Que qualquer paspalho
vomite as suas opiniões deprimentes ou destile os seus ódios de estimação contra
os funcionários públicos, não é coisa que me provoque a mais pequena reacção ou
que constitua, sequer, motivo para a mais ténue indignação. São vozes de burro
e, como tal, voam baixinho.
O que me deixa
verdadeiramente transtornado são afirmações da mesma natureza, proferidas de
forma convicta, por gente com responsabilidade na sociedade e que, em principio
e se estiver no seu perfeito juízo, tem obrigação de saber o que diz. A menos
que esteja de má fé, a tentar com as suas declarações influenciar quem tem de
tomar decisões ou, de alguma forma, a preparar o terreno para a implementação
das medidas que preconiza.
Foi o caso de um velhote
de cabelo branco, sobejamente conhecido - pelas piores razões - da generalidade
do público, que num momento de rara sagacidade e de notória indignação pelo
chumbo do Tribunal Constitucional ao corte dos subsídios de férias e de Natal,
apelou ao primeiro-ministro para aplicar integralmente o Código do Trabalho à
função pública. Já que se pretende equidade, acrescentou, então que ela seja
plena e as regras do trabalho sejam iguais para todos. Não que a ideia me
pareça de todo mal. Suscita-me apenas umas quantas dúvidas. Vejamos o seguinte
exemplo: Se num restaurante alguém dá uma gorjeta ao empregado com o intuito de
conseguir uma mesa antes dos demais clientes, isso não constituirá nenhum
crime. É má educação, apenas. Igual procedimento num serviço público é
absolutamente intolerável. Pelo menos no actual quadro legislativo. Noutro,
nomeadamente o sugerido pelo tal velhote, não estou assim a ver porque há-de continuar
a ser…
Pena que o fulano em
causa – um tal de Catroga, ou lá o que é – não tenha ido mais longe na proposta
de equidade. Podia ter sugerido que fosse criada legislação que punisse os políticos
pelos actos de gestão que tomam no âmbito das suas funções. Nem precisava de
ser particularmente inovador. Bastava que fosse lhes fossem aplicadas as mesmas
leis que se aplicam a qualquer cidadão que não sabe gerir a sua empresa.
Tal e qual e esse de Catroga e outros se fossem banidos não faziam falta nenhuma.
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