sábado, 26 de janeiro de 2013

Tropa não!


Foi o governo de coligação PSD/CDS, com Paulo Portas em ministro da defesa – e de mais uma quantidade de coisas – que o serviço militar obrigatório acabou. Tarde, demasiado tarde, diga-se. Já à época não se justificava a quantidade absolutamente parva de gente que era mobilizada. Para nada. A não ser, talvez, justificar um imenso batalhão de empregos bem pagos e generosos em mordomias. Daí que me pareça assombroso que sejam os mesmos protagonistas a ressuscitá-lo. Seria de um nível de coerência fantástico até para quem se dedica à política. Que, como se sabe, são pessoas que mantêm com ela – a coerência – uma relação praticamente inconciliável.
Passei lá dezasseis meses da minha vida de que não guardo saudade nenhuma. Foi um tempo absolutamente desaproveitado, em que não fiz nada de útil nem à sociedade nem a mim próprio. Até mesmo o argumento que mais ouço “ah e tal, fazem-se amizades e isso” não colhe.  Isto porque nunca podemos saber as amizades que se deixaram de estabelecer pelo facto de estar na tropa e não a fazer outra coisa qualquer. A trabalhar, por exemplo, como era o meu caso. O que, para além de outros aspectos não menos relevantes, me fez perder o ordenado no quase ano e meio em que fui forçado a ir brincar aos soldadinhos.
Repugna-me, por tudo isso e muito mais, a ideia – que espero não passe disso mesmo – de regresso do serviço militar obrigatório. Para o diabo que os carregue. Que vão para a puta que os pariu. Se não têm dinheiro para sustentar as forças armadas, nos moldes em que estão, então que as privatizem. Ou contratem a Prossegur. Ou o raio que os parta. Ou façam uma gestão racional. Talvez deixar de mandar pessoas para a reforma – reserva, como lhe chamam - aos quarenta e poucos anos não fosse má ideia. E fechar quartéis também não.
Se a idiotice de retornar ao SMO – muito do agrado da esquerda, convém recordar – for por diante, acabará, muito provavelmente, por ser declarada inconstitucional. Mas se isso não acontecer irá provocar um êxodo ainda maior dos jovens em idade de serem chamados para a tropa. É que, hoje em dia, pouquíssimos terão paciência para aturar aquele atraso de vida. Será mais um bom motivo para bater em retirada. Estratégica. 

3 comentários:

  1. Estou a saber disto por si. Ainda bem que não sou homem :) E que já passei da idade, claro. Livra ;)

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  2. Terá sido, segundo o site da TVI24, uma das propostas que constará do relatório que resultou daquela conferência em que os jornalistas não puderam entrar. Como é óbvio não vai haver "coragem" para levar à prática mas só a ideia já é o suficiente para me dar comichões...

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  3. Não posso estar mais de acordo!
    Existe uma coisa chamada liberdade de escolha que ao que parece não abunda por Portugal, isto a ir para a frente é mais um atentado à liberdade individual.

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