terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Não aconteceu...ainda.

O medo está instalado entre os mais velhos. Nomeadamente naqueles que vivem sozinhos. Como se a crise, as baixas reformas, a solidão e as maleitas associadas ao avançar da idade não constituíssem já motivo bastante para preocupações, os acontecimentos dos últimos dias têm deixado muitos idosos à beira de um ataque de nervos. E o caso não é para menos. De repente toda a gente começou a dar conta do sumiço de um vizinho detestável, daqueles que normalmente se deseja que vão morrer longe, e vá de chamar a policia, os bombeiros ou outras pessoas com jeito para arrombar portas e janelas, no intuito de se certificarem que o velhote se encontra no recesso do seu lar. 
Não sei se já terá ou não ocorrido - mas se não ocorreu não tardará a ocorrer - uma situação em que alguém saia de casa sem dizer água vai, de resto não é obrigado a fazê-lo, com o intuito de passar uma temporada em casa dos filhos, de amigos, conhecidos ou de alguma amante e, no regresso, se depare com a porta deitada abaixo ou alguma janela estilhaçada por uma legião de vizinhos intrigados com a sua ausência. Aliás esse pode muito bem passar a ser o álibi para qualquer amigo do alheio que revolva introduzir-se numa residência. Se apanhado pela policia, pode sempre argumentar que se foi apenas inteirar se o morador - de preferência idoso - se encontrava vivo e bem de saúde. 
Nem tudo, neste campo, são más noticias. Terá sido, finalmente, encontrada uma idosa viva na sua própria casa. Aguardam-se, com expectativa, que sejam reveladas as razões para tão macabro achado.

1 comentário:

  1. Subscrevo inteiramente este teu post e bem ao estilo português passámos do 8 ao 80.

    Eu sempre estive em alerta, não foi preciso o alarme televisivo (que não vi nada), para fazer e cumprir o meu dever de cidadania perante os mais frágeis.
    SE assim não fosse, o jovem que mora no andar de cima e que andei com ele ao colo, bem que tinha morrido...sózinho e às 5 da manhã acordei com "pedido de socorro sufocante" consegui perceber de onde vinha, chamei a vizinha do lado e como rastilho todos por um e um por todos...e foi socorrido a tempo, sem as criticas que se ouviam..."metem-se em merdas e depois queixam-se" porque seja o que for: é um ser humano!

    Os pais tinham ido à terra a a mãe teve uma trombose. Lá vieram dias depois e ela sem quase poder andar, teve a força de ir ver o filho ao hospital, ficou por cá e foi agradecer a todos os vizinhos.

    Isto é solidariedade que falta a muitos!

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