Foi o governo de
coligação PSD/CDS, com Paulo Portas em ministro da defesa – e de mais uma
quantidade de coisas – que o serviço militar obrigatório acabou. Tarde,
demasiado tarde, diga-se. Já à época não se justificava a quantidade
absolutamente parva de gente que era mobilizada. Para nada. A não ser, talvez,
justificar um imenso batalhão de empregos bem pagos e generosos em mordomias. Daí
que me pareça assombroso que sejam os mesmos protagonistas a ressuscitá-lo. Seria
de um nível de coerência fantástico até para quem se dedica à política. Que,
como se sabe, são pessoas que mantêm com ela – a coerência – uma relação praticamente
inconciliável.
Passei lá dezasseis meses
da minha vida de que não guardo saudade nenhuma. Foi um tempo absolutamente
desaproveitado, em que não fiz nada de útil nem à sociedade nem a mim próprio.
Até mesmo o argumento que mais ouço “ah e tal, fazem-se amizades e isso” não
colhe. Isto porque nunca podemos saber
as amizades que se deixaram de estabelecer pelo facto de estar na tropa e não a
fazer outra coisa qualquer. A trabalhar, por exemplo, como era o meu caso. O
que, para além de outros aspectos não menos relevantes, me fez perder o
ordenado no quase ano e meio em que fui forçado a ir brincar aos soldadinhos.
Repugna-me, por tudo isso
e muito mais, a ideia – que espero não passe disso mesmo – de regresso do serviço
militar obrigatório. Para o diabo que os carregue. Que vão para a puta que os
pariu. Se não têm dinheiro para sustentar as forças armadas, nos moldes em que
estão, então que as privatizem. Ou contratem a Prossegur. Ou o raio que os
parta. Ou façam uma gestão racional. Talvez deixar de mandar pessoas para a
reforma – reserva, como lhe chamam - aos quarenta e poucos anos não fosse má
ideia. E fechar quartéis também não.
Se a idiotice de retornar
ao SMO – muito do agrado da esquerda, convém recordar – for por diante, acabará,
muito provavelmente, por ser declarada inconstitucional. Mas se isso não
acontecer irá provocar um êxodo ainda maior dos jovens em idade de serem
chamados para a tropa. É que, hoje em dia, pouquíssimos terão paciência para
aturar aquele atraso de vida. Será mais um bom motivo para bater em retirada.
Estratégica.
Estou a saber disto por si. Ainda bem que não sou homem :) E que já passei da idade, claro. Livra ;)
ResponderEliminarTerá sido, segundo o site da TVI24, uma das propostas que constará do relatório que resultou daquela conferência em que os jornalistas não puderam entrar. Como é óbvio não vai haver "coragem" para levar à prática mas só a ideia já é o suficiente para me dar comichões...
ResponderEliminarNão posso estar mais de acordo!
ResponderEliminarExiste uma coisa chamada liberdade de escolha que ao que parece não abunda por Portugal, isto a ir para a frente é mais um atentado à liberdade individual.