domingo, 31 de janeiro de 2010

É cultura, estúpido!

A expressão artística pode assumir muitas formas. Incontáveis, segundo os entendidos nestas coisas da cultura. Tomemos como exemplo os orgasmos da Clara Pinto Correia. São, ao que afirmam porque eu não vi a exposição nem os orgasmos, uma notável – sublime, até – demonstração de arte.
Neste contexto considero claramente discriminatório que as minhas fotografias de merda de cão não sejam igualmente consideradas um trabalho artístico de elevado potencial e que, pelo contrário, sejam muitas vezes depreciadas por aqueles – poucos e de gosto duvidoso – que não apreciam o meu blogue. Ignorantes e umas bestas é o que vós sois!
Pelo menos nas minhas fotos não há lugar a montagens, fingimentos ou qualquer tipo de retoque. Embora, também nelas, algo seja posto a nu. A falta de civismo de uns quantos que se arrogam no direito de sujar impunemente o espaço colectivo. Mas sobre este tipo de impunidade escreverei noutra ocasião…

sábado, 30 de janeiro de 2010

Automóveis a andar às voltas são uma coisa muito gira...

Faz por este dias dois anos que foi posto em prática o plano de sinalização e circulação de trânsito nos bairros da Salsinha, Quinta das Oliveiras e Monte da Razão. Não sei ao certo se é assim que chama o conjunto de disparates elaborado por um grupo de alegados técnicos, provavelmente pós-graduados em trânsito, e aprovado com sérias reservas – a imbecilidade da coisa saltava à vista - de todos os membros do anterior executivo.
Mas isso agora também não interessa nada. O que interessa é que passado todo este tempo o modelo de circulação continua a prejudicar os moradores, a não respeitar as mais elementares normas de protecção ambiental e a constituir um forte incentivo à transgressão. Sim, porque poucos estarão dispostos a percorrer inutilmente trezentos ou quatrocentos metros às três ou quatro da manhã – ou a outra qualquer hora, como já aqui documentei – só porque um plano idealizado por uns quantos “técnicos” impede que se chegue ao mesmo local percorrendo apenas dez metros. Coisa de gente sentada tranquilamente a uma secretária que desconhece a realidade do terreno e que, por qualquer motivo desconhecido mas que poderá ter a ver com alguma patologia, acha muito giro andar às voltas com o carrinho.
A linha vermelha desenhada nas imagens de satélite representa o trajecto que os residentes são agora obrigados fazer. Pelo menos os que cumprem o Código da Estrada. Não vale por isso a pena alongar-me - por hoje, porque voltarei ao tema - a dissertar acerca da dimensão da burrice que foi cometida. Neste, como noutros casos, uma imagem – ou duas – valem por mil palavras. Ou mais.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

A avenida da harmonia

Este original canteiro pode ser apreciado numa das entradas da cidade. Ou saídas para quem circula em sentido contrário. A sua existência resulta – digo eu, embora qualquer outra explicação seja igualmente boa - do facto de, quando do arranjo paisagístico da zona, o passeio não ter sido “encostado” ao pavimento já previamente alcatroado. Apesar disso a faixa de rodagem não ganhou mais meio metro mas, em contrapartida, ficou visivelmente mais…verdejante, digamos. Constitui mesmo um exemplo perfeito da harmonia em que podem coexistir o alcatrão e esta espécie de hortaliça.
Não sei se aquilo, depois de seco ou noutro estado qualquer, se pode fumar ou não. Nem se será coisa que se possa utilizar numa salada. Tão pouco me interessa. Acho apenas que é de preservar esta pequena maravilha com que a natureza nos brindou. Apesar do tráfego intenso, dos gases emitidos pelos escapes dos milhares de viaturas que por ali passam diariamente e das adversas condições de subsistência é reconfortante assistir à resistência heróica – brava, é capaz de soar melhor – com que estas plantas enfrentam a invasão do seu espaço natural. E mesmo quando o calor as transformar em pasto recordar-nos-emos do seu exemplo. Afinal não são apenas as árvores que morrem de pé. Algumas ervas, ainda que daninhas, também.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Orçaminto (II)

 A generalidade dos comentadores económicos não está satisfeita com a proposta de Orçamento de Estado ontem apresentada. Para eles era preciso cortar mais na despesa. Muito mais. Nomeadamente nos vencimentos dos funcionários públicos. Ou até mesmo mandar muitos para o desemprego. O que seria o ideal, no entender dessas sumidades potenciais candidatos a prémio Nobel da ciência económica, embora noutra parte do seu discurso lamentem a elevadíssima taxa de desempregados e elejam isso como um dos principais males do nosso país. 

Confesso que este tipo de discurso me deixa completamente baralhado e com receio, mais que fundamentado, de não estar a acompanhar o raciocínio das criaturas. Senão vejamos. Segundo eles o desemprego é um problema gravíssimo e o governo não revela competência para inverter a situação que, asseguram os nossos economistas, é coisa para a breve prazo chegar aos dois dígitos. Por outro lado, se muitos funcionários públicos fossem despedidos – duzentos mil dispensados da função pública foi um número que chegou a ser adiantado por um desses badamecos – seria excelente. Ainda que a tal estatística, dramática segundo eles, atingisse valores que agora consideramos impensáveis.
Claro que estes senhores não são para levar a sério. Nem sei como ainda se atrevem a atirar para o ar soluções para uma crise que não foram capazes de escrever. Contudo exibir estes admiráveis níveis de incoerência parece-me uma coisa já relativamente próxima da parvoíce.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Salário menos minimo

Caso os média nacionais não estivessem por estes dias mais preocupados com o Orçamento de Estado, a medida promovida pela Câmara da Vidigueira de aumentar os funcionários com mais baixos salários à custa da redução do vencimento de eleitos e respectivo staff de apoio, causaria ampla discussão e provocaria intenso debate na opinião publicada.
Ainda assim, nos blogues e nas caixas de comentários dos sites de alguns órgãos de comunicação social onde a notícia mereceu uma discreta referencia, as reacções não se fizeram esperar. Se, por um lado, uma ampla maioria concorda com o caminho que aquela autarquia alentejana se propõe seguir surgem já, aqui e ali, umas quantas vozes discordantes a revelarem um certo incómodo. Provavelmente mais preocupadas com as consequências e as ondas de choque que a decisão inevitavelmente irá provocar na sociedade portuguesa, do que com o seu conteúdo ou os efeitos que poderá causar na pequena localidade onde será posto em prática. Coisa que, como é óbvio, lhes interessará muito pouco por se situar a considerável distância do seu umbigo.
Não é preciso possuir grandes dotes adivinhatórios para prever que não assistiremos ao generalizar de decisões como esta noutras autarquias, em empresas, nem - ainda menos - no Estado. Não passa de demagogia. Argumentarão muitos. Talvez. Mas tratem de convencer disso quem, por esta via, vê o seu ordenado substancialmente melhorado.
Ah! E porque não tenho qualquer reserva mental em fazê-lo,aqui fica devidamente referido que a Câmara da Vidigueira é gerida pelo Partido Comunista Português.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Orçaminto 2010 (I)

Sem necessidade de recorrer a estratagemas mais ou menos limianos, o governo de José Sócrates já conseguiu a garantia de aprovação do orçamento para o ano em curso.
Hesito em considerar este facto uma boa noticia. Embora não tenha acompanhado com especial atenção os desenvolvimentos das negociações entre o governo e os dois partidos da oposição à direita, não deposito grandes esperanças nos negociadores alegadamente opositores. Não lembra a ninguém – a menos que seja do CDS/PP – colocar como condição essencial para viabilizar o Orçamento que o governo fiscalize a atribuição do Rendimento Social de Inserção. Ou seja, que cumpra a lei.
Com o PSD a coisa não terá corrido melhor. Este partido estará firmemente disposto a aceitar que os funcionários públicos vejam os seus salários congelados. Isto apesar do governo até ter já revelado, noutras ocasiões, abertura – ainda que ligeira, que não convém dar largas a esses malandros da função pública – para conceder uns escassos cagagésimos de actualização salarial aos servidores do Estado.
Perante posições tão extremadas não terá sido fácil chegar a um entendimento. Cálculo que para José Sócrates tenha sido penosa a aceitação de propostas tão drásticas que, estou em crer, nunca lhe terão passado pela cabeça. Pior. Relativamente às condições avançadas pelo CDS/PP custa-me a acreditar que o governo tenha cedido em matéria tão controversa como o cumprimento da legalidade. É, decididamente, um precedente de extrema gravidade.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Multiculturalismo e ingenuidades

Por essa internet fora anda uma turba de indignados a tecer os mais variados comentários e a ameaçar com processos judiciais uma mãe britânica que colocou no Facebook uma fotografia do seu petiz, armado em alarve, com um cigarro na boca. Coisa feia, reconheça-se. Embora, relativamente a essa apreciação, o meu grau de parcialidade seja elevado na medida em que não fumo. Apesar disso não me parece que a senhora em causa, para além do pouco juízo evidenciado, tenha cometido qualquer espécie de crime ou o seu acto ponha em causa algum direito de alguém.
Estranhamente, ou talvez não, o nível de indignação não atinge as mesmas proporções quando fotos, vindas de outros lugares onde tudo parece ser permitido e tolerado pelo multiculturalismo vigente, nos mostram crianças a fazer coisas pouco próprias para a idade. Tanto quanto se sabe, até agora nenhum iluminado terá manifestado vontade de processar os extremosos papás muçulmanos por revelarem um comportamento irresponsável e que coloca em causa a integridade física dos seus fedelhos. Sinto-me tentado a não resistir à graçola fácil e pensar que apenas não o fazem pela dificuldade em identificar o pai…
O tabaco é uma das principais causas de morte mas, ainda assim, acredito que uma arma é capaz de ser um objecto mais mortífero. Mas isso sou eu - não passo de um ingénuo - que não consigo ver o elevado simbolismo na luta contra a opressão e a tirania imperialista a que estão sujeitos os heróicos povos do oriente médio.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Propostas parvas

Que eu escreva as mais variadas e destemidas barbaridades acerca de qualquer assunto sobre o qual me apeteça opinar não vem nenhum mal ao mundo. Na pior das hipóteses, se a opinião for por demais disparatada, faço figura de ignorante. Mas, como a minha voz não vai mais além do que o reduzido número de leitores deste blogue, a coisa não se reveste de uma gravidade especial. Até porque, como faço sempre questão de sublinhar, o que por aqui escrevo não passam de opiniões irrelevantes a maior parte das vezes desprovidas de fundamentação.
O mesmo não pode acontecer com as pessoas importantes. Aquelas que discursam em colóquios, fóruns e afins. Os que, pela importância ou destaque dos lugares que ocupam, deviam ter alguma moderação na divulgação das medidas que preconizam ou que propõem para regularizar a caótica situação em que se encontram as contas da Nação. É que a sucessão de disparates que várias figuras públicas têm debitado nos últimos dias, acerca daquilo que o Orçamento de Estado para o corrente ano deve conter, está ao melhor nível das sábias propostas de um assíduo frequentador de uma qualquer tasca mal-afamada.
Veja-se, só a título de exemplo porque podia citar mais uns quantos, o Presidente do BPI. Provavelmente ainda a digerir a resposta – em grande estilo, diga-se - de José Sócrates às críticas feitas pelo banqueiro à quantidade de dinheiro que o Estado terá gasto a combater a actual crise, o homem apresentou por estes dias propostas verdadeiramente inovadoras. E simultaneamente cínicas. Propõe Fernando Ulrich, entre outras coisas fantásticas, o congelamento das admissões e dos salários na função pública por um período de três anos. Sensivelmente um ciclo eleitoral, portanto.
Mesmo admitindo que em termos financeiros essa seja uma medida com resultados imediatos no controlo do défice, embora anteriores congelamentos já tenham demonstrado que o seu impacto não foi determinante, em termos económicos tal imposição, a concretizar-se, revelar-se-á uma verdadeira tragédia para as regiões mais pobres do país. Sabendo-se como em muitos concelhos uma parte significativa da população activa depende dos salários pagos pela autarquia ou pelo Estado, magros na sua esmagadora maioria, não será difícil adivinhar o impacto que tal situação causaria nas restantes actividades económicas. A quebra nos negócios seria acentuada, verificar-se-ia uma baixa na cobrança de impostos e daí resultaria uma menor receita para as Câmaras que, em circunstâncias extremas, deixariam de ter recursos para fazer face às suas obrigações porque, como se sabe, o financiamento das autarquias do interior, onde não existem negociatas de milhões a nível imobiliário, depende na sua quase totalidade do IRS gerado na sua área e do Fundo de Equilíbrio Financeiro, calculado com base nas receitas nacionais do IRS, IVA e IRC.
Por mim, que também gosto de fazer propostas parvas, proponho que todos os funcionários públicos cancelem as suas contas no BPI. Pode não fazer grande efeito e ter um impacto praticamente nulo nos negócios do banco, mas quem zomba desta forma indecente com largas centenas de milhares de pessoas não merece que nenhuma delas lhe confie o seu dinheiro.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Se houvesse imparcialidade na arbitragem o Porto era todos os anos campeão com 25 pontos de avanço!

Desde que me lembro – e já me lembro de muita coisa – o Benfica tem sido beneficiado pelas arbitragens. Tem sido essa, aliás, a única forma de o clube ganhar títulos. Isso em tempos distantes porque nos últimos anos as ajudas dos homens do apito e da bandeirinha tem apenas evitado que a equipa vizinha do Colombo desça de divisão. Sim, porque estou convencido que se não fosse o descarado favorecimento de que goza o Benfica estaria a disputar a terceira divisão distrital da associação de Futebol de Lisboa e, mesmo aí, andaria quase de certeza pelos últimos lugares.
Nesta época, por exemplo, ainda que as suas fileiras estejam recheadas de jogadores que são internacionais por selecções como o Brasil ou a Argentina e sendo o glorioso, quase de certeza, um dos clubes com mais jogadores presentes no próximo Mundial da África do Sul – ainda assim, reitero – apenas tem ganho os seus jogos graças aos erros, sistematicamente a seu favor, das equipas de arbitragem. Até naqueles jogos em que ganha por quatro, cinco ou mais golos, essa decisiva e maléfica influencia se revela determinante. Pelo menos na sábia opinião dos paineleiros televisivos para quem, se houvesse imparcialidade dos juízes, o Benfica mesmo recheado de estrelas, estaria em zona de despromoção e teria averbado até à data um ou dois pontitos. Um dos quais, na melhor das hipóteses, teria sido amealhado em casa com o Vitória de Setúbal porque, haverá certamente quem garanta, sete golos foram ilegais.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O que outros escrevem sobre nós...

O blogue “A nossa terrinha”, num dos últimos posts, publica uma extensa “reportagem” onde a autora manifesta a sua reprovação pela utilização do Rossio Marquês de Pombal como aquilo que considera ser um mega parque de estacionamento e, também, pela profusão de automóveis estacionados nos mais diversos recantos da zona central da cidade. Concordo, quase em pleno, com este ponto de vista. A cidade tem demasiados veículos, estacionados e a circular, sem que se vislumbre, face à sua dimensão e ao reduzido número de habitantes, razão que justifique uma utilização tão massiva do automóvel. Como escrevi em diversas ocasiões os estremocenses perderam o hábito de andar a pé, preferindo usar o carrinho para pequenas deslocações de escassas centenas de metros durante o dia e reservando as caminhadas de quilómetros para o fim do dia ou inicio da noite. Opções.
Relativamente às críticas ao estacionamento no Rossio, promovidas pelo citado blogue, discordo em absoluto. A placa central deve servir para isso mesmo. Constitui uma inegável mais-valia para a cidade a possibilidade de residentes e visitantes disporem de um local que lhes permite o fácil acesso aos serviços, ao comércio e ao lazer, contribuindo dessa forma para trazer mais pessoas ao centro e assim dinamizar – ou pelo menos não deixar morrer – as actividades económicas que aí se desenrolam. Para utilização pela população existem as amplas alamedas laterais onde cabem, se necessário for, todos os habitantes do concelho.
Lamentavelmente no único sitio onde a nossa visitante elogia a possibilidade de estacionar – junto ao Centro de Ciência Viva – é agora proibido fazê-lo. Apesar de alguma incongruência, a sinalização é clara quando ao impedimento de levar o popó para as imediações.

Nogócios pirateados

Os donos de vídeos clubes, preocupados com a perda de clientes e a consequente quebra do negócio, encontraram uma original forma de protesto. Juntaram-se na via pública e vá de desatarem a fazer downloads de filmes para provarem que o combate à pirataria não existe e esse facto constitui a principal ameaça para sobrevivência dos seus estabelecimentos.
Embora até admita que os dinâmicos empresários da área “videoaluguer” possam ter alguma razão de queixa da concorrência dos novos meios ao dispor de cada vez mais gente – viva o choque tecnológico e o divino Sócrates que o promoveu – não me parece nada bem esta forma de luta. Protestar contra a proliferação de um crime e a alegada displicência das autoridades, cometendo o mesmo crime que queremos que as autoridades alegadamente displicentes combatam, não me parece nada bem.
Pretenderá esta classe empresarial que, visando proteger os seus interesses, seja instituída uma espécie de policia dos costumes que trate de impedir o acesso a conteúdos que são disponibilizados na rede e alojados em servidores situados sabe-se lá aonde. Ou, quem sabe, se isso não for suficiente para a rentabilidade do seu negócio, proibir até a gravação caseira dos filmes transmitidos pelas televisões. Talvez fosse apropriado, digo eu, seguir o conselho da novel Ministra do Trabalho e olhar para as novas tecnologias com um olhar refrescante!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Audiências

Isto de opinar também cansa. Principalmente quando os objectivos estabelecidos ficam longe, muito longe, de ser atingidos. Ainda que as opiniões não sejam grande coisa - a maior parte das ocasiões não passam de devaneios pouco sérios, coisa para que os leitores estão devidamente alertados pelo lema do blogue – começa a aborrecer-me seriamente a fraca visibilidade conseguida ao fim de todo este tempo de existência.
Naturalmente que, atendendo ao tipo de escrita e de conteúdos, nunca perspectivei que este espaço obtivesse um sucesso por aí além mas, apesar disso, cheguei a considerar perfeitamente natural que, ao fim de quase dois anos de existência, passassem diariamente por aqui muito mais do que cem ou duzentos visitantes. O que nem constituiria proeza de espantar se atendermos às audiências conseguidas por uns certos blogues que ninguém lia e que existiram até há pouco tempo.
Com muitos ou pouco leitores o Kruzes continuará a existir e a manter a mesma linha “editorial”. Ainda que isso acabe por dar razão a quem afirma que “um blogue sem leitores não passa de um acto de masturbação intelectual”.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Questões (im)pertinentes

Em diversas ocasiões manifestei nas páginas deste blogue a minha concordância com a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Socorri-me para isso de argumentos que, passe a imodéstia, considero muito mais válidos e pertinentes do que os utilizados pelos entusiastas e militantes dessa causa que, na esmagadora maioria dos casos e apesar dos floreados de linguagem, se traduziam em português médio por “isso é lá com eles” ou, ainda mais simplórios, por um infantil “porque sim”.
Cheguei, inclusivamente, a declarar que se devia ir mais longe e redefinir o conceito de casamento como um “contrato entre pessoas que pretendem constituir família mediante uma plena comunhão de vida”, ultrapassando assim a barreira discriminatória e o entendimento reaccionário de família que limita a duas a possibilidade de contrair matrimónio. Uma aberração legal que nem as mentes espectacularmente iluminadas de uma certa intelectualidade ousa questionar. Vá lá saber-se porquê.
Já relativamente à adopção manifesto algumas reservas. Por um lado é verdade que há muita criança institucionalizada, ou a viver com toda a espécie de tarados, que seguramente estaria muito melhor se entregue aos cuidados de quem lhe pode proporcionar uma vida digna. Como será o caso de algumas parelhas constituídas por duas pessoas do mesmo sexo.
Também não me choca por aí além se, no futuro, uma criancinha filha adoptiva de uma dessas parelhas quando chegar ao jardim-de-infância quiser, se for menina, ter outra menina como “namoradinha” ou, no caso de um menino, fazer festinhas às pilinhas dos outros meninos. Quando muito aumentará o número de arranhões e nódoas negras, mas não será isso que me demoverá de considerar como boa a extensão deste direito a toda a gente.
A este respeito tenho apenas algumas dúvidas se estaremos a acautelar a felicidade das gerações futuras ao permitir a adopção de crianças por parelhas constituídas por duas mulheres. Sinceramente hesito. Devo lembrar que estas crianças têm direitos. Nomeadamente a, quando chegar a altura, também elas constituírem família. E será que, posto perante a perspectiva de vir a ter duas sogras, alguém estará disposto a casar com elas? Tenho as minhas reservas. Não me parece que em nome de caprichos presentes se deva hipotecar ou colocar em causa direitos futuros. Sim porque se alguém - paneleiro, fufa ou com outra orientação menos normal - me vier dizer que até gostava de ter duas sogras é, com certeza, um grande mentiroso.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

A minha sardinha é melhor do que a da vizinha.

Não consigo evitar um sorriso trocista sempre que ouço uma peixeira mais indignada assegurar que a nossa sardinha – a portuguesa – é que é boa. Nada que se compare à sardinha espanhola que, garantem, é uma verdadeira porcaria. Afinal parece que estava enganado. A prová-lo, ao clupeídeo marítimo que escolhe as nossas águas para navegar e que por cá acaba por morrer, foi hoje, após um processo que demorou quase ano e meio de aturados estudos, atribuída a certificação de qualidade que garante que o dito peixinho é mesmo bom.
A dúvida que me atormenta é como ter a certeza que as sardinhas agora certificadas passam a vida nas águas portuguesas. É capaz de ser um trabalho difícil mas alguém terá de o fazer. Importa, de agora em diante, garantir que nenhuma delas ultrapassa a fronteira e se deleita em navegações mais que suspeitas pelos mares castelhanos antes de ser capturada pelas redes de um qualquer pesqueiro português. Para isso conto com a honestidade dos nossos pescadores e com a perspicácia das nossas peixeiras. Serão peças fundamentais para a realização de um controlo eficiente que assegure que nenhuma sardinha pôs guelra em água espanhola. Ou lá se vai a certificação de qualidade. Que, como toda a gente sabe, é uma coisa muito importante. E também muito cara, diga-se.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Tugas ao volante

Condutor que nunca estacionou em cima de uma passadeira, que não tenha passado com o sinal vermelho ou que nunca cometeu uma outra qualquer espécie de transgressão, que mande a primeira buzinadela. Reinaria, tenho a certeza disso, o mais absoluto silêncio nas estradas portuguesas…
Não é que me admire, de tão frequentes, qualquer um destes atropelos ao código da estrada. Não esperava, era vê-los em simultâneo. E, atente-se em pormenor na fotografia, no caso em apreço nenhum dos prevaricadores teria necessidade de cometer nenhuma destas infracções. A carrinha branca tem espaço mais do que suficiente para estacionar antes da passadeira e o pesado de mercadorias, que passou com o semáforo no vermelho, já tinha pela frente pelo menos uma viatura vinda em sentido contrário a sair das Portas e perfeitamente à vista do condutor.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Noticias sobre as quais não me apetece escrever

São vários os temas que mereceram hoje um inusitado destaque nos noticiários radiofónicos e televisivos. Hesito entre pronunciar-me sobre as declarações de Pinto da Costa, o escândalo sexual que alegadamente envolve a mulher do primeiro-ministro irlandês e as previsões do Banco de Portugal relativamente ao crescimento económico para 2010.
Acerca do que disse o Presidente do clube de futebol do Porto não me apetece escrever grande coisa. O homem falou de coisas estranhas que tem ocorrido ou que estarão para ocorrer e deixou no ar a insinuação que haverá resultados desportivos que estarão a ser fabricados. É possível que sim. Destas coisas sabe ele melhor do que ninguém e, a nível futebolístico, os resultados dos últimos trinta anos são a melhor prova disso.
Escândalos sexuais também não são para aqui chamados. A senhora terá resolvido enrolar-se com um jovem que podia, pela tenra idade, ser seu neto e agora o marido suspendeu o mandato por uns tempos para ver se consegue salvar o casamento. Pois. O curioso da coisa é que se trata do chefe do governo que aprovou a lei, recentemente entrada em vigor, que pretende punir a blasfémia. O que é que tem uma coisa a ver com a outra? Assim de repente não me lembro de nada. A não ser que o diabo também tem cornos.
Sobre as previsões do Banco de Portugal quanto ao comportamento da economia também não me agrada dissertar. Ainda há seis meses previa um crescimento negativo de 0,6 por cento – ainda estou para saber como é que algo cresce negativamente – e agora já acredita que, afinal, a economia portuguesa vai crescer 0,7 por cento em 2010. Não me alongo em considerandos acerca do assunto, mas tiraria o meu chapéu, se o usasse, a este nível de coerência e ao grau de credibilidade que elas transmitem.
Perante notícias como estas fico sem palavras para escrever. O que, no caso, é bom. Ao ouvi-las começo a pensar que este é um blogue sério. Credível, até.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

As ruinas, os milhões e outras degradações

Edifícios magníficos, como este, não merecem o estado de abandono e degradação em que se encontram. Os factores que contribuíram para o actual estado de coisas – neste e em milhentos outros casos pelo país inteiro – são muitos, a maior parte conhecidos e poucas vezes de fácil resolução pelos proprietários. Que, diga-se, nem sempre são os principais responsáveis por os prédios se encontrarem neste triste estado.
Num ano em que o Estado gastou larguíssimos milhões de euros a apoiar empresas, sob o pretexto do combate à crise e às suas consequências, sem que dessa fabulosa injecção de dinheiro público se assistam a resultados palpáveis, parece cada vez mais evidente que se perdeu uma oportunidade histórica de recuperar as nossas cidades. Mesmo que não fosse necessário recorrer a uma espécie de nacionalização de todos os edifícios degradados – embora o governo tenha nacionalizado um banco em avançado estado de degradação – haveria de se encontrar uma qualquer solução que permitisse ao Estado promover a recuperação de muito património edificado. Constituiria uma opção geradora de emprego e que, seguramente, dinamizaria muito mais as economias locais do que empreendimentos megalómanos ou alguns apoios que começam a suscitar dúvidas e sobre os quais ainda muito se há-de ouvir falar. Com a inegável vantagem de, passada a crise, voltarmos a ter as nossas cidades devidamente arranjadas e bonitas.
Neste edifício funcionou até ao final dos anos oitenta uma das mais afamadas e finas mercearias da cidade. Frequentada por clientela distinta e onde maltrapilhos como eu não eram bem vistos. Recordo-me de, na única vez que lá fui, apenas terem recebido um cheque como meio de pagamento das minhas compras – algumas garrafas de vinho do Porto – porque um outro cliente, que não conheci de lado nenhum, garantiu que eu não era gajo para andar a passar cheques carecas. Devia estar farto esperar na bicha da caixa…

domingo, 10 de janeiro de 2010

Portugal, um bom local para viver.

Segundo um estudo de uma conceituada - mesmo que não seja tida em grande conta convém sempre salientar este aspecto, para dar um ar de credibilidade - revista internacional, Portugal é um dos melhores países do Mundo para viver. O país surge em vigésimo primeiro lugar da tabela e, para espanto de muita gente, à frente de países como o Reino Unido, Grécia, Eslovénia, Mónaco, Suécia, Polónia e mesmo o Japão.
A análise resulta da média de um conjunto de indicadores e foi, com toda a certeza, realizada tendo por base aturados, sérios e competentes estudos científicos. Nem outra coisa será de esperar de quem se dá ao trabalho de publicar uma lista. Seja ela de que tipo for. Não vou por isso questionar o posicionamento de Portugal no referido ranking. Até porque vivo numa cidade onde empregadas domesticas vão de Mitsubishi Strakar para casa das patroas e empregadas de café se deslocam para o trabalho num daqueles jipes que custam várias dezenas de milhares de euros.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Aquecimento global?!

São cada vez mais as vozes que manifestam o seu cepticismo relativamente às teorias catastrofistas acerca do aquecimento global. Há mesmo quem considere que estamos perante um mito sustentado por interesses nem sempre transparentes e que mais não visa do que dar dinheiro a ganhar a muita gente.
Não sei se é assim ou não. Para além de não possuir conhecimentos científicos que me permitam ter uma opinião fundamentada, o assunto não faz parte do meu top ten de preocupações. Até porque, se as previsões mais pessimistas se concretizarem, quando a vida se tornar insustentável no planeta já por cá não andarei e, pelo rumo que o mundo leva, a Terra por essa altura não será, medido pelos padrões da sociedade actual, um lugar agradável para viver.
Sei apenas que está um frio do caraças e que um pouco mais de aquecimento, que nem precisa de ser global basta apenas regional, não fazia mal nenhum mal. Um grau negativo não é temperatura que se apresente. Nem no Alentejo onde estas coisas, mesmo não sendo novidade, não acontecem todos os invernos.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Modernaços mas pouco

Até agora um gajo apenas podia casar com uma gaja e a uma gaja só era permitido casar com um gajo. O que era claramente limitador, tratava-se de uma restrição inadmissível da liberdade individual e revelava-se uma intolerável ingerência na intimidade de cada um. Depois de muitas lutas e manifestações em que a principal palavra de ordem foi “eu amo quem quiser…” isso vai, finalmente, mudar. Dentro de pouco tempo um gajo já vai poder casar com outro gajo e uma gaja com outra gaja. Para além de, pelo menos por enquanto, ainda ser possível um gajo casar com uma gaja e uma gaja com um gajo.
Como já escrevi noutras ocasiões, embora não esteja completamente em desacordo com este significativo avanço civilizacional - também alinho com o “isso é lá com eles”, o argumento mais utilizado para defender a alteração do conceito de casamento - parece-me que ainda não se foi suficientemente longe na defesa dos direitos humanos e no combate a discriminações perfeitamente injustificadas. Não se vislumbra, em pleno século vinte e um, motivos suficientemente válidos para continuar a criminalizar, por exemplo, a poligamia. A limitação legal do casamento a duas pessoas constitui uma violação de vários direitos – e até um repugnante desprezo pelas tradições culturais de outros povos que vivem entre nós – para além de ser manifestamente errada por limitar o âmbito familiar a escasso número de indivíduos. Dois ou três, na maioria dos casos.
Afinal, apesar de tanto alarido, a alteração promovida pela esquerdalha pouca coisa mudou. Poderá dizer-se que apenas aumentou o leque de escolha. Verdadeiramente liberal e modernaço era um gajo poder casar com duas ou mais gajas, três gajas poderem casar com quatro ou mais gajos, cinco gajos – ou gajas - casarem entre si e por aí adiante. Isso sim, é que era. E façam favor de não me contrariar porque tenho dois argumentos irrefutáveis. “Isso é lá com eles”, e “eu amo quantas quiser”.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Alarves e papalvos

A fase que precede a apresentação do Orçamento de Estado é fértil no aparecimento de estudos, análises, propostas, declarações e emissões de opiniões, quase todas sábias, acerca do que o documento orientador da política económica e financeira do país dever prever para o ano seguinte. Ou, como é o caso, para o ano em curso. Isto porque o governo saído das eleições, que por acaso até mantém alguns ministros, prossegue a mesma linha política e é chefiado pelo mesmo primeiro-ministro do anterior, mais de cem dias depois, ainda não foi capaz de apresentar a proposta de orçamento na Assembleia da República. Produtividadezinha da boa, portanto.
As análises e bitaites diversos de toda esta brilhante rapaziada que habitualmente se pronuncia acerca dos males do país apontam todas no mesmo sentido. Reduzir a despesa para baixar o défice. Para conseguir tal desiderato as criaturas são unânimes em considerar como imperioso congelar os salários da função pública, os mais comedidos, e os mais radicais avançam mesmo para a necessidade de proceder a despedimentos entre os funcionários do Estado para controlar as contas públicas. Ou seja, nada de novo.
É precisamente a ausência de propostas inovadoras e arrojadas para a resolução do problema orçamental que me deixa perplexo. Congelar ou reduzir salários e despedir pessoal para equilibrar as contas, qualquer um é capaz de propor. Até alguém com um grau de inteligência entre o papalvo e o alarve. Mas de quem estuda estes assuntos até à exaustão esperava-se algo melhorzinho... 

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Tenho direito a blasfemar!

Os sinais de um preocupante retrocesso civilizacional não param de nos surpreender e surgem de onde menos se espera. Desta vez não foi um grupo de velhos barbudos com ar alienado e aspecto de quem não toma banho há muitos meses a considerar blasfemos uns quantos rabiscos, afirmações ou textos de quem se está nas tintas para essa coisa dos deuses. Foi, isso sim, a democrática Irlanda, a mesma que repete referendos até que o resultado seja o pretendido, que inventou uma lei seriamente limitativa da liberdade de expressão quando em causa estão as crenças religiosas. De ora em diante quem proferir expressões atentatórias, abusivas ou insultuosas em relação a um assunto considerado sagrado por qualquer religião, causando indignação a um número substancial de seguidores dessa religião, poderá ser punido com multa até aos vinte cinco mil euros.
Este é um precedente – no ocidente apenas a Finlândia terá uma lei semelhante – que pode representar o fim da liberdade de expressão tal como a conhecemos. E não se pense que isso é problema apenas dos irlandeses. Esta lei incentivará aqueles países que defendem uma resolução da ONU que criminalize a nível mundial aquilo a que chamam difamação da religião. E será apenas o começo…porque essa malta das rezas e dos deuses não se vai ficar só por estas proibições.
Esta é uma lei claramente discriminatória. Apesar de supostamente pretender impedir que se goze com sentimentos, o que até pode parecer acertado, discrimina uns sentimentos em detrimento de outros. Para mim, que religião é o Benfica, continuarei desprotegido das blasfémias dos adeptos dos clubes minoritários. Ou seja de todos aqueles que não viram a Luz. Afirmar, sequer sugerir, que o Glorioso ganha os seus jogos graças às ajudas do árbitro causa-me, e também a um número significativo de seguidores – para aí uns seis milhões em Portugal e outros tantos no resto do mundo – uma profunda indignação. Tanta ou mais que aos cristãos quando se questiona a virgindade da mãe de Jesus – do outro, não do nosso – ou aos seguidores do profeta se sugerirmos que este era um brutamontes com cara de porco.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Personalidade assim-assim 2009

O Manel Maleiro julga-se o supra sumo da inteligência, da virtude, da integridade e portador de uma espinha – deve pensar que é um peixe, embora na verdade não passe de um verme - incapaz de se dobrar perante quem quer que seja. Mas isso é o que ele pensa e o que quer que os outros pensem dele. Coisa que os outros obviamente não fazem porque, por mais que se esforcem, não conseguem vislumbrar nenhuma dessas qualidades no nosso Manel. O que o deixa visivelmente transtornado e com vontade de recorrer a meios ao alcance de poucos – tão poucos que nem o próprio Maleiro se inclui nesse restrito grupo - para obrigar os demais cidadãos a reconhecerem-no como ele gostaria ser visto.
Embora com um enorme e lamentável atraso devido a problemas informáticos associados a uma habitual desarrumação de ficheiros, à semelhança do ano anterior este blogue volta a atribuir o prémio “Personagem Assim-assim do ano”. O objectivo é distinguir quem, não sendo grande coisa, contribuiu para nos animar ainda que não nos tenha divertido por aí além. O laureado de 2009 é, como já adivinharam, Manel Maleiro. Parece-me um justo e digno sucessor do Homem do Bloco que foi, recorde-se, merecedor de igual destaque em dois mil e oito.
De salientar que qualquer semelhança dos nomeados – Manel Maleiro e Homem do Bloco – com alguém, circunstâncias ou factos conhecidos, ou até mesmo desconhecidos, será uma mera e infeliz coincidência. Trata-se de personagens de ficção e não passam de produtos da mente, por vezes perversa, do autor deste blogue. Algo que qualquer professor de moral ou psicanalista, da nossa ou de outras praças, explicaria com relativa facilidade.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Vozes de burro não chegam ao Kruzes

Não me importo de alimentar polémicas. Nem aqui no blogue nem noutro qualquer lugar. Mas apenas as que eu quiser e quando eu quiser.
O mesmo se aplica à publicidade. Os que procuram palco para divulgar as suas propostas – ideias parvas é capaz de ser mais apropriado – terão de procurar noutro lado. É que neste blogue apenas publicito o que me pode trazer alguma rentabilidade.

Vara

No âmbito da piada fácil e da graçola de oportunidade o robalo tem estado claramente sobrevalorizado desde que um certo “passarão” fez revelações surpreendentes acerca do conteúdo de uma determinada caixa que lhe terá sido ofertada. Mas é tempo de mudar isso. Outras espécies merecem igual destaque, havendo portanto que acabar com a exclusividade do robalo no contexto do anedotário nacional quando em causa estão presentes, ofertas, lembranças e afins.
O pombo, acredito, seria uma excelente alternativa. Tem todas as condições para isso. Até porque, recorde-se, este simpático pássaro não canta nem pia. Apenas arrulha de forma curiosa.

sábado, 2 de janeiro de 2010

"Botabaixismo"

Este já foi um local melhor frequentado. Hoje, em ruínas e com evidentes sinais de vandalismo, mostra que os seus frequentadores – ocasionais, presumo - não serão pessoas de bem nem ali se deslocarão com as melhores intenções.
Este edifício, ou o que resta dele, é património da CP. Atendendo aquilo que tem sido ao longo das últimas décadas a politica de abandono sistemático do interior do país e de desinvestimento no transporte ferroviário, não surpreende que imagens de degradação como esta sejam uma constante ao longo de todas as linhas onde o comboio deixou de passar.
O destino deste prédio, e provavelmente da maioria dos que se encontram em idênticas circunstâncias, acabará por ser a demolição. Afinal, no país do TGV e de outros investimentos faraónicos, não parece haver lugar para pequenas obras de reparação e de aproveitamento, ainda que para fins diversos do inicial, do património edificado à custa dos contribuintes. Até porque não são essas obras que interessam às construtoras do regime ou às administrações bem remuneradas. Nem a outros comissionistas.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Previsões irrelevantes para 2010

A nível nacional o ano que agora começa voltará, provavelmente e tal como os anteriores, a ser marcado pelas campanhas negras. E também pelas caixas de robalos. Nada de novo, portanto.
As previsões dos Professores Bambo e Medina Carreira não se concretizarão. O mesmo acontecerá com as do governador do Banco de Portugal. Já as previsões do governo, após dez correcções, constatar-se-á estarem rigorosamente certas.
No campo do desporto - do futebol em particular – não arrisco prognósticos quanto a campeões. Prevejo apenas que, apesar de tudo, o Sporting não desça de divisão. Nem o Porto. Até porque, relativamente a este último, não disputa o campeonato italiano mas sim a liga portuguesa.
Cá pela terrinha continuaremos a ter merda de cão nos passeios. Nos bairros porque os cães andam livremente pelas ruas – o que me parece ser proibido – e na relva que circunda o Rossio, ou na maior avenida da Europa com iluminação LED, porque os donos os levam para lá a passear. E para cagar. O que também não se afigura de todo legal.
Merda e vómito provavelmente continuarão a aparecer na piscina. A menos que as medidas que se anunciam – ainda que polémicas e passíveis de causar elevados níveis de desagrado – contribuam para sanar o problema. Embora, quanto a mim, a coisa tenha que passar pela responsabilização dos papás. Babados ou não com as performances dos seus rebentos.
O ano que agora entra poderá também marcar a retirada das inestéticas – horríveis, vá – barracas de lata dos vendedores de fruta e hortaliça do centro da cidade. O novo espaço está praticamente concluído pelo que se avizinha a sua saída daquele local. Antes que a Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica faça um daqueles raids espectaculares a que já nos habituou.
Também a variante do IP2 continuará sem existir. Mesmo que os técnicos, num golpe de magia, tirem da cartola um traçado alternativo uma vinha, um urbano-deprimido à procura de sossego ou um malmequer, impedirão a aprovação do projecto. O melhor, digo eu, era fazer o desvio à cidade através de um túnel. A bastante profundidade, não vá existir por ali uma colónia de minhocas de uma espécie em vias de extinção.