segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Endividar para reinar

A ser aprovado tal como foi proposto, o orçamento de Estado para o próximo ano vai colocar em excesso de endividamento - logo sujeitas a umas quantas penalizações nada meigas – um número significativo de municípios. Entre eles alguns que, face à legislação ainda vigente, tem sido geridos de forma relativamente prudente e com os seus dirigentes a revelarem, em matéria financeira, um bom senso pouco habitual entre os autarcas.
Queixam-se os representantes autárquicos, no que são secundados por alguma imprensa, que as regras estão a ser mudadas a meio do jogo. Como se isso não fosse rotineiro de alguns anos a esta parte em relação a quase todos os sectores da sociedade. Mas, no caso das autarquias, nem será esse o caso. As novas regras entram, a merecer aprovação, em vigor no primeiro dia do novo ano e, por consequência, aplicam-se a um exercício que então se inicia. Ano novo, exercício novo, regras novas. Nada de mais, portanto.
O desequilíbrio financeiro das autarquias portuguesas devia constituir um caso de estudo. Deve-se, na maioria das circunstâncias, a investimentos inúteis, desnecessários ou que replicam outros investimentos igualmente inúteis e desnecessários já existentes na autarquia vizinha. Mas não só. A atribuição de subsídios a colectividades fantasma - no sentido em que são mais negócios familiares e grupos de amigos do que associações culturais ou desportivas – bem como uma pretensa agenda cultural que pretendem promover nos seus concelhos, tem igualmente contribuído para este estado de calamidade a que urgia colocar ponto final. Coisas que, no dizer do Presidente da ANMP, ficam comprometidas. Oxalá fale a sério.

3 comentários:

  1. Tal e qual...e subscrevo na integra o que dizes!

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  2. Mas lembra-te (e não estou a defender estes bandalhos) que há muita Madeira por aí escondida!!

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  3. E deveria fazer-se um estudo sobre quem e quando levou muitas autarquias à falência.
    Mas o que aí vem é pior.
    Muitas delas ficam falidas administrativamente.
    E isso tem implicações muito complicadas...
    Ou melhor o poder local que se tornou democrático no pós 25 de Abril foi a pouco e pouco desvirtuado.
    Estamos à beira de que o poder local se torne como antes do 25 de Abril e as eleições serem uma fachada...
    Desculpem mas com esse poder local seremos todos nós a pagar a factura... que vai ser pesada!

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