A
emissão da manhã da rádio Antena Um tem estado a ser dedicada à
pobreza, ao empobrecimento e, de uma forma geral, a dar voz a
situações de algum dramatismo que envolvem as novas condições de
vida dos portugueses. Foram muitos os relatos de quem perdeu quase
tudo – a casa, o emprego e a qualidade de vida anteriormente
desfrutada – e que agora é colocado perante alternativas com que,
de forma alguma, esperava vir a deparar-se. Ou, pior ainda, a falta
delas.
Verdade
que cada situação será sempre diferente e que cada individuo lá
“sabe as linhas com que se cose”. Há no entanto alguns relatos
que me deixam de pé atrás. É o caso descrito por um desempregado,
alegadamente a receber mil e cem euros de subsidio de desemprego, com
dois filhos que também não trabalham – provavelmente estudam –
recebendo a esposa seiscentos e cinquenta euros provenientes de um
emprego num call-center. Cerca de mil e oitocentos euros seriam,
segundo o próprio, o rendimento total da família. Um valor que,
acrescentava, insignificante e que em breve o faria regressar para
casa da mãe pois, garantia, estaria a passar fome. Finalizou a sua
história afiançando que com aquele montante era impossível dar de
comer a quatro pessoas e que o seu desespero ainda era capaz de o
levar a alguma loucura.
Nada
na actual situação me surpreende. Não sou bruxo, adivinho, nem
tenho qualquer tipo de poderes que me permitam antecipar o futuro.
Contudo, nada do que se está a passar era difícil de prever.
Estava, aliás, mesmo a ver-se que era no que ia dar. Como quem tiver
a paciência de ler o que aqui escrevo desde 2005 poderá atestar. O
que ainda me vai aborrecendo são historietas como a que acima
referi. O homem viverá, não duvido, uma situação lixada e que
poucos invejarão. No entanto, convenhamos, mil e oitocentos euros é
um montante de que muitíssimos portugueses, ainda que empregados, não dispõem mensalmente
para viver. E não passam fome, pagam a renda ou a prestação da
casa, os estudos dos filhos e alguns, pasme-se, até vão de férias.
Se calhar, mas isto cada um sabe de si, o senhor terá sido dos que
andou a viver com as possibilidades que tinha e que agora insiste em
viver da mesma maneira com as possibilidades que não tem. Isso é lá
com ele. Não precisa é de vir chatear com o seu “problema”.
Isso é fazer pouco dos pobres. Parece a ex-mulher do ex-jogador do Sporting Beto ou a Luciana Abreu a dizerem para a televisão, dentro das suas luxuosas casas com piscina e tudo, que não são ricas.
ResponderEliminarCom 1800 euros mensais a passar fome? Se passa fome só pode ser porque quer.
Se Cavaco disse que não ganha para as despesas, este também poderá dizer o mesmo, tudo depende que despesas serão.
ResponderEliminarEu não ganho nem metade e toda a minha vida tive de fazer prioridades num exercício dantesco e ainda hoje faço, mas é tão triste ver famílias destruídas, o retorno à casa dos pais e a ida para fora do país!
Mas um dia, mais cedo do que eles julgam, só quero é saber onde irão buscar dinheiro para os seus ordenados, mordomias e campanhas eleitorais....