terça-feira, 23 de outubro de 2012

Nacional hipocrisia



Segundo um estudo de opinião divulgado um dia destes, mais de oitenta por cento dos portugueses preferem que o orçamento do próximo ano promova cortes na despesa do Estado em alternativa a um novo aumento de impostos. Passou-me despercebido o local e o público-alvo do inquérito. Deve ser do tamanho diminuto – cada vez mais pequeno para a minha vista – da ficha técnica que normalmente acompanha estas coisas. Mas o seu resultado, assim de repente, parece-me em absoluta contradição com a realidade. A menos que a sondagem tenha sido efectuada numa reunião daqueles economistas que vão aos canais televisivos arrotar postas de pescada. E cagar estacas, também.
Os portugueses podem até estar de acordo com toda a espécie de cortes orçamentais. Basta ser cumprida uma condição. E se duas melhor ainda. Que não os afecte e, de preferência, que atinja em cheio o vizinho do lado. Daí que estes resultados não surpreendam por aí além. Revelam na perfeição a nacional hipocrisia e comportamento colectivo que nos conduziu a esta triste situação. E que, não serão necessário grandes dotes adivinhatórios para o prever, nos levará ainda a muito pior.
Um bom exemplo do que acabo de escrever pode ser constatado no facebook. Podemos acompanhar, quase em directo, as actividades estapafúrdias - onde se esturram os euros que não há - que muitos políticos fazem questão de compartilhar connosco e, salvo raríssimas excepções, os likes são mais que muitos. Poucos ousam questionar quanto custa, porque se faz, ou diga que não gosta das inventivas maneiras que aquela malta arranja para delapidar o nosso dinheiro. Podiam, digo eu, começar por ali a expressar o desejo de redução da despesa. Um pouco de honestidade intelectual não lhes ficava nada mal.

3 comentários:

  1. Não ando no Face...mas subscrevo o que dizes!

    Beijos

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  2. A pergunta do estudo de opinião, por mim, está instrumentalizada: os portugueses ficam presos por terem cão e por não o terem. O povo, na generalidade, pensa que os cortes na despesa são com o aparelho de estado em si: mordomias, salários dos políticos, menos boys, menos carros estatais, menores vencimentos de gestores públicos e por aí fora. Não contam com as mentes mafiosas dos políticos que, isso sim, vão cortar em tudo o que é social: saúde, ensino, segurança social, etc. Por isso quanto a essa pergunta, estamos lixados de todas as maneiras, quer na redução de despesas, quer no aumento de impostos. Quanto ao restante conteúdo do seu post...há muita gente no facebook que sabe ler, mas não percebe o que lê, ali...torna-se mais evidente.

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  3. Maria Mar

    Tudo o que refere são trocos. Embora, obviamente, devam ser tidos em conta até para moralizar a vida politica.

    O pessoal quer ver cortes na despesa e menos impostos mas depois gosta de festarolas que custam duzentos ou trezentos mil euros e adora obras inúteis (o melhor exemplo são escolas novas onde apenas existem velhos) onde se gasta dinheiro aos milhões! E depois, pasme-se, não quer aumento de impostos! Está tudo louco.

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