Não é hábito publicar posts que não tenham
sido escritos por mim. Abro hoje uma excepção para este texto que me foi
enviado por correio electrónico e que terá sido, segundo o remetente do e-mail,
publicado originalmente na revista “Sábado”. É daquelas prosas tão jeitosas que até
podia ter sido eu a escrever…
O estranho mundo dos autarcas
Nos
últimos dois anos, por causa da crise, muita coisa mudou em Portugal, mas houve
uma que se manteve: o País continua, como sempre, a poder contar com os
autarcas para introduzirem uma dose substancial de insanidade política em
qualquer debate público em que se envolvam.
Este fim-de-semana, durante o congresso da Associação Nacional de Municípios, ficou mais uma vez provado que os presidentes de câmara estão perto das populações mas longe do planeta Terra. Primeiro, decidiram exigir ao Governo a revogação da Lei dos Compromissos - trata-se de uma legislação que (imagine-se o desplante) impede as autarquias de "assumirem compromissos que excedam os fundos disponíveis". Ou seja, impede-as de acumularem dívidas que terão de ser pagas pelos contribuintes.
Depois, para contrabalançar esta posição crítica, decidiram fazer algumas propostas construtivas: criar "uma nova instância política de âmbito metropolitano eleita por sufrágio directo e universal" (faltou dizer quanto custa); incentivar o "fortalecimento e dinamização das Comunidades Intermunicipais" (sim, também faltou dizer quanto custa); e lançar uma Comissão Nacional da Administração Local (pois, faltou dizer quanto custa).
Os autarcas portugueses não têm a mais pequena dúvida de que estão certos e de que todos os outros estão errados: as propostas da troika são "um embuste, fruto da ignorância atrevida", o Governo é um mero "cúmplice" das "instituições internacionais" e todos aqueles que querem diminuir o número de freguesias são "realmente loucos" e estão "contra a vontade do povo".
Se a isto tudo juntarmos o facto de o congresso ter acabado com o abandono de parte dos autarcas e com uma votação feita debaixo de assobios e insultos, ficamos a perceber melhor como seria o País governado por presidentes de câmara com ainda mais poderes e ainda mais dinheiro para gastar - seria animado, mas perigoso.
Este fim-de-semana, durante o congresso da Associação Nacional de Municípios, ficou mais uma vez provado que os presidentes de câmara estão perto das populações mas longe do planeta Terra. Primeiro, decidiram exigir ao Governo a revogação da Lei dos Compromissos - trata-se de uma legislação que (imagine-se o desplante) impede as autarquias de "assumirem compromissos que excedam os fundos disponíveis". Ou seja, impede-as de acumularem dívidas que terão de ser pagas pelos contribuintes.
Depois, para contrabalançar esta posição crítica, decidiram fazer algumas propostas construtivas: criar "uma nova instância política de âmbito metropolitano eleita por sufrágio directo e universal" (faltou dizer quanto custa); incentivar o "fortalecimento e dinamização das Comunidades Intermunicipais" (sim, também faltou dizer quanto custa); e lançar uma Comissão Nacional da Administração Local (pois, faltou dizer quanto custa).
Os autarcas portugueses não têm a mais pequena dúvida de que estão certos e de que todos os outros estão errados: as propostas da troika são "um embuste, fruto da ignorância atrevida", o Governo é um mero "cúmplice" das "instituições internacionais" e todos aqueles que querem diminuir o número de freguesias são "realmente loucos" e estão "contra a vontade do povo".
Se a isto tudo juntarmos o facto de o congresso ter acabado com o abandono de parte dos autarcas e com uma votação feita debaixo de assobios e insultos, ficamos a perceber melhor como seria o País governado por presidentes de câmara com ainda mais poderes e ainda mais dinheiro para gastar - seria animado, mas perigoso.
A solução do desemprego pode estar na criação de mais 20 e tal mil freguesias, oitocentos e tal concelhos, 60 e tal distritos e umas dez regiões.
ResponderEliminarSaudações!
Triste país...e quero ver o que o povo irá fazer nas autárquicas do ano que vem ou será em 2014?
ResponderEliminarO peixe já anda a ser vendido e prometido nos pregões e atitudes.