terça-feira, 9 de novembro de 2010

Os garganeiros


Intriga-me a absoluta necessidade de qualquer evento ou acontecimento da mais variada natureza, realize-se a norte ou a sul, terminar invariavelmente num repasto. Por vezes chega a dar a ideia que a realização de uma manifestação artística, recreativa, desportiva, cultural ou até mesmo de tipo indiferenciado ou difícil de enquadrar num conceito lógico e conhecido de manifestação, serve apenas de pretexto para, como diria o outro, encher a mula. 
Obviamente que comer, beber ou petiscar parecem-me actividades nada condenáveis. Antes pelo contrário. Desde que cada um pague aquilo que come, bebe ou petisca. Ou, se for à borla, que as despesas corram por conta da casa ou de algum patrocinador mais generoso. Mas, infelizmente, não é isso que acontece quando, no final dos eventos a que aludi, os participantes se transformam em comensais. São quase sempre as entidades públicas, com as autarquias à cabeça, que arcam com o pagamento das despesas e, como recentemente foi objecto de noticia na comunicação social, estão em causa montantes que, no todo nacional, assumem proporções verdadeiramente escandalosas. 
Numa altura em que os gastos públicos começam a ser esquadrinhados até ao mais ínfimo dos pormenores, são cada vez mais os que questionam a realização de despesas que não contribuem em nada para a melhoria de vida  da generalidade dos cidadãos e que, antes pelo contrário, apenas servem os interesses de um reduzido número de habituais garganeiros. É por isso tempo de os decisores, para além de fazer contas e pensar que há coisas mais úteis onde gastar o dinheiro de todos, comecem a perceber que talvez já não seja pela barriga que se ganham eleitores. A menos que seja a barriga dos que têm fome. Mas essa é outra história que hoje não vem ao post.

1 comentário:

  1. Essa marmelada há muito que devia ter acabado e mais dia menos dia acabará de vez porque santos da casa não fazem milagres mas deixa-os vir de fora, como em 83 e 86 e verás o resultado. Nós já sentimos na pele e essa escumalha a gozar o prato em jantares e almoços opulentos.

    Tens razão!

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