Afinal – a acreditar no
patrão lá da chafarica onde o Relvas terá ido buscar o diploma – licenciados da
treta é o que não falta por aí. Não admira pois que tenhamos chegado a este
triste estado. Temos sido – e o mais certo é continuar assim – governados por
burros, preguiçosos e oportunistas que não estiveram para perder tempo com essa
maçada que é tirar um curso, preferindo aproveitar uma oportunidade jeitosa
para arranjar um canudo.
Pensava eu, mas claro que
ninguém me manda ser ignorante, que essa coisa do reconhecimento de competências
era apenas para as novas oportunidades. As tais que o PSD ridicularizava e que,
pela boca do seu líder, prometeu extinguir ainda em campanha eleitoral. Contudo,
até para participar nessa festa que foi a distribuição de diplomas e computadores,
era preciso fazer uns quantos trabalhitos. E o papel a garantir que o portador possuía
o ciclo de ensino pretendido só era conseguido após uma “entrevista” em que um
avaliador, em amena cavaqueira com o candidato, o interrogava acerca da sua
alegada experiência de vida. Portanto, como se vê, existia nas novas
oportunidades um grau de exigência substancialmente mais elevado do que aquele
de que terão beneficiado umas centenas de espertalhões.
Diz que está tudo na lei
e que, no limite, uma qualquer besta pode entrar no edifício da universidade
sem saber uma letra e sair de lá doutor. Ainda que nem por isso menos besta.
Tudo dependerá da competência demonstrada relativamente à área em que se
pretenda diplomar. No caso da Ciência Política não será nada de mais. Bastará
ter sido militante mais ou menos activo de um partido e a coisa estará feita. Se
colou cartazes e distribuiu panfletos, bonés ou aventais então o douramento, provavelmente,
será garantido. Esta legislação pode, no entanto, levar-nos muito longe.
Conduzir-nos por caminhos sinuosos, mesmo. Não estou a ver, por exemplo, como
se poderia recusar a uma beata uma licenciatura imediata em Ciências das Religiões,
como se negaria a um vereador desse pelouro um mestrado em Urbanismo e Gestão
do Território ou a uma actriz porno um doutoramento em Cinema, Vídeo e
Comunicação Multimédia. Ou, já agora, a mim próprio uma pós-graduação em Fotografia.
Na variante merda de cão, obviamente.
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