Receio não estar a
perceber plenamente o conteúdo da notícia. A acreditar no texto publicado na
página on-line de um jornal da região centro, um político da zona terá
confessado uma infracção à lei para, segundo o próprio, uns quantos comensais
poderem almoçar. Acrescentando ainda, segundo a mesma fonte, que o faz
repetidamente. Referindo-se ao acto de infringir, claro. Embora eu manifeste
desde já – ainda que sem provas – as mais convictas suspeitas que o homem
também é gajo para almoçar todos os dias mesmo sem, por isso, violar qualquer
tipo de legislação.
Ora, a ser verdadeira,
esta declaração é deveras inquietante e revela-se de particular gravidade. Significa
que as leis da república são desprezadas e que o seu incumprimento não constitui
motivo para preocupações. Antes pelo contrário é exibido publicamente como se
quem o pratica fosse uma espécie de herói. Recorde-se que um dos artigos da lei
que o autarca em causa alega ter violado diz, textualmente, o seguinte: “Os
titulares de cargos políticos, dirigentes, gestores ou responsáveis pela
contabilidade que assumam compromissos em violação do previsto na presente lei incorrem
em responsabilidade civil, criminal, disciplinar e financeira, sancionatória e
ou reintegratória, nos termos da lei em vigor.”
Se calhar o senhor terá
sido mal-interpretado. Ou, tratando-se de um almoço, poderá ser algo a falar
por ele. Quiçá, até, o problema possa ter estado no gravador. Sabe-se que esses
aparelhos são muito traiçoeiros. Um certo deputado - cujo nome não me recordo,
mas que também não interessa nada - que o diga.
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