quarta-feira, 17 de outubro de 2012

IVA e homens das tabernas



Os empresários da restauração – taberneiros, como eram conhecidos até há alguns anos – lamentam-se da taxa de IVA, a máxima, que é aplicada às vendas que efectuam aos seus fregueses. Terão certamente as suas razões. Logo pelo montante que o imposto representa no valor do serviço que prestam e, depois, por isso constituir um factor que pode afastar a clientela dos seus estabelecimentos. Estranhamente ainda não ouvi queixas, mas devo ser eu que não tenho prestado atenção suficiente, à forte probabilidade de a elevada carga fiscal que incide sobre este negócio potenciar uma fuga da freguesia para a economia paralela. O que me leva a concluir que no sector não haverá fuga ao fisco e que todos são exemplares cumpridores dessa coisa das obrigações fiscais, ou lá o que é.
A lamúria desta gente roda, invariavelmente, em torno de uma alegada dificuldade em “pagar o IVA às finanças”. Confesso, ninguém me manda ser ignorante, que quando ouvi esta expressão pela primeira vez pensei que existissem problemas nas repartições de finanças – bichas, avarias, greves ou tragédias diversas - que inviabilizassem essa pretensão. É que, na maioria dos casos, ninguém sai de um café, restaurante ou espelunca similar, sem pagar a conta. Onde, cuidava eu, estaria incluído o IVA. Parece, afinal, que tenho andado enganado estes anos todos e que a coisa não funciona bem assim. A julgar pela conversa ao valor pago pelos clientes acrescerá, então sim, o imposto. E é precisamente essa importância – 23% - que os bons dos taberneiros dos tempos modernos se vêem à rasca para arranjar. Pois. Compreendo a dificuldade.
A inocência desta classe é comovedora. A julgar pelos seus lamentos parecem acreditar piamente que uma redução da taxa de imposto iria melhorar o seu negócio. Talvez tenham alguma razão. Mas para quem está convencido que é ele que paga o IVA, ainda que este baixasse para zero, dificilmente reduziria os preços. E quem pensa o contrário que faça um pequeno esforço de memória e tente lembrar-se do que foi, neste sector, a transição para o euro…

1 comentário:

  1. Concordo e discordo ao mesmo tempo com o que dizes:

    - Sim ao irmos a um restaurante, café, bar ao consumirmos pagamos o IVA que deveria ser logo canalizado e ou guardado para as Finanças, e maioria não o faz pelo que "dizes nas entrelinhas".

    - Não, como eu há milhares e milhares que raramente, mas muito raramente almoço ou janto fora (excepto se me pagarem e vamos sempre para o menú da crise:)) nota-se e bem no aumento dos preços.
    Basta ver e aqui ainda resistem 4, que em termos de clientela passaram do 8 para o 80...e jamais são o que já foram.

    - Sim na transição para o euro...muitos fizeram um bom pé de meia...porque grão a grão enche a galinha o papo.

    Um abraço rapaz

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