Está de novo ao rubro a
troca de argumentos – insultos, digamos – acerca das desigualdades entre
trabalhadores do privado e do público. Se antes foram os primeiros a manifestar
o seu regozijo por os segundos ficarem sem dois meses de vencimento, agora são
os últimos a não esconder a satisfação por, ao que tudo indica, o roubo passar
a ser generalizado e não vitimizar apenas quem trabalha para o Estado.
Por mim é um peditório
para o qual não dou. Revolta-me, naturalmente, ser espoliado daquilo que me pertence
mas isso não me faz desejar o mal dos outros. Tenho até alguma dificuldade em
perceber porque razão alguém se pode alegrar com o facto de outro ser vítima de
um crime desta natureza. Ou de outra.
Parece lógico que se não
me pagarem também não gasto o dinheiro que não tenho - obviamente que não me
vou endividar para comprar aquilo que não posso pagar – e isso, como se afigura
fácil de perceber, contribuirá para que aqueles que vendem também tenham algum
tipo de dificuldade em cumprir as obrigações perante os seus empregados. Digo
eu, embora com tanta gente a achar o contrário o mais provável seja o meu raciocínio
carecer de fundamento ou partir de algum pressuposto errado.
Os benefícios no campo da
saúde de que gozarão os funcionários públicos têm sido também um dos insultos
mais utilizados. Convém esclarecer que, para receber as comparticipações pelos
actos médicos, os beneficiários da ADSE têm primeiro que os pagar na íntegra. O
seu reembolso demora, em regra, alguns meses o que faz com que quem não tenha
dinheiro para suportar a despesa recorra, como todos os outros, ao serviço
nacional de saúde e acabe por não usufruir do sistema. Embora desconte na
mesma. De salientar, também, que uma consulta de especialidade numa entidade
com acordo coma ADSE - Hospital da Luz ou da Misericórdia de Évora, por exemplo
- custa 5 euros ao utente e 14,97 euros ao Estado. Desconfio que num hospital
público é coisa para ter um custo cinco ou seis vezes maior. A pagar por todos
nós. Acho eu.
Revolta-me, naturalmente, ser espoliado daquilo que me pertence mas isso não me faz desejar o mal dos outros. Tenho até alguma dificuldade em perceber porque razão alguém se pode alegrar com o facto de outro ser vítima de um crime desta natureza. Ou de outra.
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também eu meu amigo...excepto aos que nos (des)governam, às famosas Público Privadas, muitas fundações, vencimentos chorudos e remunerações e pensões vitalícias ao governo de...e as corrupções/off-shores não tributáveis, etc. que são intocáveis.
Sobre as comparticipações que falas é verdade sim senhora...mas mesmo assim oxalá que nunca venham a perder.
Um abraço e vamos em frente que melhores dias virão!