiras de o fazer, outras áreas onde cortar e outra gente a
sacrificar. O pior é que a “malta” não quer. Acha que devemos
continuar a fazer a mesma vidinha que fizemos nos últimos vinte anos
e que nos conduziu até esta desgraça. Ou melhor. Até admite que se
corte em tudo, desde que não seja afectado. Se as vitimas forem
apenas os funcionários públicos, então, a coisa quase atinge o
êxtase em termos de concordância.
Quando
os mesmos que até há pouco guinchavam contra as reformas douradas
se indignam com os cortes nas pensões mais elevadas, quando ninguém
levanta a voz contra os milhões que o conjunto das administrações
terá estoirado em fogo de artificio ou não falta quem exija que o
Estado continue a financiar a overdose cultural em que o país vive,
está tudo dito acerca das capacidades intelectuais ou da honestidade
com que se discute o Orçamento.
Tenham
paciência. Isto vai doer. Bem-vindos ao clube.
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