quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Estudos incompletos

Foi hoje dado amplo destaque à violência que alegadamente – o alegadamente sou eu a dizer porque, ao contrário do habitual, os difusores da noticia não empregaram esta palavra tão em voga no meio jornalístico – é exercida sobre os idosos. O conceito de violência é, no estudo que fundamenta a noticia, bastante lato e engloba no mesmo saco as agressões – cobardes, acrescento eu – de que os mais velhos são vitimas até aos internamentos contra sua vontade, mas muitas vezes inevitáveis, em lares da terceira idade. 
O mesmo estudo identifica como potenciais agressores, nas suas vertentes física e psicológica, familiares próximos e vizinhos da vitima. Deixam os seus autores fora do rol de agressões, no entanto, outras formas de violência não menos negligenciáveis. Ou não será também - a ocorrer -  um acto de extrema violência uma qualquer instituição, dita de solidariedade social, acolher preferencialmente os idosos que se mostrem disponíveis para contribuir com uma generosa doação à instituição ou, sabe-se lá, para quem a dirige? Doação absolutamente voluntária, saliente-se, que jamais alguém sugeriu e que se deve apenas ao espírito altruísta do candidato ao acolhimento. 
E a malta do social, aquela que se diz assistente mas mais valia não desse assistência, não é violenta sobre os idosos que têm o azar de ir parar ao internamento de um qualquer hospital? Após a alta médica esses “profissionais” exercem todo o tipo de pressões sobre as famílias, ainda que estas não tenham condições para o fazer, para que cuidem dos seus familiares em casa mesmo que estes estejam às portas da morte ou fiquem das oito da manhã às oito da noite sozinhos em casa dos filhos. Isso não é violência? 
Gosto de estudos. Muitos deles ensinam-nos coisas. Parvas, quase sempre. Tenho é pena que os estudiosos abordem os problemas pela rama e pretendam publicitar os seus trabalhos através de mensagens-choque, que mexam com as consciências, sem se preocuparem com outras vertentes igualmente importantes. Deve ser de serem jovens.

1 comentário:

  1. Uma realidade que descreves com muita mestria, porque há estudos e estudos e este é mais um a juntar aos vários que já existem por não "haver um acolhimento condigno aos idosos e se o há é pago a peso de ouro". Além de muitos lares/associações ficarem com tudo que os utentes têm (por exemplo casas) é para "renderem" independentemente de tratarem bem ou mal.

    É violência SIM, ficarem sózinhos em casa dos filhos ou até na sua própria casa, da 8h às 20h ou até muito mais tarde...porque têm um local, mas não há quem trate deles. E a noite? e todos temos capacidades e conhecimentos para tratar de idosos sobretudo acamados?
    A minha mãe tem sorte por me ter a mim já que os meus irmãos e netos todos estão a trabalhar e nas suas vidas, mas nos seus quase 81 anitos continua autónoma e se for preciso "um dia" quer ir para um lar, mas jamais para casa dos filhos, netos e bisnetos:)

    Criticam quem os deixa nos hospitais...mas não se dão ao trabalho de saber se há condições e disponibilidade. Depois é triste ficarem com um filho(a) e serem agredidos.

    Para terminar...outra coisa não menos real...é que há pais e pais, como há filhos e filhos!!

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