segunda-feira, 29 de novembro de 2010

As aventesmas do costume

O rigor informativo não é propriamente o forte da maioria dos nossos orgãos de comunicação social. Durante o fim de semana a maioria deles colocou particular ênfase no facto de o primeiro prémio do euromilhões ter saído a um grupo de apostadores madeirenses, entre os quais se incluirão algumas pessoas carenciadas. Ao que foi revelado, o custo semanal da aposta seria de dezoito euro por apostador. O que, a ser verdade, representará um encargo mensal de setenta e dois euros. Convenhamos que para carenciado é uma quantia considerável. 
Fico satisfeito por mais alguns portugueses se verem livres das leis sócretinas. Embora, como é natural, ficasse muitíssimo mais se o libertado fosse eu e todos os restantes vinte e oito sócios que comigo partilham a esperança de um dia nos tocar em sorte algo do género. Todavia acho completamente descabida essa necessidade informativa, talvez para romancear a coisa, de salientar a pretensa carência económica dos felizes contemplados. 
Pior só facto de agora haver já quem sugira que a vencedora é a dona da tabacaria. A senhora, como promotora da sociedade em causa apesar de não a integrar, é quem está na posse dos originais dos boletins. Pelo que, perante a Santa Casa da Misericórdia, é a legitima vencedora. Houve mesmo orgãos de informação que solicitaram a opinião de juristas e especialistas diversos acerca da matéria. Repugnante, quanto a mim, suscitar dúvidas quanto à titularidade do prémio. Quererão, provavelmente, os mentores destas questões provocar guerras e desavenças onde não há qualquer motivo para isso. Espero que toda a gente saiba manter a cabeça no lugar e aplicar o dinheiro que a sorte lhes atribuiu com ponderação e bom-senso. De preferência longe de jornalistas que apenas pretendem fabricar noticias. Alegadamente, claro.

1 comentário:

  1. Já tinha lido a notícia e "os brilhantes comentários à mesma" que são de bradar aos céus e fiquei a pensar "na parvoeira" de tudo isto.

    Subscrevo inteiramente o que dizes e tanta publicidade peniciosa ainda pode dar em tragédia. Oxalá que não!

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