domingo, 8 de julho de 2012

Estamos todos (a afundar) no mesmo barco


Está de novo ao rubro a troca de argumentos – insultos, digamos – acerca das desigualdades entre trabalhadores do privado e do público. Se antes foram os primeiros a manifestar o seu regozijo por os segundos ficarem sem dois meses de vencimento, agora são os últimos a não esconder a satisfação por, ao que tudo indica, o roubo passar a ser generalizado e não vitimizar apenas quem trabalha para o Estado.
Por mim é um peditório para o qual não dou. Revolta-me, naturalmente, ser espoliado daquilo que me pertence mas isso não me faz desejar o mal dos outros. Tenho até alguma dificuldade em perceber porque razão alguém se pode alegrar com o facto de outro ser vítima de um crime desta natureza. Ou de outra.
Parece lógico que se não me pagarem também não gasto o dinheiro que não tenho - obviamente que não me vou endividar para comprar aquilo que não posso pagar – e isso, como se afigura fácil de perceber, contribuirá para que aqueles que vendem também tenham algum tipo de dificuldade em cumprir as obrigações perante os seus empregados. Digo eu, embora com tanta gente a achar o contrário o mais provável seja o meu raciocínio carecer de fundamento ou partir de algum pressuposto errado.
Os benefícios no campo da saúde de que gozarão os funcionários públicos têm sido também um dos insultos mais utilizados. Convém esclarecer que, para receber as comparticipações pelos actos médicos, os beneficiários da ADSE têm primeiro que os pagar na íntegra. O seu reembolso demora, em regra, alguns meses o que faz com que quem não tenha dinheiro para suportar a despesa recorra, como todos os outros, ao serviço nacional de saúde e acabe por não usufruir do sistema. Embora desconte na mesma. De salientar, também, que uma consulta de especialidade numa entidade com acordo coma ADSE - Hospital da Luz ou da Misericórdia de Évora, por exemplo - custa 5 euros ao utente e 14,97 euros ao Estado. Desconfio que num hospital público é coisa para ter um custo cinco ou seis vezes maior. A pagar por todos nós. Acho eu.

1 comentário:

  1. Revolta-me, naturalmente, ser espoliado daquilo que me pertence mas isso não me faz desejar o mal dos outros. Tenho até alguma dificuldade em perceber porque razão alguém se pode alegrar com o facto de outro ser vítima de um crime desta natureza. Ou de outra.
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    também eu meu amigo...excepto aos que nos (des)governam, às famosas Público Privadas, muitas fundações, vencimentos chorudos e remunerações e pensões vitalícias ao governo de...e as corrupções/off-shores não tributáveis, etc. que são intocáveis.

    Sobre as comparticipações que falas é verdade sim senhora...mas mesmo assim oxalá que nunca venham a perder.

    Um abraço e vamos em frente que melhores dias virão!

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