Dia de eleições é, inevitavelmente, dia de boicote. Há-os para todos os gostos. Razoáveis e compreensíveis uns, parvos e despropositados outros. Principalmente quando visam protestar contra situações que afectam apenas um determinado grupo de pessoas e não a localidade no seu todo, ou quando os motivos que levam à tentativa de chamar a atenção dos centros de decisão são, digamos, idiotas e cobrem de ridículo quem os faz.
Dos boicotes de hoje, pelo menos dos conhecidos, destaco dois que não abonam em nada a inteligência - ainda menos o bom-senso - de quem os promoveu. Na localidade algarvia de Fuzeta os pescadores acharam por bem boicotar o acto eleitoral por causa da barra marítima lá do sitio que, segundo eles, não reunirá as necessárias condições de segurança. Muito provavelmente terão razão. Agora impedir o direito ao voto a outras pessoas, que na sua maioria não têm nada a ver com isso, é uma atitude de arruaceiros que num país a sério era capaz de dar direito a umas vergastadas no lombo. Para amaciar.
No âmbito do ridículo - e do parvo, também - temos o protesto de uma aldeia que reivindica a abertura da casa mortuária. Parece que na igreja faz frio, sentem-se desconfortáveis durante os velórios e, pior, falam desalmadamente durante os mesmos. O que constitui uma vergonha. É o que garante uma velhota certamente profunda conhecedora dos comportamentos a ter durante a permanência num templo. Acresce a isto que o edifício alvo da discórdia estará concluído e que apenas não abre porque a Câmara não terá ainda pago ao construtor que, assim, não entrega a obra.
Acredito que também neste caso os habitantes da aldeia em causa, desgraçadamente não fixei o nome da terra, estejam cobertos de razão. Pena, no entanto, que não protestem com a mesma veemência quando a autarquia paga - se é que o faz, evidentemente - almoços, jantares e lanches aos velhotes, os leva a passear à borla por esse país fora, organiza festarolas com os artistas do momento, contrata os amigos para fazer "coisas" e dá subsídios a associações que apenas existem para organizar almoços, jantares e lanches, levar pessoas a passear por esse país fora ou contratar amigos para fazer "coisas".
Segundo estive a ler:
ResponderEliminar- Os pescadores da Fuseta e outros(as) que se juntarem a eles não foram votar em forma de protesto e decorre o normal funcionamento das urnas que foi quem quis.
- quanto à casa mortuária (um perfeito disparate, foi em Enxabarda (Concelho do Fundão) a população encerrou as instalações do Centro Cultural, única mesa de voto, aqui sim é um boicote!
- Na Lousã foi fechada a cadeado em protesto contra a suspensão das obras do Metro Mondego - aqui também foi boicote
- Em Granho (Salvaterra de Magos) não impediram a abertura mas não irão votar num protesto por falta de mádico na extensão de saúde local
- Na Gralheira (Cinfães) não impediram a abertura mas até à bocado ninguém tinha ido votar em protesto pela inexistência de rede de telecomunicações móveis
- Pedras Salgadas até à bocado ninguém tinha ido votar pelo não cumprimento do projecto construção de um hotel no parque
deixo-te o link onde li:
http://noticias.nunoprospero.com/?m=s&id=426802
Quanto ao resto que referes no que toca aos "apoios sociais" etc. subscrevo TOTALMENTE.
Sabes o que eu te digo amigo? É triste dizer e digo-o com imensa pena, respeitando apenas os velhos(as)... mas ainda temos muitos "labregos(as)" que em nada evoluiram neste 30 anos!!!!
Sou a favor dos boicotes. Só assim, a classe política dá atenção às dificuldades das populações... Venham muitos boicotes, quanto mais, melhor!...
ResponderEliminarAbraço
Compadre Alentejano
Desculpa a minha intervenção, mas
ResponderEliminarCompadre Alentejano
Respeito totalmente a tua forma de pensar.
Também sou a favor da mobilização para não se votar (o que ocorreu na Fuseta) o que respeito como deveriam respeitar se eu entendesse que deveria votar, mas boicotar é fazer com que eu tenha que alinhar com algo que não concordo, por exemplo...por causa de uma casa mortuária quando é feito na capela local? Não terão/teremos problemas mais graves?
O não votar ou abstenção favorece quem? pois é...
Agora uma mobilização total daria frutos, mas lamentavelmente só vejo à volta dos clubes futebol!
Uma abraço
Realmente a permanente tentativa de desperdiçar recursos é uma constante do nosso povo: cada aldeia quer uma capela; ao lado um salão de festas, onde não se passa nada todo o ano senão a festa anual em homenagem da padroeira; uma casa mortuária; um centro de saúde; uma escola para meia duzia de alunos...enfim!
ResponderEliminarMas boicote a sério foi o do governo, que não permitiu que muitos cidadãos votassem, porque o cartão de cidadão não funcionou. E em vez de se demitir o ministro da tutela, demitem-se os chefes de serviço da DGAI!...